A Rainha do Arroz” de Mato Grosso está despertando de maneira sustentável

Artigo do pesquisador e economista Carlos Magri Ferreira, da Embrapa Arroz e Feijão.

Na década de 1980, o município de Paranatinga, situado na região sul de Mato Grosso, era conhecido como “A Rainha do Arroz”. Durante a década de 1990, a área média cultivada foi de 24.450 hectares. Em 2000, plantou-se mais de 39 mil hectares e, em 2006, caiu para 15 mil hectares. Além da redução da produção, ocorreu também um descuido quanto à qualidade dos grãos.

Outras características de Paranatinga são: persistência em manter a lavoura de arroz; possuir uma vasta área de pastagem degradada e manter-se como referência para os compradores de arroz, sejam eles representantes diretos de indústrias ou intermediários. Essas particularidades ocorrem em várias regiões produtoras de arroz situadas no Centro-Oeste brasileiro.

Em anos recentes, a indústria arrozeira instalada na região sul de Mato Grosso foi duramente castigada pela falta de matéria-prima. O Sindicato das Indústrias da Alimentação da Região Sul do Mato Grosso (SIAR-SUL), organização onde os empresários da indústria arrozeira são filiados, fez, em parceria com o SEBRAE-MT, um diagnóstico dos pontos de estrangulamentos e pontos positivos da cadeia produtiva do arroz na região de abrangência do SIAR-SUL.

Uma conclusão desse estudo foi que não bastava reestruturar as partes administrativas, gerenciais e os modos de comercialização das agroindústrias, necessitava-se, sobretudo, aproximar-se dos rizicultores. Os empresários elaboraram o Plano de Ação Trienal do projeto de desenvolvimento das indústrias de arroz do sul do Estado de Mato Grosso.

Pelos motivos anteriormente citados, Paranatinga foi escolhida para ser um pólo piloto para reestruturação do arroz de terras altas na região, onde recentemente foi realizado pela Embrapa, em parceria com a Prefeitura Municipal, Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Empaer-MT, um dia de campo denominado: “Validação de tecnologias visando a sustentabilidade do arroz de terras altas em Paranatinga-MT”.

No evento, foram realizadas palestras sobre a importância da integração lavoura-pecuária na sustentabilidade do arroz; qualidade de grão e aproveitamento de subprodutos do arroz. No campo, foram mostradas cultivares de arroz da Embrapa e da Agronorte e sintomas e controle de doenças do arroz.

As cultivares serão colhidas, serão determinadas a produtividade de cada uma delas e, posteriormente, será feita a classificação e os testes de qualidade culinária em nível de indústria. Esse evento será com a presença de empresários do arroz, produtores e consumidores. Dessa forma, três dos principais atores da cadeia produtiva terão subsídios para suas decisões. Espera-se que os produtores de Paranatinga se organizem e, antes de cada safra, façam um planejamento coletivo, considerando a área a ser plantada, cultivares e a produção total.

Com essas informações, poderá ser negociado com as indústrias de arroz o interesse delas em adquirir toda ou parte da produção e como será o pagamento. A indústria está tentando viabilizar linhas de crédito nas quais o produtor receberá o dinheiro no ato da venda e as indústrias pagarão ao agente financiador, à medida que forem retirando o produto do armazém. A indústria também se mostrou favorável a remunerar melhor os produtos com mais qualidade.

Outra novidade do projeto é que foi feito um estudo sobre os pontos de estrangulamento e as potencialidades do sistema de produção de arroz na região. Para tanto, foi utilizado o Método de Percepção da Sustentabilidade de Sistemas de Produção de Arroz de Terras Altas – MPSAT. Portanto, as tecnologias recomendadas nessa primeira fase e as que serão introduzidas posteriormente estão embasadas em diagnósticos fundamentados em teorias científicas.

Contato:
Carlos Magri Ferreira
magri@cnpaf.embrapa.br
(62) 3533-2184

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