A quebra do ciclo
A rotação de cultura favorece o combate as ervas daninhas
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O pesquisador do Irga, Valmir Menezes, um dos técnicos mais atualizados na tecnologia da rotação de cultura no Rio Grande do Sul, afirma que o sistema rotativo é altamente desejável para o desenvolvimento de uma agricultura racional, principalmente pela ruptura que causa na seqüência de manejo e pelos benefícios que traz ao solo.
Segundo Menezes, o uso continuado de uma cultura facilita o surgimento de plantas daninhas, pragas e doenças específicas. “Quanto mais específicas, mais difícil é o seu controle”, acrescenta o técnico. A troca permite quebrar este ciclo, romper com o sistema que dá chance ao surgimento destes complicadores.
ESTRESSE – O maior obstáculo para a rotação se transforma em uma realidade no estado, no entanto, são as características das várzeas gaúchas. Estas áreas não favorecem ao desenvolvimento de culturas alternativas. Ela mantém o solo saturado, sem que haja oxigênio para as raízes, impedindo o desenvolvimento das plantas.
Cultivares de milho, soja e sorgo são altamente exigentes e pedem solos bem drenados com alta disponibilidade de oxigênio. Segundo Valmir Menezes, não há dúvida de que, quando definidos os parâmetros técnicos adequados, haverá benefícios com a adoção do sistema em todas as áreas: “A pesquisa está no caminho certo, só não sabe ainda quando terá resultados nem concretos”, finaliza.
OS RUMOS
A busca dos laboratórios
Para o desenvolvimento de culturas de sequeiro como o milho, soja ou sorgo na várzea, na rotação com a lavoura de arroz, são necessários dois fatores fundamentais:
1. Material genético que suporte mais a saturação e um melhor desenvolvimento do nível de drenagem superficial das várzeas, segundo explicou o gerente da Divisão de Pesquisas do Irga, Maurício Fischer. O plantio pode ser conseguido com sucesso, numa primeira fase, plantando as áreas com menos problemas de drenagem e com sistematização e correção de solos já implantadas.
2. Irrigação das cultivares, por banho ou aspersão, na estiagem. O trabalho desenvolvido na Estação Experimental do Arroz do Irga, de Cachoeirinha, busca materiais mais adaptados ao plantio em várzea. O pesquisador Valmir Menezes disse que se os produtores gaúchos quisessem trabalhar hoje no setor diversificando atividades e adotando a rotação como prática de manejo, teriam que se adaptar as diferenças existentes.
3. Das três culturas (sorgo, milho e soja), a mais adaptada para as condições de várzea gaúcha e a soja, depois o sorgo e o milho pela ordem, pelo que traduzem as pesquisas do Irga.
AS ALTERNATIVAS
Sorgo
O mais resistente
Ao longo da serie de experimentos de rotação realizados pelo Irga, a constatação e de que o sorgo é a cultura que melhor se adapta aos solos de várzea. Ele agüenta mais precipitações e o estresse hídrico ou períodos de estiagem. É uma planta mais rústica, menos exigente de todas as outras, mas que tem o mercado muito restrito. O problema pode ser minimizado num processo de integração lavoura/ pecuária.
Pastagem
A combinação com a pecuária
O plantio individual ou consórcio de azevém, trevo branco e comichão em várzea é uma boa alternativa para quem trabalha com arroz irrigado e pecuária. Os resultados são expressivos e o fato da zona orizícola estar incrustada em áreas de pecuária torna a alternativa uma ferramenta a mais para recuperar o solo, reduzir daninhas, pragas e doenças e garantir outra fonte de renda.
Soja
Nos ensaios, tudo bem
De acordo com os estudos realizados pela Divisão de Pesquisas do Irga, a soja é a segunda alternativa para quem quiser adotar o sistema de rotação de culturas com o arroz irrigado.
A soja tem apresentado bons resultados nos ensaios. "Isso gera a expectativa futura do desenvolvimento de variedades mais adaptadas ao solo de várzea", explicou Valmir Menezes, do Irga. A soja surge como uma boa alternativa na rotação, desde que vencidos obstáculos como a drenagem da área. Nas ultimas pesquisas do Irga foram trabalhados 36 cultivares. Há cultivares em pesquisa que produzem até 3,6 mil quilos nesta área.
Milho
O mais lucrativo
A cultura mais desejável para ser utilizada em rotação com a lavoura de arroz irrigado no RS é o milho, principalmente porque no estado há mais demanda do que oferta. A carência anual chega a dois milhões de toneladas para atender, principalmente, a área de rações para suínos e aves. Os resultados das pesquisas realizadas até agora pelo Irga, porém, demonstram que o milho é a cultura de mais difícil adaptação às várzeas. Só em áreas experimentais de várzea o Irga colheu 8,2 mil quilos na ultima safra de verão. O produto não é inviável, mas é o mais exigente de todas as culturas alternativas. Hoje existem 37 cultivares de milho sendo testados no Irga.