A maior área de pesquisa de arroz fica em Cachoeirinha

 A maior área de pesquisa de arroz fica em Cachoeirinha

Flávia Miyuki Tomita, gerente de desenvolvimento de pesquisa da Estaçao Experimental do Arroz

Em Cachoeirinha acontecerá, pela quarta vez, a Abertura Oficial da Colheita do Arroz.

Muitas das pessoas que vivem em Cachoeirinha, no Rio Grande do SUl, nem imaginam, mas ao final da Avenida Bonifácio Carvalho Bernardes, no início da cidade, fica um dos maiores centros de pesquisa sobre o arroz do nosso país. É ali que está localizada a Estação Experimental do Arroz (EEA) do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). Em meio a uma selva de prédios, casas, indústrias e asfalto, 49 hectares têm uma paisagem muito diferente.Um grande campo, muita plantação, barulho de animais e uma tranquilidade que faz esquecer o local onde se está.
 
Na última semana, visitamos a estação para conhecer um pouco do que acontece ali. Nesta época do ano os profissionais do instituto já se preparam para o período da colheita que inicia no final de fevereiro. "É aqui em Cachoeirinha que se faz o melhoramento genético do arroz que é plantado no estado", explica Flávia Miyuki Tomita, gerente de desenvolvimento de pesquisa da Estação Experimental do Arroz.
 
Tudo que diz respeito às novas sementes e plantas sai dos laboratórios locais.
 
"Depois da realização de um concurso público, em 2013, tivemos uma grande renovação de pessoal em todo o estado e as pesquisas foram ampliadas. Hoje são 22 pesquisadores, 15 técnicos e 68 terceirizados atuando aqui", acrescenta.
 

O maior do Estado

 
O Irga possui seis estações regionais pelo Rio Grande do Sul. Enquanto algumas cuidam da extensão, ou seja, o acompanhamento da plantação e dos cuidados que o arroz precisa, em Cachoeirinha é que a ciência se desenvolve. "Temos aqui um grande banco de germoplasma e é através dele que fazemos as pesquisas de novas cultivares que se transformarão nas sementes plantadas pelos produtores", diz Flávia.
 
No Brasil, o Rio Grande do Sul e Santa Catarina são os estados que produzem arroz. De tudo que é consumido no país, 70% é cultivado em solo gaúcho. "Cerca de 45% das sementes plantadas aqui têm a certificação do Irga. O restante são sementes chamadas de piratas ou que o produtor guarda na sua casa para plantar. São quatro laboratórios que fazem a pesquisa. O maior é o de Cachoeirinha", acrescenta.
 
Uma semente pode levar até 12 anos de pesquisa para chegar ao solo do produtor.
 

De todos os lugares

 
Se para muitos que vivem em Cachoeirinha o lugar é desconhecido, a estação do Irga é referência até fora do país. "Recebemos pouca gente daqui nos visitando. Somos mais famosos fora do Brasil do que na cidade. Recebemos muita gente de países como o Japão, as Filipinas, Argentina, Uruguai e Paraguai. Algumas das sementes produzidas são importadas", acrescenta.
 
Além da área da pesquisa, em Cachoeirinha há também a parte de agronomia, para cuidar do manejo das plantas e um grande campo, onde as sementes pesquisadas são plantadas e analisadas. E no meio de tanto arroz, há também a plantação de soja. "É um instrumento para ajudar a vida do arrozeiro. A soja faz parte da rotação de cultura e aqui dentro também pesquisamos qual a melhor forma de plantá-la para fazer esse conjunto", diz Flávia.
 

Cuidando dos testes

 
No laboratório de germinação, Fernanda Moraes, auxiliar de serviços gerais e Aline Tydel, técnica agrícola, fazem os testes de germinação. A sementes são colocadas em uma estrutura e ficam dentro do germinador entre 10 e 14 dias e depois é feita a análise do quanto germinam. Se for superior a 80% a semente é certificada.
 
As duas gostam de trabalhar ali. Fernanda, assim como muitos outros funcionários, mora ali. "É muito interessante de observar que tem muita gente que nem faz ideia do que seja o Irga. Estudo no Cesuca e quando digo onde trabalho e moro, há quem não saiba. A última referência que têm é o Cadop, a escola agrícola aqui do lado. É um mundo à parte de tudo que se tem em Cachoeirinha. Até o clima é diferente", brinca ela.
 

A colheita do arroz vai ser aqui

 
E é em Cachoeirinha também que, pela quarta vez, será realizada a Abertura Oficial da Colheita do Arroz. O evento acontecerá entre os dias 21 e 23 de fevereiro. A Estação Experimental do Arroz já havia sediado o evento em 2008, 2009 e 2017.
 
A atividade é uma parceria entre o Irga e a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz). Além de fóruns produtivo e comercial com importantes temas, ambém haverá espaço para esposas e filhos de produtores e uma grande gama de atrações. A programação contará, em todos os dias do evento, com as já tradicionais vitrines tecnológicas que visam difundir informações aos produtores.
 
O governador José Ivo Sartori é esperado para o dia 23 quando acontece o ato da abertura oficial da colheita do arroz.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter