A UCR e as perdas nas lavouras

Autoria: Jerson Luís dos Santos* – Eng. Agrônomo.

Considerando o histórico anterior, das dificuldades da lavoura arrozeira no RS, que motivou a realização de um grande evento no dia 05/06/2015, intitulado “A Falência da Lavoura Arrozeira”, que reuniu mais de 500 produtores de 24 municípios do RS, debatendo os principais problemas enfrentados na ocasião, relacionados ao baixo preço de comercialização e falta de renda para esta atividade.

Após este evento, o preço do produto, gradativamente reagiu no mercado, atingindo um valor de R$ 40,00, sendo que muitos produtores, infelizmente, tiveram que vender arroz entre R$ 29,00 a R$ 32,00 por saco.

A esperança toda ficou centrada na safra 2015/2016, que começou totalmente prejudicada, com a elevação dos custos de produção, notadamente em relação ao óleo diesel, fertilizantes e energia elétrica. Muitos produtores, em função de dívidas e por ficarem alijados do crédito rural, abandonaram a atividade, fato comprovado pela redução de aproximadamente 1.500 hectares de arroz nesta última safra.

Apesar do quadro desfavorável, os produtores foram a luta, mesmo com o anúncio do fenômeno “El Nino” para a safra 2015/2016. Não deu outra, no mês de outubro, ocorreu uma grande enchente, na ocasião a 2ª maior da história, sendo que os prejuízos não foram de grande monta em função da grande maioria não ter realizado o plantio, apenas com significativo atraso nas operações de preparo do solo para a safra.

O plantio/semeadura de arroz, com atraso significativo, foi realizada e no final do ano, novamente, uma grande enchente, superando a de outubro, sepultou as esperanças da grande maioria dos arrozeiros da região, causando a morte completa das plantas numa área de mais de 5.000 hectares e redução de 50% do potencial de produtividade numa área de aproximadamente 10.000 hectares.

Além da perda das lavouras, a categoria teve de conviver com a dificuldade de acessos, especialmente com a queda da cabeceira da ponte na BR 153 e também pela destruição da infraestrutura das lavouras, afetando estradas, pontes, bueiros, canais, drenos, redes elétricas, taipas, etc…

Após o retorno das águas a sua normalidade, foi a hora de contabilizar os prejuízos, com a presença de peritos das seguradoras para o levantamento das perdas. Muitas lavouras não tiveram a contratação de seguro agrícola, em função do término da subvenção do governo federal, sendo que o produtor arca com a metade do prêmio e o governo federal com a outra metade.

Desta forma, muitos produtores ficaram sem a cobertura do seguro agrícola e alguns optaram por contratar o PROAGRO, que possibilita apenas a cobertura de uma parte do financiamento, pois a cobertura é de 70% a 100% e realizada glosas (descontos) para os insumos/serviços não aplicados/realizados. No seguro privado, não existem descontos e a cobertura é integral nos casos de perda total.

Além das perdas apuradas na cultura do arroz irrigado, a cultura da soja, implantada na várzea ou terras baixas, na rotação com arroz, teve uma área muito grande, algo em torno de 10.000 hectares de soja, tiveram perda total, lavouras estas cultivadas por arrozeiros, aumentando ainda mais os prejuízos.

A UCR, diante da crise atual, participou de importante reunião na cidade de Uruguaiana-RS no dia 06/01/2016, organizada pela FEDERARROZ e com a presença no Ministro da Integração Nacional e também o Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, quando foram relatados os prejuízos na lavoura arrozeira. Esta apresentação coube ao presidente da FEDERARROZ, Sr. Henrique Dorneles e também pelo Presidente da UCR, Sr. Ademar Kochenborger.

Nesta reunião, ficou determinado a apresentação de um relatório detalhado das perdas, para ser entregue até a data de 15/02/2016, sendo que o IRGA de Cachoeira do Sul está realizando este levantamento.

Nesta mesma reunião foi ventilada a idéia de construir um pacote de renegociação de dívidas, englobando a atual safra e também o passivo de dívidas existentes, para pagamento em prazo longo e com rebate (desconto) por ocasião do pagamento em dia.

Esta proposta, para ser aprovada, depende de forte apoio político, o que é facilmente conquistado em demandas encaminhadas pelos nordestinos (em função de secas) e quando os arrozeiros sofrem com chuvas excessivas, tromba d´água e enchentes, o apoio da classe política é pequeno, haja visto, que na reunião de Uruguaiana, apenas o Deputado Federal Luiz Carlos Heinze e o Deputado Estadual Frederico Antunes estavam presentes.

No contexto atual, a preocupação da Diretoria da UCR é muito grande. Na última reunião, realizada pelos arrozeiros de Cachoeira do Sul e Depressão Central, no dia 08/01/2016, na sede da empresa Vasconcelos Agrícola, foram debatidos assuntos relacionados as perdas, seguro agrícola, mau gerenciamento das barragens no Alto Jacuí e como fazer para pagar as dívidas assumidas com os agentes financeiros e também junto ao comércio, pois, muitas lavouras são financiadas diretamente pelos comerciantes.

ALERTA

A missão da UCR é trabalhar na defesa dos interesses da lavoura arrozeira, dependendo do apoio e da participação efetiva de todos, pois, haverão muitas reuniões e debates nas próximas semanas, com diversas viagens para Porto Alegre e Brasília, demandado esforços, tempo e dinheiro.

Desta forma a Diretoria junto com o seu Presidente Ademar Kochenborger solicita a todos os arrozeiros que, dentro de suas possibilidades, coloquem em dia o valor da sua anuidade, correspondente a 10 sacos de arroz, no valor de R$ 40,00/saco, totalizando R$ 400,00 (quatrocentos reais) por produtor. Para realizar o pagamento, a Diretoria da UCR solicita que os arrozeiros telefonem para o Tesoureiro, Sr. José Derly Mourales, (fone 51-99961805) que irá providenciar a melhor forma de proceder ao pagamento.

Para desapontamento e tristeza da Diretoria da UCR, estão circulando boatos na cidade, que pessoas não autorizadas estão realizando a coleta de ajuda financeira de toda ordem, usando o nome da UCR. A Diretoria está tomando as providências cabíveis ao caso e solicita a todas as pessoas e entidades que, em hipótese alguma, realizem qualquer doação, sem a presença de membros da atual Diretoria, composta por Ademar Kochenborger, Arlei Haetinger, José Derly Mourales Pereira e Cláudio José da Silva Machado.

1 Comentário

  • À UCR e todos produtores de arroz do sul do Brasil: estivemos unidos nos últimos 30-40 anos, e só conseguimos algum resultado quando essa união foi forte suficiente para sensibilizar os governos. Infelizmente nem sempre tivemos o apoio de nossas delegadas, mas o momento é de união e participação em todos os momentos, como na 26ª ABERTURA OFICIAL DA COLHEITA DO ARROZ, na nossa ALEGRETE, de 18 a 20 de fevereiro, quando entendo que toda essa "tragédia" arrozeira vai pautar nossas conversas e preparação de estratégias.

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