A lavoura dos bichos tem lucro garantido

 A lavoura dos bichos tem lucro garantido

A lavoura de arroz ganha um reforço importante com o manejo do marreco

Peixes e marrecos agregam valor e derrubam custos.

A Emater/RS-Ascar tem apostado em orientações e assistência aos produtores de arroz sobre a utilização de marrecos ou peixes nas lavouras. A iniciativa é viável principalmente para pequenas propriedades e garante a redução dos custos de produção, eleva a produtividade e agrega novas fontes de renda. Tanto o consórcio da lavoura de arroz com marrecos ou peixes depende basicamente de área sistematizada. Na cidade de Faxinal do Soturno, região central do Rio Grande do Sul, o produtor Moacir Garlet, 48 anos, trabalha com seis hectares de rizipiscicultura. Segundo ele, somente o lucro do peixe é suficiente para pagar o preparo de solo e o plantio da safra de arroz do ano seguinte.

Garlet explica que as carpas eliminam o arroz vermelho, além de fazerem o preparo e a incorporação de nutrientes no solo. “Com 100 litros de óleo diesel eu consigo preparar a área e fazer o plantio. Depois que comecei a usar as carpas, passei a colocar 200 quilos de uréia ao invés de 400 quilos e não gastei mais com herbicidas”, destaca Garlet. Um dos segredos para o bom resultado, explica ele, é a disponibilidade de água e a colocação de peixes adultos (um ano de vida) na área de arroz após 15 dias da colheita.

MARRECO – O consórcio da lavoura de arroz com marreco-de-pequim é outra excelente alternativa para os produtores que buscam o desenvolvimento sustentável. Na cidade de Restinga Seca, também região central do Rio Grande do Sul, o produtor Eli Foletto, 55 anos, tem uma lavoura de 80 hectares onde coloca cerca de dois mil marrecos-de-pequim durante a entressafra. Segundo Foletto, o trabalho feito pelas aves é surpreendente. “O benefício que esses animais fazem para a lavoura significa um lucro de 1000%. Além de eliminar o arroz vermelho, plantas invasoras e pragas, os animais fazem a adubação orgânica do solo”, ressalta Foletto.

Receita para uso dos marrecos na lavoura de arroz

O agrônomo Luiz João Pettine, do escritório da Emater na cidade de Restinga Seca, dá a receita de como utilizar os marrecos na lavoura de arroz:

Adquirir os filhotes de 15 a 20 dias antes da colheita, mantendo as aves em um galpão próximo da lavoura. A alimentação dos filhotes pode ser feita com a mesma ração inicial para pintos.

É importante manter alguns marrecos adultos, da criação anterior, para guiar os pequenos dentro da lavoura.

Os marrecos devem ser colocados na área de arroz logo após a colheita, onde irão permanecer em quadros inundados durante toda a entressafra.

A recomendação da Emater é para a colocação de cerca de 50 marrecos para cada hectare de lavoura.

Para garantir maior eficiência, é recomendado trocar os marrecos de área após algumas semanas e passar um rolo com lâminas para revolver o lodo e oportunizar que os animais encontrem mais alimento.

Manter os marrecos trabalhando na lavoura até o novo preparo do solo.

Os marrecos machos podem ser abatidos com seis meses de vida. As fêmeas podem ser mantidas por mais algumas semanas em razão da maior disposição para se alimentar e pela postura de ovos.

Lucro extra

Os produtores que adotaram o consórcio com marrecos ou peixes garantem um lucro extra com a venda desses animais. O quilo da carne de marreco é de aproximadamente R$ 5,00 em negociações feitas na região de Restinga Seca. As aves chegam ao ponto de abate pesando cerca de três quilos. Para comprar os filhotes o produtor irá pagar de R$ 2,00 a R$ 3,00 por unidade.

No caso dos peixes, o preço gira na casa de R$ 2,00 o quilo de animais vendidos vivos. As carpas usadas na lavoura chegam a ganhar três quilos durante a entressafra. O produtor Moacir Garlet prefere colocar peixes adultos na área de arroz quando eles já estão pesando cerca de um quilo. Quando chega o momento de refazer o plantio da área, os peixes estarão com cerca de quatro quilos.

Observação

Os marrecos também podem ser colocados na lavoura de arroz antes da colheita, cerca de 25 a 30 dias após a germinação da cultura. Neste caso, as aves ficarão até o início da maturação dos grãos fazendo o controle de caramujos, bicheira, insetos e outras invasoras. Os marrecos deverão ser retirados da área durante a maturação do arroz e recolocados após a colheita. A população de marrecos por hectare depende da infestação da lavoura. Se for bastante inçada pode-se colocar até 80 aves para cada hectare.

Dificuldades

• Aquisição dos marrequinhos, que são comprados no estado de Santa Catarina
• Manejo até os 15 dias de vida das aves
• Abate, com dificuldade para a retirada das penas

Benefícios

• Controle de ervas daninhas e pragas
• Controle do arroz vermelho e preto
• Aumento da fertilidade do solo
• Maior produtividade da lavoura
• Redução na aquisição de insumos (adubos, herbicidas e inseticidas)
• Venda das aves e dos ovos das aves
• Facilita o cultivo de arroz orgânico

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