A união faz arroz e soja
Projeto 10+ e Soja 6000
começam a buscar a
confluência de tecnologias.
Dois dos mais importantes projetos de pesquisa e transferência de tecnologia em desenvolvimento pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), o Projeto 10+, que busca superar os fatores limitantes que impedem parte da lavoura gaúcha de alcançar tetos superiores de média produtiva em arroz, e o Soja 6000, que busca eficiência e produtividade na aplicação de tecnologias para cultivo da oleaginosa em várzeas, começam nesta temporada a buscar confluência.
A estratégia faz parte do planejamento técnico do Irga para que, associadas, as tecnologias e cultivos se completem e alcancem os melhores resultados agronômicos e econômicos para o orizicultor.
“Com base nesta evolução do sistema de cultivo e no ingresso da soja e da pecuária mais profissional em ambiente de terras baixas, o arrozeiro tornou-se um produtor de alimentos e as tecnologias devem se somar em busca de resultados”, explica Rodrigo Schoenfeld, gerente da divisão de pesquisas do Irga.
Segundo ele, encontrar um ponto de eficiência nas duas culturas que agregue qualidade ao solo, renda ao produtor e conceitos de boas práticas agrícolas e ambientais são fundamentais na transferência de tecnologias. “Esse é o foco geral, mesmo que algumas ações sejam muito específicas para atender questões pontuais”, explica.
Segundo o pesquisador, o Projeto 10+, que é desenvolvido com parceria do Fundo Latino Americano de Arroz Irrigado (Flar, na sigla em espanhol) e consultoria dos especialistas em transferência de tecnologia Luciano Carmona e Edward Pulver, já na primeira rodada de roteiros teve 80 áreas diretas que estão 100% sob o controle do Irga, mas outras 130 áreas foram instaladas sob controle dos produtores.
Para 2017/18 a proposta já será ajustada para ampliar o controle das tecnologias com foco na rotação de culturas e na maior eficiência produtiva. “O nosso negócio é o arroz, mas a soja ganha destaque por também ser uma ferramenta importante para dar sustentação agronômica e econômica ao arroz”, explica Schoenfeld.
Para Luciano Carmona, o desafio do Projeto 10+ não é apenas fazer com que alguns produtores superem os tetos de 12 a 13 mil quilos do cereal colhidos por hectare, mas fazer com que aqueles que produzem 6 a 7 mil também tenham evolução, reduzindo a diferença entre os extremos das médias. “Em alguns casos é questão de tecnologia, conhecimento, ajustes de manejo, do próprio solo. Em outros é a gestão destes recursos. Nosso trabalho é identificar os fatores limitantes e superá-los da melhor maneira possível”, resume.
Soja 6000
O projeto Soja 6000 volta este ano com 62 áreas demonstrativas e os manejos estão definidos com alguns focos específicos baseados nos diagnósticos da safra passada realizados por técnicos e produtores no Encontro Sul Brasileiro de Produção de Soja em Terras Baixas. Chamaram a atenção avaliações de dois fatores: época de semeadura e adubação. Em novembro, com as novas recomendações técnicas para a soja em rotação com arroz, ficaram claros alguns destes limitantes. O primeiro deles é que 85% das áreas analisadas têm baixa ou muito baixa presença de fósforo, o que demanda uma correção importante no solo. Também ficou claro que, em média, o agricultor está buscando produzir 100 sacas por hectare, mas aplica fertilizante apenas para 40, 50 sacas. “É preciso ter atenção com isso. São fatores que comprometem o resultado da lavoura e a pesquisa vem fazendo seu papel em identificar, alertar e recomendar a correção”.