Mesmo com área menor no RS, safra de arroz pode ser maior em sete anos
(Por Planeta Arroz, com Cepea) O mercado do arroz parece ter encontrado o seu ponto de equilíbrio com m´dias de preços, no Rio Grande do Sul, na faixa de R$ 99,00. Se o valor está aquém do desejado pelos agricultores, está bem acima do que chegou a ser cogitado para a safra, algo em torno de R$ 90,00 a R$ 92,00. Colabora para isso a expansão de área no Brasil e no mundo, enquanto em algumas regiões há dificuldade de ofertar arroz de melhor qualidade ao mercado internacional.
Relatório divulgado nesta segunda-feira pelo Cepea/Irga, indica que o recorde de preços no mercado interno de arroz em 2024 deve refletir em rentabilidade positiva com a cultura ao longo de 2025, além de resultar em crescimento de área no Brasil. O maior excedente doméstico deve reduzir a necessidade de importação, bem como favorecer as exportações. Em nível mundial, as condições das lavouras são consideradas boas em praticamente todos os principais países produtores (exceto nas Filipinas), o que deve contribuir para uma produção recorde na temporada 2024/25.
Custos de produção
Segundo dados da equipe de custos agrícolas do Cepea, a relação entre receita e custo operacional de produção de arroz no Rio Grande do Sul melhorou comparando-se a média de setembro a novembro de 2024 com a de setembro a novembro de 2023, o que justifica o crescimento da área dedicada à cultura. Em Uruguaiana/RS, enquanto o custo operacional aumentou 2,2% no período, para cerca de R$ 11.000,00/ha, o preço médio nominal subiu 10%. Assim, foram necessárias cerca de 98,3 sacas de 50 kg por hectare para cobrir o custo, volume 7,2% menor que em 2023. O retorno sobre o custo operacional foi de 80% (com produtividade média de 174,7 sacas de 50 kg), 19% superior ao registrado de set-nov/23.
Situação semelhante foi verificada em Camaquã/RS, onde o custo operacional calculado para o intervalo de set-nov/24 subiu 3,6% sobre o de set-nov/23 e o preço médio, 10,2%. Assim, para cobrir o custo, foram necessárias 88,2 sacas de 50 kg, 6,2% a menos que em 2023. Com produtividade média de 171,9 sacas de 50 kg, o retorno sobre o custo operacional foi de 95%, 14,2% acima do registrado entre set-nov/23.
Oferta e demanda nacionais
A Conab estima expansão da área cultivada em 2024/25 nos sistemas de sequeiro e irrigado. A área de irrigado deve crescer 8,5%, para 1,39 milhão de hectares, e a de sequeiro, expressivos 15,3%, atingindo 374,4 mil hectares. No total, a área prevista nesta temporada é de 1,77 milhão de hectares, 9,8% a mais que na anterior. Estes números poderão sofrer ajustes de acordo com os números divulgados pelo Irga para o Rio Grande do Sul.
Também é esperado crescimento na produtividade média nacional, de 3,7%. Com isso, a produção brasileira pode chegar a 12,06 milhões de toneladas, 13,9% superior à da safra 2023/24 e a maior desde a temporada 2017/18. Porém, ao se considerar os estoques iniciais e as importações (1,4 milhão de toneladas), a disponibilidade interna pode ser a mais alta em 13 anos, para cerca de 15,5 milhões de toneladas.
Deste total, 11 milhões devem ser consumidos internamente e 2 milhões, exportados. Assim, os estoques de passagem podem ser equivalentes a 22,4% do consumo doméstico, sendo a maior relação em três anos, o que pode pressionar parcialmente as cotações.
Oferta e demanda mundiais – Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que, na safra 2024/25, a produção global de arroz beneficiado deve totalizar 533,68 milhões de toneladas, aumento de 2,1% frente à da temporada anterior e um recorde. Dos 16 maiores produtores mundiais, a oferta deve crescer em dez deles, gerando 12,1 milhões de toneladas a mais que em 2023/24, dos quais 7,2 milhões devem vir apenas da Índia. Nos seis países com redução de oferta, a queda deve ser de 1,1 milhão de toneladas.
O consumo global está estimado em 530,32 milhões de toneladas de arroz beneficiado na safra 2024/25, segundo o USDA, 1,2% superior ao da anterior. A demanda deve crescer em 12 dos 16 maiores consumidores mundiais. Como a produção ficará acima do consumo pelo segundo ano consecutivo, a relação estoque final/consumo deve ter ligeiro aumento.
Em termos de transações internacionais, dados do USDA apontam que são esperadas exportações/importações de 58,5 milhões de toneladas na safra 2024/25, volume praticamente igual ao da temporada 2023/24.