Leilões de arroz terminam com venda de 99% da oferta: o que isso representa

 Leilões de arroz terminam com venda de 99% da oferta: o que isso representa

Foto: Paulo Lanzetta/Embrapa

(Por Gisele Loeblein, GZH) Depois de um primeiro dia de baixa procura, a segunda rodada de leilões de arroz da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) praticamente zerou o volume de compras disponibilizado. Foram negociadas 109,2 mil toneladas das 110 mil toneladas possíveis para os contratos de opção de venda.

Dos 4.044 contratos firmados nos dois dias de leilões, 2.954 foram para o Rio Grande do Sul, e 1.090 para Santa Catarina. Presidente da Conab, Edegar Pretto avalia que houve uma compreensão da importância da operação, com duplo objetivo: buscar o equilíbrio de preços ao produtor e voltar a formar estoques públicos do cereal.

Com a alta procura evidenciando a preocupação do produtor em garantir preços melhores, a coluna questionou o dirigente se existe a possibilidade de que sejam realizadas novas rodadas de leilões para escoar a safra já colhida. Pretto respondeu que “sempre é possível”, mas lembrou que a decisão passa pela questão orçamentária.

— Agora estamos fazendo as medidas da próxima safra. Está chegando o momento de tornar atrativo para o produtor (o cultivo) — diz o dirigente em relação ao planejamento feito para novas compras da safra 2025/2026, que começa a ser plantada no próximo mês.

A Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS), que havia recomendado a adesão ao mecanismo, avalia que os contratos de opção de venda vieram como uma alternativa no momento em que o excesso de oferta tem achatado os preços ao produtor.

— Hoje, o preço do leilão está acima do de mercado. Tenho dito que é um galho para se segurar, mas não muito forte. É um paliativo. Agora, é trabalhar para organizar a próxima safra e as exportações, porque a colheita americana está próxima — disse Denis Dias Nunes, presidente da Federarroz.

É uma observação em relação à janela de oportunidade que o arroz brasileiro tem no mercado externo, antes da entrada da produção do Estados Unidos. As exportações são apontadas como igualmente importantes para ajustar a oferta em um ano em que as colheitas também foram fartas em países do Mercosul e grandes produtores mundo afora.

A queda acentuada nas cotações ao produtor, 40,77% na comparação de julho deste ano com igual mês de 2024, é vista com preocupação à medida que se converte em desestímulo ao agricultor.

O primeiro levantamento da intenção de plantio da safra 2025/2026 de arroz será apresentado pelo Instituo Rio Grandense de Arroz (Irga) durante a programação da Expointer. A Federarroz-RS tem recomendado que os produtores reduzam a área plantada. O objetivo é evitar uma superoferta, já que o estoques de passagem (volume que “sobra” entre uma safra e outra) deve ser um dos maiores dos últimos anos.

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