África do Sul deve ampliar cultivo de arroz

 África do Sul deve ampliar cultivo de arroz

Instituto Internacional de Pesquisa do Arroz tem dado suporte ao desenvolvimento de arroz africano

Com limitações dos fornecedores asiáticos, por causa do Covid-19, africanos entendem que precisam reduzir a dependência externa.

Ainda não está claro qual será o impacto no mercado global depois que vários países baniram ou restringiram as exportações de arroz devido ao Covid-19, diz o Conselho Nacional de Mercados  Agrícolas (NAMC). A África do Sul deve ficar bem, com relação ao seu abastecimento, por enquanto.

Mas o país realmente precisa se concentrar na produção local de arroz, dizem os integrantes da entidade – e precisa superar a ideia de que se trata de um cultivo que demanda muita água.

Restrições, e até proibições diretas, à exportação de arroz impostas por vários países fornecedores em meio ao Covid-19 não devem ter um impacto de curto prazo na África do Sul, segundo nota do NAMC publicada na quarta-feira.

Mas a África do Sul deverá aumentar a produção local de qualquer maneira.

Várias restrições às vendas de arroz foram impostas ou estabelecidas por norma ou circunstância, e em alguns casos ainda existem, por 12 países: Vietnã, Filipinas, Mianmar, Mali, Índia, Quirguistão, Camboja, El Salvador, Rússia, Armênia, Tajiquistão e Bielorrússia. Ainda que muitos desses não sejam exportadores do grão, mas de trigo, e já tenham suspendido as restrições, há insegurança dos países importadores quanto ao potencial de abastecimento caso os fornecedores – em especial da Ásia, tenham novas ondas da doença. 

Isso poderia afetar até o preço de outros produtos básicos, como batatas e farinha de trigo; "implicações negativas na forma de um aumento drástico nos preços de varejo do arroz e de outros itens alimentares estreitamente relacionados provavelmente surgirão se as várias cadeias de valor ou participantes do mercado aumentarem diante do medo de redução de estoques de arroz no país", disse Moses Lubinga, economista e analista de mercados agrícolas do NAMC.

"Dados estatísticos comerciais disponíveis não podem fornecer uma imagem clara das implicações reais, juntamente com a grande incerteza sobre a duração dessas restrições", afirmou Lubinga.

A África do Sul importa mais de 70% de seu arroz da Tailândia e grande parte do restante da Índia, e assim "não há conseqüências previsíveis para a África do Sul devido às medidas comerciais restritivas impostas ao arroz por alguns países durante a pandemia do Covid-19, especialmente se as medidas comerciais não estiverem em vigor por um período prolongado", observou.

Para ele, o país africano deve ser capaz de compensar a escassez de arroz com farinha de milho.

Mesmo assim, o NAMC recomendou que a nação amplie a quantidade muito pequena de arroz produzido internamente "em preparação a choques imprevisíveis semelhantes, que podem surgir no futuro próximo no comércio internacional".

"A escola de pensamento de que a África do Sul é um país com escassez de água, o que implica que o país não pode se aventurar na produção comercial de arroz, pode ter que ser revisada, já que as evidências científicas existentes sugerem que existem variedades de arroz de terras altas que produzem bons rendimentos em terras mais secas", acrescentou.

Se procurar outro local do Continente, também se poderá encontrar lugares onde possa co-investir na produção de arroz em países vizinhos com a vantagem comparativa e competitiva de fazê-lo, de modo que as importações de arroz desses países específicos se tornem facilmente acessíveis aos consumidores africanos", exemplificou. O tema será abordado em uma reunião ministerial segundo o conselho.

Durante os meses inciais da pandemia, a África do Sul importou cerca de mil contêineres de arroz parboilizado de Santa Catarina. Segundo os agentes, os consumidores consideram o produto catarinense similar ao grão parboilizado asiático, enquanto o "parbo" gaúcho é mais demandado em mercados tradicionalmente abastecido pelos Estados Unidos em razão de suas semelhanças. 

Santa Catarina tem uma boa relação de negócios de arroz com os sul-africanos desde 2011.

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