A história por testemunha

Embrapa põe em prática
o Programa Graus Dia
para a Cultura do Arroz
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O conhecimento é um insumo fundamental para a agricultura. Entender a lógica e o comportamento das plantas em função de suas características e a influência das condições climáticas pode fazer toda a diferença no resultado de uma temporada. Com base nesses dados, a Embrapa Clima Temperado, de Pelotas (RS), lançou para a temporada 2015/16 o Programa Graus Dia para a Cultura do Arroz (PGDA).

Ele consiste em mapas que podem ser acessados pela internet, mesmo por aparelho de telefone celular, com uma base de dados históricos – associados às informações fornecidas pelo produtor ou técnico – capaz de identificar o comportamento da lavoura em função do clima e data de semeadura, entre outros fatores.

O programa foi desenvolvido com apoio da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e serve como ferramenta para estimar a data de ocorrência de cada estágio da cultura – até a maturação completa – que é determinante para o desenvolvimento da planta.

O sistema foi inspirado no DD 50 – programa semelhante desenvolvido e utilizado nas áreas de produção de arroz dos Estados Unidos. Ele reúne dados que podem auxiliar os arrozeiros a curto e longo prazos. Ao acessar o programa pela web o produtor deve preencher os campos disponíveis com a localidade e variedade que deseja consultar. A partir da data de emergência da lavoura é possível estimar o período de floração e colheita, por exemplo, auxiliando no planejamento da safra.

O trabalho desenvolvido no laboratório de agrometeorologia da Embrapa Clima Temperado, sob responsabilidade do pesquisador Silvio Steinmetz, venceu três etapas até ser concluído e disponibilizado aos agricultores: foram caracterizadas as exigências térmicas de cada cultivar, as datas de ocorrência de cada estágio foram estimadas a partir de dados meteorológicos dos últimos 30 anos nas 17 localidades com estações meteorológicas instaladas no sul do estado e, por fim, estes dados foram validados a partir de testes nas lavouras.

Desde 1º de setembro a ferramenta é atualizada de hora em hora com os dados meteorológicos da safra corrente. A partir das informações do Inmet é possível estabelecer, por dia, o desvio de temperatura registrado no sistema. Assim, os rizicultores podem ter estimativas próximas da realidade, conforme os dados da safra, e tomar decisões imediatas no manejo das lavouras.

Steinmetz explica que apesar da produtividade média das lavouras alcançar 7,5 mil quilos por hectare, ela pode ser ainda maior considerando o potencial produtivo das variedades, principalmente relacionado aos ajustes de manejo e à adubação nitrogenada em cobertura.


Conhecimento é básico

O conhecimento da época dos estágios da planta é importante para o manejo da lavoura. O ciclo das cultivares é determinado principalmente pela duração da fase vegetativa. Essa fase pode apresentar variação em dias por interferência da época de semeadura, clima e cultivar. A temperatura do ar e o fotoperíodo são responsáveis por essa variável. Em Pelotas, em 12 anos de testes, a fase vegetativa da BR-Irga 410 oscilou de 42 a 75 dias.

Silvio Steinmetz explica que há uma relação inversa entre a soma térmica e a duração da fase vegetativa, havendo uma redução desta em anos mais quentes e alongamento em anos frios. Uma maneira de diminuir a variação é expressá-la em graus dia. Com base nesses valores pode-se prever a data de ocorrência da DP, conhecendo-se a evolução diária da temperatura média do ar a partir da emergência das plântulas.

A previsão pode auxiliar no planejamento de atividades importantes como adubação nitrogenada de cobertura, definição da época ideal de emergência no período de semeadura recomendada pelo zoneamento agroclimático e o melhor aproveitamento da radiação solar, além da diminuição do risco de “frio” nas fases críticas do arroz.

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