A ordem é competir
Rotação pode ser a luz no fim do túnel, diz Embrapa .
Os produtos de arroz irrigado e os centros de pesquisa, principalmente do Rio Grande do Sul, precisam buscar alternativas culturais para as várzeas como forma de adequar a oferta de produto ao mercado e encontrar novas fontes de renda, recuperar o solo e combater inços. Competitividade é a palavra de ordem.
O sistema, que envolve as culturas do milho, sorgo e soja, além das pastagens, é prioritário, principalmente para atender o déficit de produção de milho no Rio Grande do Sul, mas ainda depende de desenvolvimento de tecnologias adequadas, de variedades mais adaptadas e de melhores condições de manejo, além da conscientização e formação do produtor e a qualificação da mão-de-obra para desenvolver culturas de sequeiro nas várzeas gaúchas.
Esta é a análise do especialista no tema da Embrapa Clima Temperado, Algenor Gomes. Segundo ele, por ser o arroz uma planta muito vigorosa, que requer pouco manejo de solo e não exigir medidas sofisticadas, o arrozeiro acaba não conhecendo técnicas obrigatórias para a implantação, em várzea, das culturas de sequeiro. São condições fundamentais a sistematização da área da lavoura e a instalação de um sistema superficial de drenagem.
INFORMAÇÃO BÁSICA
IRRIGAÇÃO
A irrigação das culturas de sequeiro em várzea é diferente da cultura de arroz. Tem que ser feita por pivô central ou aspersão e, em raros casos, por banho. Nunca por inundação.
DRENAGEM
Não há drenagem natural na várzea gaúcha. Se não houver um bom sistema de escoamento do excesso hídrico, o Irga recomenda que o produtor nem inicie o plantio. O risco de perda é altíssimo.
VARIEDADES
Os melhores resultados obtidos até agora nas lavouras do Irga têm sido na rotação do arroz com a soja. As variedades que mais se adaptaram foram FT Abyara, FT Estrela e BRS 154, nesta ordem.
DIAGNÓSTICO
OS BENEFÍCIOS DA ROTAÇÃO
1. Enxuga o mercado do arroz
2. Gera uma alternativa de diversificar a renda
3. Otimiza o controle de plantas daninhas como o arroz vermelho
4. Melhora, a longo prazo, os atributos químicos, físicos e biológicos do solo
5. Oportuniza, por estes motivos, o aumento da produtividade das culturas de arroz irrigado e das de sequeiro
6. Reduz os custos de produçãoOS
PROBLEMAS DA ROTAÇÃO
1. O produtor não domina os sistemas e a tecnologia das culturas de sequeiro, bem como não dispõe de mão-de-obra qualificada
2. Falta de material genético devidamente desenvolvido e adaptado as condições de várzea
3. O alto risco econômico de implantar uma cultura muito suscetível as intempéries
4. O alto custo da sistematização
5. As características do solo, de difícil drenagem
PESQUISA
A soja de terras baixas
Algenor Gomes, especialista em climatologia da Embrapa
Os resultados obtidos nos experimentos realizados nos últimos quatro anos, comprovados por varias lavouras implantadas, indicam o cultivar BRS 66 (Embrapa 66) como o de melhor comportamento em rendimento e estabilidade de produção em diferentes ambientes e safras.
Algenor Gomes, especialista em climatologia da Embrapa
Outros cultivares vem sendo testados e deverão ser indicados nos próximos anos pela Embrapa, revela o especialista Algenor Gomes. O cultivar FT Abyara, de ciclo semitardio, também apresenta bom desempenho em terras baixas, entretanto sem resistência ao cancro da haste.
PERFIL
BRS 66
Características
– Cor da flor: branca
– Pubescência: marrom
– Cor do hilo: marrom
– CicIo médio para semeadura em novembro: 133 dias
– Altura média da planta para semeadura em novembro: 83 cm
– 100 sementes: 14,8g
– Qualidade da semente: boa
– Teor médio de óleo: 21,9%
– Teor médio de proteína: 37,8%
PESQUISA
O milho de terras baixas
O milho das terras baixas O milho em terras baixas e uma excelente alternativa, desde que seja corrigido o pH do solo, que nesse tipo de terras e muito baixo, e corrigida a sua fertilidade, que nestas condições também e baixa. Devem ser utilizados cultivares tolerantes ao encharcamento do solo, incluindo maiores investimentos em drenagem, já que esse tipo de terras possui drenagem muito deficiente no perfil do solo, e na aquisição de equipamentos específicos para a subsolagem, o plantio e a colheita das culturas de sequeiro, que são diferentes do arroz.
DICAS
1. Procure-se reservar para milho as glebas com maior infestação de invasoras indesejáveis, a exemplo do arroz vermelho. A rotação com milho tornara novamente viáveis as áreas para o cultivo de arroz, já que são áreas preferenciais para esta cultura.
2. Evite glebas sujeitas a enchentes, às margens dos rios.
3. Uso de cultivares recomendados pela pesquisa oficial para terras baixas, com permanente acompanhamento técnico das lavouras.
4. Seguro agrícola que cubra eventos climáticos adversos, especialmente a seca.