A importância do controle gerencial na atividade agrícola
Autoria: Charles Daneberg – Safras & Cifras.
Ao longo do tempo, o Brasil foi adquirindo propriedade para falar sobre o agronegócio, pois nos últimos anos o país tem chamado a atenção do mundo para a capacidade de produzir alimentos, sendo inclusive considerado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o futuro “celeiro do mundo”.
Essa capacidade se deve, principalmente, as vantagens naturais que o Brasil possui, como clima adequado para o plantio de diversas culturas, solo fértil, disponibilidade de água, biodiversidade, energia solar e competência do produtor rural brasileiro. Outros fatores também contribuem nesse aspecto, como o constante investimento por parte dos produtores em novas tecnologias para o auxílio na eficiência produtiva.
No entanto, mesmo dispondo dessas vantagens, a atividade agrícola no Brasil vem se tornando cada vez mais complexa. Com a abertura do mercado externo e as constantes mudanças nos hábitos de consumo da sociedade moderna, o meio se tornou dinâmico e, o produtor passou a competir não mais com os vizinhos de cerca, mas com os produtores de outros países que possuem, normalmente, economia e sistema de governo completamente diferentes do Brasil.
Além das dificuldades da competitividade, o produtor precisa administrar outros fatores que fazem com que o custo de produção se torne cada vez maior. Entre os itens que compõem esse custo, a logística certamente é o que mais tem dificultado a vida dos produtores. A falta de investimentos por parte do governo em modalidades de transporte mais eficientes e baratas faz com que o produtor seja dependente, quase que exclusivamente, do modal rodoviário para a escoação da produção. Por ser um dos meios mais caros, o impacto no retorno do negócio é grande.
Esses obstáculos impactam tanto a atividade que foi criado um nome genérico para classificá-los, o famoso “Custo Brasil”, que já é conhecido e comentado em outros países. Um estudo realizado pela Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul – Farsul revelou que grande parte dos produtores gaúchos pagam mais caro para levar a soja que produzem até o Porto de Rio Grande, do que é pago para levar essa mesma carga de Rio Grande até Xangai, na China.
Mesmo sendo noticiado frequentemente que o setor agropecuário está com um bom desempenho e tem contribuído para a economia do país, a realidade enfrentada atualmente pelo produtor rural não tem sido muito favorável. O mercado não tem oportunizado grandes possibilidades de ganho e as dificuldades que impactam diretamente os custos de produção têm influenciado cada vez mais o desempenho da atividade, deixando claro que não há mais espaço para erros de gestão. Os produtores precisam começar, o quanto antes, a buscar ferramentas para otimizar a performance de seus negócios.
Normalmente, o produtor rural está habituado a concentrar esforços na melhoraria de sua eficiência produtiva e, certamente, tem obtido êxito. Os dados mostram a produtividade média das principais culturas cultivadas no Brasil, que em um curto espaço de tempo, aumentou significativamente. Porém, preocupar-se apenas com a produção já não é mais o suficiente, visto que o cenário atual exige que o produtor esteja atento a todos os fatores que envolvem o negócio. Em uma atividade onde as margens se tornam cada vez menores, e diversas variáveis podem influenciar o seu desempenho, um pequeno detalhe pode ser o divisor de águas entre o sucesso e o fracasso, como também entre o lucro e o prejuízo.
Diante desse cenário, não há dúvidas de que o produtor precisa buscar ferramentas que lhe forneçam suporte na gestão do seu negócio. É necessário que ele comece a se preocupar em melhorar sua eficiência administrativa. Nós da Safras & Cifras, empresa que há 26 anos assessora produtores rurais na gestão do seu negócio, vemos os pilares da administração – planejar, organizar, dirigir e controlar – como fatores determinantes nesse aspecto, sendo que um depende do outro para que o processo administrativo seja eficiente e alcance os objetivos esperados.
Quem conhece a realidade do agronegócio certamente já observou que o produtor rural desempenha as ações de planejar, organizar e dirigir quase que instintivamente, pois elas fazem parte da rotina da propriedade. Já o controle, na maioria dos casos, é deixado de lado pelos administradores rurais e isso normalmente é um dos causadores do fracasso da atividade, pois o gerenciamento dos custos e a avaliação dos resultados são ferramentas indispensáveis para mensurar a situação da empresa em termos de retorno financeiro.
1 Comentário
Muito Bom artigo. Parabéns. O IRGA disponibiliza gratuitamente em seu site uma Planilha em Excel onde podem ser lançados dados de desembolso durante o andamento da safra. Ela totaliza e fornece o DESEMBOLSO por unidade produzida. Com esses dados em mãos um técnico experiente pode calcular o CUSTO DE PRODUÇÃO INDIVIDUAL a partir de um inventário patrimonial (Máquinas e equipamentos, posse da terra e água, capital empregados na produção…) Se não sabemos quanto custou para produzir, como vamos saber se o preço está bom ou ruim???