Abastecimento garantido
Queda de 8,7% na safra não afeta o bastecimento
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O Brasil colherá 8,7% menos arroz na safra 2009/2010 por conta das variações climáticas causadas pelo fenômeno El Niño, que afetaram principalmente o Rio Grande do Sul. Segundo o 5º Levantamento da Safra 2009/2010, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o excesso de chuvas em novembro e dezembro, que alagou plantações e provocou enxurradas que obrigaram ao replantio em diversas lavouras gaúchas, é a principal causa da retração produtiva. Dessa maneira, a colheita brasileira deverá render 11,508 milhões de toneladas de arroz, cerca de 1,1 milhão a menos do que os 12,602 milhões de toneladas da safra 2008/2009.
A safra gaúcha foi prejudicada inicialmente pela falta de chuva que deixou as barragens com falta de água e atrapalhou o dimensionamento da demanda para a irrigação das lavouras. Quando choveu, o tempo não deu trégua para o plantio e parte dos produtores que o fizeram acabaram tendo perdas com lavouras invadidas pelos rios e arroios, açudes que romperam ou enxurradas. “As condições climáticas atrapalharam, mas ainda assim houve problemas de manejo e planejamento. Temos lavouras divididas apenas por uma cerca que estão sendo colhidas na melhor época e outras que estão muito atrasadas”, explicou o diretor-técnico do Irga, Valmir Menezes.
No Brasil a área cultivada total alcançou 2,795 milhões de hectares, diante dos 2,909 milhões semeados no ciclo imediatamente anterior. A retração é de 3,9%. A produtividade média deve cair 5%, para 4,117 mil quilos por hectare. Ainda segundo a Conab, a redução ocorreu tanto no arroz de sequeiro como no arroz irrigado. De acordo com a Conab, as maiores reduções nas áreas de terras altas são verificadas em Mato Grosso do Sul (-24,5%), Minas Gerais (-6,4%) e Mato Grosso (-12,8%). No caso do irrigado a queda de área no Rio Grande do Sul foi de 2,4%. O atraso também alongará o período de colheita, com tendência de produtividade decrescente à medida em que termine o verão.
ESTADOS
O Rio Grande do Sul, principal estado produtor brasileiro, deve ter uma safra de 6,855 milhões de toneladas, com recuo de 13,3%. A área prevista é de 1,079 milhão de hectares, 2,4% menor que os 1,105 milhão de hectares da safra passada. A produtividade estimada é de 6,350 mil quilos por hectare, 12,6% a menos do que os 7,150 mil quilos colhidos em 2009. Já em Santa Catarina, que recuperou a segunda posição no ranking da produção arrozeira nacional, a produção avançará 3,7%, segundo a Conab, totalizando 1,07 milhão de toneladas.
Na terceira posição do ranking nacional vem o Mato Grosso, com safra estimada de 742 mil toneladas, redução de 7,7% sobre as 803,9 mil da safra do ano passado. Por outro lado, o Maranhão voltará a ter incremento de safra. A Conab estima uma safra de 684,4 mil toneladas, 13,2% de incremento sobre as 605 mil toneladas estimadas no ciclo 2008/2009. O rendimento é baixo em razão dos sistemas de cultivo, que inclui roça de toco, uso de variedades de arroz de sequeiro de baixa produção e baixa tecnologia em áreas de subsistência, não passando de 1.420 quilos por hectare. Ainda assim há um avanço de 12,3% sobre o rendimento médio obtido no ciclo 2008/2009, de 1.264 quilos. Este aumento é significativo, considerando que a área deve aumentar apenas 0,7%, para 482 mil hectares.