Chuvas atrasam colheita no RS, mas produtividade se mantém alta

 Chuvas atrasam colheita no RS, mas produtividade se mantém alta

Colheita gaúcha entrou na reta final

(Por Planeta Arroz) Apesar de uma safra considerada satisfatória em termos de produtividade, os produtores de arroz do Rio Grande do Sul enfrentam desafios com o clima e a desvalorização do grão no mercado.

A colheita do arroz no Rio Grande do Sul, principal estado produtor do grão no país, foi significativamente prejudicada pelas intensas chuvas registradas no início de abril. Somente após o dia 10/04 (quinta-feira), os trabalhos puderam ser retomados em diversas regiões, e atualmente a colheita já atinge aproximadamente 70% da área total plantada no estado.

Segundo dados da Emater/RS-Ascar, a produtividade da safra é considerada satisfatória, mesmo com os contratempos climáticos. No entanto, a principal preocupação dos produtores se volta para a acentuada queda nos preços do arroz, que afeta diretamente a rentabilidade da safra.

Colheita avança nas principais regiões produtoras

Na região administrativa de Bagé, as colheitadeiras voltaram a operar após uma sequência de dias chuvosos. Não foram registrados grandes prejuízos, exceto em áreas pontuais com acamamento de plantas. A Fronteira Oeste apresenta os trabalhos mais avançados: Maçambará e Rosário do Sul já colheram 95% da área, enquanto São Borja chegou a 92%. Uruguaiana colheu mais de 65% dos 76.500 hectares cultivados, mas alguns produtores relataram perda de qualidade devido à alta taxa de grãos quebrados, especialmente antes da interrupção causada pelas chuvas.

Em Quaraí, a colheita chegou a 80% dos 11.336 hectares cultivados. Apesar de uma leve redução na produtividade em comparação às áreas colhidas em março, os rendimentos ainda superam 9.000 kg/ha. Em Dom Pedrito, na região da Campanha, a colheita atinge 75% dos 38 mil hectares plantados.

Na região de Pelotas, foram implantados 176.655 hectares na safra 2024/2025, com destaque para Santa Vitória do Palmar, onde estão 69.080 hectares. A colheita esteve paralisada por conta das chuvas intensas, mas em Piratini e Cerrito a colheita já foi finalizada, e São Lourenço do Sul e Pedras Altas atingiram 95% de área colhida. A produtividade na região varia entre 8.000 e 10.250 kg/ha.

Em Santa Maria, a colheita já chegou a 65% dos 118.884 hectares cultivados. No município de Cachoeira do Sul, o maior produtor regional com 23.640 hectares, a colheita está em 70%. Apesar de bons resultados em algumas áreas, como Restinga Sêca, houve queda de rendimento em Cacequi (15%) e São Pedro do Sul (10%).

Na região de Soledade, a chuva também interrompeu temporariamente a colheita, que foi retomada em 10/04 e já atinge 65% da área. A produtividade nas lavouras é considerada ótima, com grãos de boa qualidade. Restam 15% das áreas em enchimento de grãos e 20% em maturação.

Preços em queda preocupam produtores

A valorização do grão no mercado não acompanha a boa produtividade nas lavouras. Segundo o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar, o preço médio pago ao produtor pela saca de 50 kg, em casca, foi de R$ 76,08, uma redução de 0,58% em relação à semana anterior (R$ 76,52). Quando comparado ao mês anterior, a queda é de 8,51%, e em relação ao mesmo período do ano passado, a retração chega a 23,70%.

Na região de Santa Rosa, o cenário é ainda mais desafiador: o arroz não tem cotação definida no mercado regional, e as negociações ocorrem principalmente por meio de trocas por insumos ou para pagamento de contas com as unidades recebedoras.

Diante da perspectiva de preços baixos e custos elevados de produção, muitos produtores estão optando por adiar a venda do arroz, na esperança de uma reação no mercado que permita maior rentabilidade.

Apesar dos entraves, a safra 2024/2025 do arroz gaúcho mostra-se produtiva, reafirmando a importância do estado no abastecimento nacional. No entanto, sem a valorização adequada do produto, a sustentabilidade econômica da atividade segue ameaçada.

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