Arroz no RS: preços em queda ampliam prejuízos e pressionam produtores
Semeadura do arroz avança na Região Central gaúcha. Foto: Ricardo Tatsch/Irga
(Por Cleiton Evandro dos Santos, AgroDados/Planeta Arroz) O mercado de arroz em casca do Rio Grande do Sul ampliou a sua já forte retração nas últimas semanas de novembro: cotações em queda generalizada deixaram produtores de Uruguaiana e Camaquã com margens negativas por meses seguidos, utilizando exemplo de custos levantados pelo Cepea/Esalq. Custos elevados, dificuldade no repasse ao beneficiamento e menor liquidez no mercado spot explicam por que os preços seguem abaixo do ponto de equilíbrio, reduzindo a capacidade financeira das propriedades e elevando o risco de ajustes de área na próxima safra.
Apesar de volumes pontuais destinados à exportação e demanda por lotes de maior rendimento, os preços no campo continuaram a cair. O Cepea indicou quee m Uruguaiana, o custo total por hectare foi estimado em R$ 16.346,15 (custo operacional R$ 12.863,36) com produtividade média de 175,40 sacas/ha; em Camaquã, o custo total foi de R$ 14.956,67 (operacional R$ 11.552,19) com produtividade média de 170,20 sc/ha.
Considerando os preços médios parciais de novembro até 21/11/25, as receitas por hectare ficaram muito abaixo desses custos: os preços médios foram R$ 54,85/sc em Uruguaiana e R$ 58,40/sc em Camaquã, níveis respectivamente R$ 38,34/sc e R$ ,48/sc inferiores aos custos totais calculados em outubro. Isso configura o 10.º mês consecutivo de margem negativa em Uruguaiana e o 9.º em Camaquã.
Pontos de equilíbrio
O preço de equilíbrio para cobrir o custo operacional foi estimado em R$ 66,71/sc em Uruguaiana e R$ 61,73/sc em Camaquã; para cobrir o custo total, os pontos sobem para R$ 93,19/sc e R$ 87,88/sc, respectivamente. A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), por exemplo, utiliza como referência de custo médio, R$ 90,00 a saca de arroz, o que não está distante dos valores apurados pelo Cepea.
Para referência internacional, usando a taxa US$ 1 = R$ 5,35, os preços médios parciais de novembro equivalem aproximadamente a US$ 10,25/sc (Uruguaiana) e US$ 10,92/sc (Camaquã), enquanto os pontos de equilíbrio total superam US$ 16 por saca.
O Indicador CEPEA/IRGA‑RS (58% grãos inteiros, pagamento à vista) fechou a R$ 53,79/sc em 21/11, com média semanal de R$ 54,40/sc — a maior baixa desde setembro/25.
Entre 14 e 21/11, as quedas foram generalizadas: Depressão Central R$ 50,38 (−0,68%); Campanha R$ 51,85 (−1,69%); Zona Sul R$ 56,82 (−2,79%); Fronteira Oeste R$ 53,08 (−3,99%); Planície Costeira Interna R$ 55,79 (−5,51%). Todas as faixas de rendimento acompanhadas pelo Cepea também recuaram no período. A liquidez reduzida no mercado spot — influenciada também pelo feriado da Consciência Negra — e a incapacidade estrutural de repasse de valor do arroz beneficiado ao produtor foram fatores que limitaram a sustentação das cotações.
A persistência de margens negativas revela estresse financeiro significativo para muitos produtores. No curto prazo, reduz a capacidade de investimento e pode levar ao adiamento de despesas essenciais (insumos, manutenção, melhorias no beneficiamento). No médio prazo, a continuidade do quadro tende a provocar redução de área plantada e seleção de produtores, mantendo no setor aqueles com custos mais baixos ou melhores canais de comercialização — cenário que pode elevar a concentração e o risco sistêmico na cadeia. A recuperação sustentada dos preços depende de maior eficiência no repasse entre beneficiadoras e produtores, de aumento relevante da demanda externa ou de medidas públicas que aliviem o choque; sem essas mudanças, sinais pontuais dificilmente reverterão o cenário.
PREÇOS ATUAIS
Segundo o Cepea, diante das expressivas quedas nas cotações do arroz em casca no Rio Grande do Sul, agentes consultados seguiram distantes do mercado nesta quinta-feira, 27. Do lado da demanda, alguns compradores optaram por adiar as aquisições, principalmente por estarem suficientemente abastecidos.
Produtores apresentaram comportamentos distintos: uma parcela esteve mais ativa no spot, enquanto outros ainda aguardam uma maior valorização do cereal. Diante disso, o Indicador CEPEA/IRGA-RS (58% de grãos inteiros e pagamento à vista) cedeu 0,72% em relação a quinta-feira, encerrando a R$ 53,30/sc de 50 quilos.





3 Comentários
E só vai piorar! O pessoal plantou demais de novo… Daqui uns dias tem colheita no Paraguay… O arroz de lá tá chegando aqui a R$ 43… O dólar não reage… A indústria está lucrando como nunca… 1 kg de arroz de marca top tá sendo vendido a R$ 9 aqui nas prateleiras do Sul… As exportações não são interessantes… Criou-se, novamente, a tempestade perfeita para os produtores… E não foi por falta de avisos! Mas não adianta… O produtor segue sendo um mero expectador na cada! Falta profissionalização… Agora que está sobrando arroz pq a Conab não entra no mercado??? A resposta é óbvia o negócio ficou desinteressante para eles… Como está eles só terão prejuízos… Governos populistas querem comida barata para o povão! Esqueçam o negócio do arroz e vão arrumar outra coisa para fazer… O agro é facista para eles… Quando tiver uma guerra, outra pandemia, secas e enchentes não sejam bobos quando eles, junto com a industria, correrem atrás de vocês para plantar arroz!!! Laranja, pecuária, soja, mirtilo, morango são mais atrativos… O que não dá é plantar e gastar $ 90 por saco e acreditar que a industria vai ter pena de nós e pagar esse valor! Eles inundaram o país de arroz (dumping escancarado) para cair os preços lá em baixo!!!
cada = cadeia…
Engraçado q tiraram imposto de importação na época, e importaram sem necessidade, se e verdade q diminuíram só dez por cento de área, acredito q seja mais, pq aqui reduzimos na nossa região 65% da área, maioria tem soja na várzea.