A força da casca

 A força da casca

UTE em São Borja aproveita resíduos da indústria

Fronteira Oeste tem maior usina termelétrica do país que gera energia a partir da queima da casca de arroz
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As 96 mil toneladas de casca de arroz descartadas anualmente pelas indústrias de beneficiamento do município de São Borja, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, e que antes representavam um passivo ambiental para a cidade agora vão gerar energia. Inaugurada oficialmente no dia 25 de maio, a Usina Termelétrica (UTE) São Borja Geradora de Energia Elétrica S.A. é a maior do Brasil abastecida pela queima da casca de arroz e, além de energia, gera empregos e renda para o município.

A usina pertence ao fundo de investimento MPC Münchmeyer Petersen Capital GmbH & Co, da cidade de Hamburgo, Alemanha, que mantém a subsidiária MPC Bioenergia do Brasil S.A., responsável pelos investimentos em energias renováveis no país. A UTE é operada pela Dalkia Brasil S.A., subsidiária da Veolia Environnement e da Eletricité de France (EDF). “O empreendimento é uma das maiores obras dos últimos anos na Fronteira Oeste do RS, num investimento de R$ 65 milhões, exclusivamente com capital alemão”, explica o presidente da Agência de Desenvolvimento de São Borja (ADSB), José Francisco Rangel.

A capacidade de geração da UTE São Borja é de 85 mil megawatts (MWh) ao ano, com consumo de cerca de 100 mil toneladas de casca neste período. Desde maio passado, a planta opera com 100% de sua capacidade. A estimativa é que, do total de energia gerado, 10% seja destinado à alimentação da usina e 90% comercializado no mercado livre.

De acordo com o presidente da ADSB, José Francisco Rangel, a unidade termelétrica irá gerar 12,3 MW de potência, o equivalente ao abastecimento de uma cidade de 200 mil habitantes. Segundo os técnicos da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a energia gerada equivale a abastecer 65 mil residências, com média de 3,5 pessoas por residência.

Rangel explica que toda a energia produzida na termelétrica será transportada para a subestação da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) próxima ao trevo de saída para Itaqui (RS), numa extensão de rede de sete quilômetros. A partir daí, a energia é transferida para a rede de alta tensão, onde estará disponível à comercialização para qualquer parte do país.

RECEITA
O dirigente destaca que a comercialização desta energia será mais uma fonte de receita ao Município de São Borja, através do ICMS gerado, além de novas fontes de receitas previstas no futuro. Através das cinzas produzidas com a queima da casca de arroz, mais valores podem ser agregados com a venda deste produto para indústrias de borracha, de cimento, de fertilizantes e outros mercados que estão sendo estudados neste momento. “Podemos, em um futuro muito próximo, desenvolver um verdadeiro polo industrial no entorno de uma unidade geradora”, complementa Francisco Rangel.

UTE é apenas o primeiro passo
A ADSB trabalha com o projeto em São Borja desde o ano de 2000, na busca de alternativas ao consumo de arroz e seus resíduos e derivados e também da geração de renda e empregos no município. Com a concretização desta unidade geradora, a agência foi em busca de novas unidades produtoras no estado com os mesmos investidores. E assim surgem projetos equivalentes nas cidades de Itaqui (UTE Itaqui Geradora de Energia Elétrica S.A.), com obras previstas para iniciar em setembro deste ano, e Pelotas (UTE Pelotas Geradora de Energia Elétrica S.A.), com previsão de início de construção em julho de 2013.

OUTRAS USINAS EM OPERAÇÃO NO RS QUE TEM COMO COMBUSTÍVEL A CASCA DE ARROZ:

. Camil: em Itaqui – 4 MW

. Cerealista Pilecco: em Alegrete – 4 MW

. Cooperativa Agroindustrial Alegrete (CAAL) – 4 MW

. Urbano Agroindustrial, de São Gabriel (RS), foi pioneira no Brasil com a implantação, em novembro de 1995, de uma usina de 2,2 megawatts

FIQUE POR DENTRO
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Denominação: UTE São Borja Geradora de Energia Elétrica S.A. – É a maior termelétrica do Brasil movida com a queima da casca de arroz.

. Investidor: MPC Münchmeyer Petersen Capital GmbH &Co, da Alemanha.

. Investimento: R$ 65 milhões.

. Capacidade: 12,3 MW (equivalente ao abastecimento de uma cidade de 200.000 habitantes).

. Quantidade de matéria-prima (casca de arroz) para funcionamento: 96 mil toneladas/ano.

. Empregos diretos: 40.

. Empregos indiretos: 120.

n Benefícios para o município: geração de ICMS da energia comercializada (3% do orçamento anual) e propiciar um destino ambientalmente correto para a casca de arroz.

. Benefícios adicionais: um novo subproduto é gerado, que são as cinzas produzidas através da queima da casca de arroz na unidade industrial (mercado promissor no futuro).

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