A energia do arroz

 A energia do arroz

Usinas de Alegrete usam casca do cereal como combustível
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No município gaúcho de Alegrete, na fronteira-oeste, a casca de arroz será combustível. Duas usinas vão utilizar o resíduo para produzir energia elétrica. A medida ainda irá gerar empregos, renda e impostos no município. Uma das usinas ainda vai gerar matéria-prima nobre, como é o caso da sílica. A Pilecco Nobre está investindo R$ 100 milhões no projeto. A Cooperativa Agroindustrial Alegrete Ltda (Caal) inaugurou sua usina em outubro. 

A Pilecco Nobre, por meio da sua controlada Geradora de Energia Elétrica Alegrete (GEEA), instalará uma refinaria de biomassa, que além de energia elétrica produzirá sílica a partir da queima da casca de arroz já em 2008. Serão investidos R$ 35 milhões. A médio prazo, o investimento chegará a R$ 100 milhões, com ampliação do rol de produtos e produção de biodiesel, carvão vegetal, óleo cru, fertilizantes, gás sintético e outros. A longo prazo, a refinaria do grupo Pilecco produzirá óleo diesel e metanol. O complexo estará concluído em 2013. 

Além da casca de arroz, utilizada na fase inicial, a usina utilizará palha de arroz e outros resíduos das cadeias agropecuárias da região como combustível. O projeto prevê processar 370 toneladas ao dia de biomassa em sua primeira fase, mas chegará a 1,1 mil toneladas diárias. A planta produzirá até cinco megawatts (MW) de energia e 15 mil toneladas ao ano de sílica. Trata-se de uma matéria-prima nobre para segmentos como cimento, borrachas, tintas e fertilizantes. Mais adiante será instalada uma nova unidade de geração elétrica para mais 30 megawatts. 

CAAL – A Cooperativa Agroindustrial Alegrete Ltda (Caal) construirá uma usina para gerar 3,8 megawatts, com investimento de R$ 13,6 milhões, sendo R$ 4 milhões de recursos próprios e o restante financiado pelo BRDE. A usina entrará em operação em julho de 2008. O presidente José Alberto Pacheco Ramos explica que a energia atenderá toda a necessidade da cooperativa (de três plantas industriais, fábricas de ração, charque, três supermercados, atacado, centro de distribuição, centro comercial e restaurante) e haverá excedente a ser comercializado. A economia com energia é estimada em R$ 1,8 milhão por ano. Ramos lembra que, além da redução de custos, a usina permitirá uma destinação adequada da casca, que representa 22% do arroz recebido. 

A previsão da Caal é que o volume de casca utilizado na usina chegue a 28 mil toneladas por ano, evitando assim que um montante expressivo seja deixado no meio ambiente, produzindo metano, um dos gases causadores do efeito estufa. Por isso a Caal já tem assinado com uma trade holandesa a comercialização de créditos de carbono. 

Cálculos da cooperativa indicam que com o uso da casca na usina, 45 mil toneladas de gás carbônico deixarão de ser emitidas por ano na atmosfera. A carta de aprovação para a comercialização de créditos de carbono, conforme a Caal, já foi aprovada nas esferas municipal, estadual e federal e conta com registro na Alemanha. 

A Caal recebeu este ano 140 mil toneladas de arroz. A cooperativa se dedica apenas ao beneficiamento para terceiros.

Questão básica
Maior produtor de arroz do país, o Rio Grande do Sul conta com outras usinas termelétricas à base de casca do grão em arrozeiras. A Camil foi, no ano passado, a primeira empresa brasileira a receber pagamento pela negociação de créditos de carbono. O valor de 1,5 milhão de euros foi desembolsado pela holandesa BioHeat, referente ao funcionamento da usina de 4,5 megawatts de 2001 a 2005.

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