A cobiçada coleção do Irga
Instituto agrupa variedades alternativas de arroz
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O Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) está formando uma coleção de variedades alternativas de arroz. São plantas japônicas, arbóreas e aromáticas obtidas em convênios com o Flar, o Cirad, o Irri e o Ciat. O melhorista Antônio Rosso explicou que em uma série de reuniões que aconteceram no ano passado para difundir os resultados das pesquisas, os produtores sempre procuraram informações sobre mercados alternativos e especiais. “É uma tendência natural provocada pela crise de comercialização e preços e diante de um panorama de economia globalizada”, explicou.
Os produtores querem alternativas que agreguem renda à produção. Uma maneira de agregar renda é o cultivo de arroz para mercados especiais. A partir de uma coleção básica que foi organizada, a equipe de melhoramento do Irga passa a realizar cruzamentos diversos para obter variedades adaptadas ao clima gaúcho, às exigências do mercado e às necessidades de produção e comercialização dos arrozeiros. “Além do atendimento às colônias e nichos de mercados do país, é um produto que futuramente poderá ser exportado se houver condições favoráveis”, explica Rosso.
O material passará por uma primeira avaliação na próxima safra, com análise das características de cada planta e seu potencial produtivo. “Após esta fase, vamos passar a produzir sementes e distribuir aos produtores interessados para que possam conhecer as variedades e preparar o ingresso nestes mercados especiais”, acrescentou o agrônomo. Os ensaios destas cultivares são conduzidos no sistema de transplante de mudas para assegurar pureza varietal.
As variedades
1) Tradicional
EEA 406 – Variedade tradicional que conserva características do mercado japonês. É o preferido das colônias japonesas. Engenhos da zona sul do Rio Grande do Sul trabalham muito com a variedade. A maior parte do produto beneficiado é importada do Uruguai. O Irga está trabalhando para melhorar as sementes desta variedade e já tem plantas cuja qualidade no beneficiamento ainda não foi testada.
2) Japônicas
Koshihikari – Uma das variedades mais plantadas no Japão.
Akitakomachi – Variedade japonesa que está sendo recomendada pela pesquisa norte-americana para mercados especiais.
Formosa – Variedade mais comum no Rio Grande do Sul, com cultivo por parte de muitos produtores, principalmente para consumo próprio.
• Todas as variedades têm potencial produtivo inferior às cultivares modernas.
• A vantagem dos preços depende do mercado e qualidade. A produtividade não pode ter uma grande diferença (ser inferior) que as variedades do agulhinha.
• Todas as variedades têm nível de amilose mais baixo.
3) Aromáticos
Pusa Masmati – As plantas foram conseguidas no Cirad. As cultivares são preferidas no Oriente Médio, mas têm mercado no mundo todo. É um dos mais consumidos, principalmente nas colônias árabes espalhadas pelo mundo. É chamado de aromático por liberar um cheiro similar à pipoca quando cozido, que não é agradável a todos os paladares.
Basmati 900, Basmati (Jr 58025B) e Jasmine – Outras variedades do aromático.
4) Selvagem
É um primo longínquo do arroz branco, da família Sizânea. O Irga ainda não dispõe de sementes, pois trata-se de uma planta nativa, que só é cultivada em pesquisas e não há formação de lavouras. O arroz-selvagem é obtido através da coleta dos grãos em áreas alagadiças no Canadá e perde facilmente o poder germinativo após a debulha, quando os coletores o secam e vendem. Sementes devem ser plantadas na próxima safra, através de um intercâmbio com institutos internacionais de pesquisa. As características são diferentes. Pelas suas características, há especialistas que pensam em implantá-lo em áreas do Banhado do Taim.
5) Arbório
Carnaroli – Destinado ao mercado italiano e elaboração de risotos. Uma das características é que, cozido, o arroz cresce e fica inteiro no ponto de cozimento conhecido como al dente.
• Todas as variedades são irrigadas e plantadas nos sistemas do agulhinha