Possível queda acentuada na área plantada é alvo de alerta na Argentina
Challio: risco de uma contração histórica na área semeada em Entre Ríos.
(Por Planeta Arroz, com agências) O setor arrozeiro argentino entrou em estado de alerta para uma possível queda acentuada na área plantada para a temporada de cultivo 2025/26. Na Província de Entre Ríos, a segunda maior produtora do país, apenas atrás de Corrientes, há uma perspectiva incerta. Luciano Challio, vice-diretor do Distrito III da Federação Agrária Argentina e produtor local, alertou que os custos de produção superam a receita atual. “O custo de produção de arroz é equivalente a 9.000 quilos por hectare e, com os números atuais, estamos trabalhando no prejuízo”, disse ele.
A estimativa é de que, sem uma mudança de cenário, há possibilidade da área cair 15% e o número de produtores sofrer uma retração de 17%. Em 2024/25, Entre Ríos semeou 73 mil hectares de arroz, correspondendo a 31% dos 232,5 mil hectares da Argentina. A projeção, portanto, é de que a província reduzirá a área para preto de 62 mil hectares.
Challio alertou que, apesar da boa produtividade, o excesso de oferta gerado pelos 8.000 hectares adicionais plantados nesta temporada causou uma queda acentuada nos preços. Soma-se a isso um mercado interno saturado e uma crescente concorrência externa, com Brasil, Uruguai e Paraguai alcançando produções bem-sucedidas, e a Índia emergindo como exportadora com superávit e estimativa de abastecer quase 40% do mercado global.
Outro fator crítico é o custo da energia. “Temos 160 poços para irrigação, e o custo fixo durante os nove meses em que não estão em uso é muito maior do que em Corrientes, embora a distribuidora seja a mesma. Em Corrientes, província responsável por 50% da safra argentina, pagam uma taxa de manutenção muito baixa; essa diferença tem um impacto significativo no custo final para o entrerriano”, explicou o produtor.
O líder também destacou a necessidade de integrar produtores primários nas missões de comércio exterior da província. “Queremos participar para acessar novos mercados e exportar nossa produção”, disse ele após uma reunião entre a filial de San Salvador e representantes do departamento de Comércio Exterior.
Sobre o futuro, Challio admitiu que muitos pequenos e médios produtores, que não possuem terras, estão explorando alternativas com os proprietários. “Se o clima econômico atual continuar, a área plantada será reduzida novamente. Com esses números, é muito difícil lançar uma nova campanha. Se tivermos algum apoio, talvez reduzamos a área plantada, esperemos que os preços subam ou sigamos outro caminho”, refletiu.
A combinação de aumento de custos, queda de preços e redução de competitividade deixa o arroz de Entre Ríos à beira de uma contração histórica, com consequências diretas para a economia regional e os empregos que dependem dessa cadeia produtiva.