A força das terras altas

 A força das terras altas

Apesar dos efeitos climáticos, a colheita teve bons resultados

Mato Grosso colhe safra de qualidade
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Mato Grosso iniciou a colheita de arroz no dia 12 de janeiro e deve concluí-la no final de abril. A variedade Primavera predominou na abertura da colheita, que deve totalizar 1,8 milhão de toneladas pelos cálculos da Associação dos Produtores de Arroz do Mato Grosso (APA-MT). O presidente da entidade, Angelo Maronezzi, destaca que os resultados poderiam ser melhores. Fatores climáticos interferiram muito no Mato Grosso, seja por dano direto ou por favorecer o aparecimento de doenças e pragas. 

A ocorrência de brusone – doença fúngica de alto poder destrutivo – em 20% da lavoura na fase de estabeleci-mento da cultura e no surgimento da panícula foi prejudicial. “Tivemos também muitos casos de acamamento”, frisa Maronezzi. Apesar dessas ocorrências, o dirigente arrozeiro do Mato Grosso afirma que o arroz que está sendo colhido apresenta excelente qualidade de grãos. A área plantada, segundo a APA-MT, ficou em 600 mil hectares. A produtividade média deve alcançar três mil quilos/hectare, totalizando cerca de 1,8 milhão de toneladas de arroz. A Conab tem números diferentes: 670,6 mil hectares, 2.870 quilos/hectare e produção total de 1,85 milhão de toneladas. 

Segundo Angelo Maronezzi, a variedade de arroz Cirad 141 começou a ser colhida em meados de fevereiro. Se espera dessa variedade maior produtividade diante do arroz Primavera, que tem a preferência da indústria. Para Maronezzi, a qualidade do arroz do Centro-oeste está se superando a cada safra, item impor-tante para o mercado consumidor. 

A colheita do arroz no Mato Grosso finalizará na segunda quinzena de abril, pois algumas lavouras foram plantadas no mês de dezembro. A comer-cialização continua tímida em todo o estado.

 

Arrozeiro precisa de estratégia e informação 

Erros cometidos na safra de arroz 2003/2004 no Mato Grosso estão repercutindo até agora no mercado do Centro-oeste. O segundo principal estado produtor do Brasil registrou na safra passada um aumento de área e excelente produtividade, mas a qualidade do grão ficou comprometida pelo estrangulamento no processo de secagem e o armazenamento. “Houve uma quantidade expressiva de arroz manchado e de baixo percentual de inteiros que está no mercado até agora”, destacou Neyson Franco, diretor comercial da Futura Cereais, de Cuiabá (MT). 

Para ele, a falta de estratégia e informação foi o principal fator que derrubou os preços no Mato Grosso. Colaborou para isso a forte entrada de arroz argentino e uruguaio. Mas, baseado na comercialização da safra 2002/2003, o produtor segurou seu produto e esperou para vender uma quantidade maior no segundo semestre. Para isso, ficou esperando consolidar um patamar de preços da safra 2002/2003, mas que eram extremamente atípicos para o mercado. Isso ocasionou quase um pool de vendedores na mesma época, derrubando os preços de forma assustadora, chegando a cair diariamente em R$ 1,00 por saco. 

Esse mesmo fator, identifica, acontecerá na nova safra, se não houver alguma atitude do Governo Federal na liberação de recursos suficientes para garantir mecanismos de comercialização. 

Como houve atraso no plantio da variedade Primavera, ele deverá emendar a colheita com o Cirad 141, que começa em março, gerando uma oferta maior de produto num mesmo período. “Afora isso, devemos lembrar que ainda há um estoque expressivo nos armazéns”, destaca Franco. Para ele, é fundamental que o produtor busque informações atualizadas sobre a comercialização e suas tendências em sites e revistas sérias.

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