A rapidinha da lavoura

Irga põe no mercado a sua variedade superprecoce: o 421

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O Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) lançará na XI Feira Nacional do Arroz (Fenarroz), em Cachoeira do Sul-RS, a nova variedade superprecoce Irga 421. A variedade é derivada do BR Irga 416, tem um ciclo médio de cultivo de 90 dias e foi descoberta na região central do Rio Grande do Sul pela equipe do gerente regional do Irga, Jaceguay de Barros.

A precocidade da cultivar foi a principal característica que a levou para pesquisa na Estação Experimental do Arroz de Cachoeirinha, do Irga. A característica superprecoce é atrativa para o controle do arroz vermelho, permite uma colheita no cedo, quando o preço de mercado tende a estar melhor, e favorece às lavouras em que há baixa capacidade de mananciais hídricos, pois precisa de apenas 75 dias de irrigação.

A qualidade do grão, segundo os estudos realizados na EEA/Irga, é boa, com 28% de amilose e características de longo-fino e formato cilíndrico. Em contrapartida, a variedade apresenta um potencial produtivo menor do que outras variedades de ciclo médio. O potencial é de até sete mil quilos na Depressão Central gaúcha e oito mil quilos na fronteira.

Na lavoura do produtor Fernando Hoerbe, em Cachoeira do Sul, onde foi realizada uma das experiências com a planta numa área de 12,3 hectares no sistema de plantio direto, foram colhidos 6.096 quilos por hectare, em média, e renda industrial de 63% de grãos inteiros e 6% de grãos quebrados, classificados como tipo um.

Perfil 

Irga 421 Superprecoce

Principal característica: ajuda a controlar o arroz vermelho e a reduzir o banco de sementes da invasora na lavoura
Ciclo médio: 90 dias
Período de irrigação médio: 65 dias
% médio de amilose: 28%
Característica do grão: longo-fino (cilíndrico)
Produtividade: potencial para até sete mil quilos por hectare
Doenças: moderadamente suscetível à brusone
Infestação: na experiência houve infestação moderada de bicheira-da-raiz, o que está associado às condições locais e não à cultivar
Outras características: reduz o consumo de água e antecipa a colheita

Como é feita a pesquisa

• Em 1999 passaram pelo laboratório 11.656 amostras diferentes de variedades de arroz pesquisadas na EEA/Irga de Cachoeirinha.

• A primeira etapa é a realização de um teste físico de centro branco do grão. Os testes químicos são de temperatura de gelatinização (temperatura para iniciar o cozimento) e amilose (para ver se o arroz após o cozimento fica soltinho e saboroso).

• O teste da panela mesmo só é realizado em variedades que passam neste vestibular do arroz. Se passou, o Irga distribui amostras da variedade para alguns especialistas no assunto juntamente com um questionário. Quem testar precisa responder sobre as características do produto quanto a odor, sabor, palatabilidade, flavor, tempo de cozimento, se fica soltinho, seu aspecto visual e qual o processo de elaboração.

• Se passar em todas estas etapas, a nova variedade do Irga vai para o mercado, a lavoura e a mesa dos brasileiros.

Falou & disse

Com o lançamento da cultivar Irga 421, o produtor e engenheiro agrônomo Fernando Hoerbe pretende continuar utilizando a variedade que usou como experiência na safra 1999/2000. Ele plantou a área da experiência no dia 23 de outubro de 1999:
"A partir de agora pretendo plantar um pouco mais tarde para obter maior resultado no uso do herbicida e aproveitar melhor o clima. Pretendo utilizar mais sementes, foram usados 202 quilos por hectare da primeira vez, e adotaria algumas outras práticas de manejo"

GRÃO 

Informação prioritária

O Laboratório de Qualidade do Irga

A Estação Experimental do Arroz do Irga, em Cachoeirinha-RS, é o passo final do processo de pesquisa de novas variedades. É neste laboratório que o produto é avaliado por métodos científicos para ver se, após toda a evolução em produtividade, estrutura da planta, resistência às pragas e doenças e a redução de custos ao produtor, o arroz vai ficar soltinho, saboroso e com o teor necessário de proteínas na panela do consumidor. "Se não passar aqui, não adianta todo o processo anterior", explicou o gerente da Divisão de Pesquisas do Irga, Maurício Miguel Fischer.

Produtividade é o termômetro da pesquisa

A forma mais efetiva de evidenciar os avanços da pesquisa na cultura do arroz irrigado e a difusão dos seus resultados é a produtividade alcançada pelos orizicultores gaúchos, que é similar aos principais resultados obtidos no mundo, segundo Valmir Menezes, pesquisador do Irga. Três fatores são fundamentais para que o arroz esteja neste patamar de desenvolvimento:

1. O material genético (cultivares de alta produtividade)
2. A irrigação (que dá estabilidade e capacidade de aproveitar o potencial produtivo)
3. O manejo

As cultivares desenvolvidas pela pesquisa no Rio Grande do Sul e no Brasil são resistentes às principais doenças. A irrigação proporciona um equilíbrio que não só é importante pelo desenvolvimento sem o estresse da estiagem como também diminui o ataque de doenças e insetos. O bom controle de invasoras que se faz no Rio Grande do Sul e a oferta de boa qualidade de sementes são fatores que fazem um diferencial no manejo e são fundamentais também para que se obtenha altos índices de produtividade na lavoura arrozeira, segundo diagnóstico de Menezes. "Com as variedades hoje disponíveis é possível chegar a uma produtividade superior a 10 mil quilos por hectare. Para chegar a este teto de produtividade o fator fundamental é melhorar o manejo", explicou o pesquisador.