Devagar e sempre
Paraguai vai aumentar área e produção para o ciclo de 2025
A produção de arroz paraguaio na safra 2025/26 está estimada em 1,59 milhão de toneladas de arroz em casca, equivalentes a 975 mil toneladas na base beneficiada. Trata-se do maior nível de produção já registrado, sustentado por uma área plantada recorde de 218.380 hectares. O aumento de área, projetado pela AgroDados/Planeta Arroz, é de 3,9%, e o de produção, de 12,2%, graças aos avanços tecnológicos. A expectativa de um clima neutro a neutro frio, com possibilidade de transição para o fenômeno La Niña no fim do ciclo produtivo 2025/26, poderá interferir nesse resultado, uma vez que o Paraguai possui áreas de produção situadas em zonas de transição entre os climas tropical e subtropical, com tendência a estiagens mais severas.
Apesar das perspectivas de produção, as margens dos agricultores diminuíram após a queda nos preços internacionais, iniciada em meados de 2024. Na safra 2024/25, o custo médio de produção, incluindo arrendamentos, variou entre US$ 1.600 e US$ 1.700 por hectare — valor significativamente inferior ao registrado nos países vizinhos, que chegou a até US$ 3.000/ha
Em 2024, o Paraguai registrou um ingresso médio de US$ 2.700 por hectare com exportações, o que resultou em lucro líquido de aproximadamente US$ 1.000 por hectare. Esse cenário favoreceu a incorporação de novas áreas e investimentos estruturais. Com os preços de mercado vigentes, a produtividade de equilíbrio foi estimada entre 7,0 e 7,5 mil quilos por hectare — patamar que nem todos os produtores conseguiram alcançar.
Embora muitos produtores menores de arroz possam deixar a atividade, empresas maiores seguem investindo e poderão adicionar de 10 mil a 15 mil hectares, mais do que compensando possíveis saídas. A área de arroz do Paraguai aumentou 65% na última década, refletindo investimentos estruturais em irrigação, beneficiamento e logística.
Na safra 2024/25, os paraguaios colheram o recorde de 1,42 milhão de toneladas em base bruta (972 mil toneladas beneficiadas), com estimativas de até 1,55 milhão de toneladas. O plantio ocorreu do início de setembro até a primeira semana de novembro, com alguns agricultores semeando mais cedo para capturar preços premium em colheitas antecipadas. No plantio, os altos preços e os retornos esperados atraíram tanto produtores tradicionais quanto especulativos, contribuindo para o aumento estimado de 20 mil hectares na área plantada. Em abril, a colheita estava concluída, com grãos de boa qualidade. No entanto, a colheita excepcional gerou gargalos logísticos em toda a cadeia de suprimentos, incluindo atrasos no transporte rodoviário, na entrada para beneficiamento e no manuseio para exportação, ressaltando a necessidade de melhorias contínuas na infraestrutura para sustentar o crescimento futuro do setor.
Exportação
As exportações de arroz do Paraguai no ano comercial (MA) de 2025/26 estão previstas em 790 mil toneladas beneficiadas, tornando-se o terceiro maior volume de exportação já registrado — quase igual ao volume esperado para o período de 2024/25.
Brasil, Chile e países da América Central, liderados pela Costa Rica, deverão permanecer como os principais destinos nesses anos comerciais. O Brasil, normalmente, importa arroz beneficiado e arroz integral; o Chile, arroz beneficiado e arroz quebrado; enquanto os países da América Central compram arroz em casca e beneficiado. No total, o arroz paraguaio chega a mais de 30 mercados em todo o mundo, embora a maioria deles importe apenas pequenos volumes.
Fique de olho
O Brasil mantém uma relação comercial particularmente forte com o Paraguai no setor de arroz. Beneficiadoras e tradings brasileiras frequentemente firmam contratos a termo com produtores paraguaios durante a temporada de plantio, a fim de garantir o fornecimento no início da colheita. Nos últimos anos, o Brasil importou cerca de um milhão de toneladas de arroz anualmente, enquanto exportou entre um e 1,5 milhão de toneladas. A maior parte dessas importações — especialmente de arroz beneficiado e integral — tem origem no Mercado Comum do Sul (Mercosul), com o Paraguai respondendo por, aproximadamente, 60% a 70% desse volume.
Questão básica
Diversos fatores sustentam a competitividade do Paraguai no mercado brasileiro: a alta qualidade do produto, a proximidade geográfica, os menores custos de frete e os custos de produção relativamente baixos em comparação com outros fornecedores regionais. Essas vantagens permitem que o arroz paraguaio entre no Brasil com preços mais favoráveis do que os de outros concorrentes. Os preços médios de importação do Brasil para arroz beneficiado originário do Mercado Comum do Sul (Mercosul), nos anos civis de 2023, 2024 e início de 2025, evidenciam a competitividade do produto paraguaio.
Enquanto produção cresce, consumo estabiliza

O consumo doméstico de arroz no ano comercial de 2025/26 está projetado em 280 mil toneladas de arroz em casca, praticamente inalterado em relação aos anos anteriores. O consumo per capita permanece em 14 quilos por habitante ao ano — um dos mais baixos da região. O uso de sementes é estimado em 20 mil toneladas, com base em uma taxa de semeadura de aproximadamente 90 quilos por hectare.
Após vários anos de oferta restrita, espera-se que os estoques de arroz aumentem no ano comercial de 2024/25 — e um pouco mais em 2025/26. Esse crescimento é atribuído à forte produção doméstica, à ampla disponibilidade em toda a região do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e à queda dos preços internacionais. Esses fatores deverão contribuir para um ritmo de comércio mais contido e uma desaceleração geral da atividade de mercado durante o próximo ano comercial. A alimentação paraguaia é amplamente baseada em milho, trigo e tubérculos, razão pela qual mais de 80% da produção de arroz é voltada à exportação.

