Passou dos limites
Brasil tem maior safra em oito anos e produz 12,3 milhões de toneladas
A colheita de arroz no Brasil alcançou 12,32 milhões de toneladas na safra 2024/25, segundo dados do 10º Levantamento da Safra de Grãos da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). O volume representa um crescimento de 16,5% em relação à safra anterior e é o maior registrado nos últimos oito anos. Ainda assim, houve quase um empate técnico, com diferença de apenas cerca de cinco mil toneladas.
O bom resultado é atribuído à combinação de condições climáticas favoráveis, ao uso intensivo de tecnologia no campo e ao aumento da área plantada, que chegou a 1,74 milhão de hectares — um crescimento de 8,8%. A produtividade média também apresentou avanço significativo, subindo para 7.052 quilos por hectare — um aumento de 7,1%.
Os bons preços praticados no momento da decisão sobre a área a ser semeada na temporada 2024/25 — entre julho e agosto de 2024, na faixa de R$ 115,00 a R$ 118,00 por saca de 50 quilos em casca no RS — foram fundamentais para o crescimento da superfície ocupada com arroz. Além disso, os incentivos do governo, por meio de projeto específico para a produção do cereal em outras regiões brasileiras, também colaboraram para esse resultado.
Destaques da produção por estado
Rio Grande do Sul
Principal produtor do país, o Rio Grande do Sul concluiu a colheita com resultados expressivos. Os produtores realizam as últimas ações de pré-plantio para dar início à semeadura da nova safra. Segundo a Conab, o estado aumentou em 5,7% a área cultivada, que passou a totalizar 951,9 mil hectares; elevou em 9,6% a produtividade, atingindo 8.715 quilos por hectare (765 quilos a mais que na safra anterior); e deverá alcançar 8.295,8 mil toneladas de arroz limpo e seco — desempenho que representa um crescimento de 15,9% em relação à safra 2023/24.
Santa Catarina
Combinando clima estável durante o ciclo, uso de cultivares de alto rendimento e investimentos em tecnologia, Santa Catarina teve uma das maiores safras da história. Com 100% da área semeada em sistema pré-germinado, o segundo maior produtor de arroz do Brasil alcançou uma produção de 1,275 milhão de toneladas — 12% a mais que na temporada passada — semeando 150 mil hectares (+2,7%) e atingindo uma produtividade média de 8.500 quilos por hectare (+9%).
Tocantins
No Tocantins, a regularidade das chuvas favoreceu as práticas de manejo e contribuiu para o bom desempenho da lavoura. O arroz foi cultivado em áreas irrigadas por gravidade, em sistema de rotação com soja, e apresentou resultados positivos na segunda safra. Na soma das áreas de sequeiro e irrigada, foram semeados 133,1 mil hectares (+1,8%) e obtida uma produtividade de 6.160 quilos por hectare (+7,3%). Dessa forma, a produção total atingiu expressivos 822,3 mil toneladas (+9,3%).
Mato Grosso
A colheita do arroz de primeira e segunda safras foi encerrada com bons rendimentos e expansão da área plantada em regiões de fronteira agrícola. Apesar das chuvas em abril, o grão manteve-se dentro dos padrões comerciais. Com quase 90% da colheita em terras altas e o restante em pivô central, o estado elevou em 53% a área semeada, para 146,7 mil hectares. Com clima favorável e evolução das tecnologias aplicadas, a produtividade aumentou 4%, totalizando 537,1 mil toneladas, ou 59,1% a mais do que no ciclo 2023/24.
Maranhão
O Maranhão registrou aumento na área de arroz irrigado, cultivado em regiões alagáveis sem controle de irrigação, aproveitando os bons preços no mercado. A produtividade cresceu nas regiões mais tecnificadas, mas houve perdas em áreas do leste e do norte devido à escassez de chuvas e à incidência de pragas, como percevejos e pulgões. A área foi elevada em 7,7%, para 93,4 mil hectares, o que, somado à produtividade de 2.991 kg/ha (+34,5%), resultou em uma colheita de 279,4 mil toneladas (+44,8%).
Fique de olho
A safra 2024/25 de arroz consolida a recuperação da produção nacional, após anos marcados por desafios climáticos e alta nos custos de produção. O desempenho atual mostra não apenas crescimento quantitativo, mas também aprimoramento da qualidade e da eficiência na cadeia produtiva, desde que motivado por cotações remuneradoras e um cenário favorável de produção. No entanto, face aos preços praticados ao longo deste ano comercial 2025/26, há consenso de que a área no Brasil deverá voltar a recuar no próximo ciclo produtivo. A decisão deverá ocorrer exatamente agora, entre agosto e setembro.

