Investimento futuro
Brasil deposita três mil amostras de sementes no “cofre do fim do mundo”
A Embrapa Arroz e Feijão realizou, em 25 de fevereiro, um marco histórico para a conservação da biodiversidade agrícola brasileira e a segurança alimentar global. Foram depositadas 3.003 amostras de sementes no Svalbard Global Seed Vault, na Noruega, conhecido como o “cofre do fim do mundo”. A iniciativa incluiu 1.351 amostras de arroz, 1.350 de feijão, 229 de milho, 13 de pinus e 59 sementes crioulas de diversos grãos e plantas da comunidade de Ibarama, no Rio Grande do Sul.
Segundo o chefe-geral da Embrapa Arroz e Feijão, Élcio Guimarães, o ato representou a preservação, em caráter perpétuo, de parte significativa da diversidade genética brasileira. “Esses recursos genéticos agora estão protegidos para sempre, assegurando que as futuras gerações tenham acesso à base da nossa biodiversidade agrícola”, afirmou.
Também destacou seu envolvimento no processo. “Tive o privilégio de carregar pessoalmente as caixas que agora garantirão que esses recursos genéticos sejam preservados em perpetuidade, protegendo a base da biodiversidade agrícola brasileira às futuras gerações”, declarou.
O Svalbard Global Seed Vault foi idealizado em 2004 por iniciativa do governo da Noruega, no contexto do Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e a Agricultura. Sua construção teve início em 2006, e o depósito foi inaugurado oficialmente em 26 de fevereiro de 2008, como resultado de uma parceria entre o governo norueguês, o Crop Trust e o Banco Nórdico de Genes (NordGen).
A estrutura fica em montanha na ilha de Spitsbergen, no arquipélago de Svalbard, 130 metros acima do nível do mar. O local foi projetado para resistir a desastres naturais e ações humanas extremas, como terremotos, bombardeios e o eventual derretimento do permafrost. Mantido a uma temperatura constante de -18°C, o cofre pode armazenar até 4,5 milhões de sementes.
Uma das características do Seed Vault é o princípio de soberania sobre os recursos genéticos. “Cada país mantém controle sobre as sementes que deposita. Nenhuma nação pode acessá-las sem autorização expressa” diz Guimarães.
O evento simbolizou não apenas a contribuição do Brasil, mas o compromisso contínuo com a segurança alimentar mundial. “O Brasil, com imensa riqueza genética, reafirmou seu papel de guardião da biodiversidade agrícola. Este é um legado que atravessará gerações”, concluiu.
QUESTÃO BÁSICA
A cerimônia de depósito contou com representantes de diversos países e instituições e o Centro Agronômico Tropical de Pesquisa e Ensino (Catie). As amostras brasileiras foram recebidas por Hanne-Berit Brekken, secretária de Estado para Alimentação e Agricultura da Noruega; Stefan Schmitz, diretor executivo do Crop Trust; e Åsmund Asdal, representante do NordGen.