Agora é a hora para combater subsídios dos EUA ao arroz

Opinião é de advogado, ex-lobista no Congresso norte-americano, mas não é acompanhada por outros analistas.

A hora para abrir um painel na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os subsídios norte-americanos às exportações de arroz é agora. Esta é a conclusão de J. Stephen Gabbert, que já foi lobista de agricultura no Congresso norte-americano e participou ontem da mesa redonda denominado `Arroz na OMC – Discussão sobre possível abertura de painel ante os subsídios norte-americanos, realizado na Expointer, em Esteio (RS).

Para Gabbert, o setor orizícola tem que aproveitar a previsão de mudanças na legislação agrícola dos Estados Unidos em 2007.

– Muitas organizações não governamentais vão apoiar a redução destes subsídios – acredita.

Segundo ele, há pessoas dentro do próprio Congresso que querem reduzir os gastos com o setor agrícola, preocupados com o orçamento americano. Gabbert lembra ainda que o arroz e o algodão são os produtos agrícolas mais subsidiados.

– Na minha opinião, os Estados Unidos nem deveriam plantar arroz, já que não é um produto vital na alimentação da população do país – afirma.

Bart Fisher, advogado norte-americano que participou da mesa, acrescenta que o país só produz arroz porque existem subsídios.

– Sem este auxílio aos produtores, não há dúvida que o Brasil teria uma maior abrangência no próprio mercado norte-americano, sem contar que não iria entrar tanto cereal dos EUA na América Latina – relata.

Conforme o advogado, o processo do painel para o arroz é parecido com o algodão, sendo possível obter sucesso nesta disputa.

Já André Nassar, do ICONE, não tem tanta certeza se este é o melhor momento para ingressar na OMC.

– O Brasil não é um grande exportador do cereal e atualmente os subsídios pagos nos EUA estão muito baixos – explica.

Para ele, sentimento que foi compartilhado por todos os palestrantes, a vitória só seria possível com uma coalizão entre Brasil Argentina e Uruguai, ou até mesmo com países do Caribe. De 2000 a 2002, a ajuda do governo norte-americano aos rizicultores atingiu o ápice.

– Naquele momento, deveríamos ter ingressado na OMC, mas não estávamos preparados, éramos inexperientes – lamenta Nassar.

Em 2001, por exemplo, o auxílio causou uma redução de 25% nos preços internacionais do cereal. A partir de 2003, os subsídios começaram a cair, e agora, em 2006, quase não são dados, exceto os fixos (Direct Payments de US$ 51 por tonelada de arroz), que não são reconhecidos pela Organização como depreciadores de preços.

O palestrante uruguaio Antonio H. Iguiní ressaltou que seu país é um dos sul-americanos mais afetados pela ajuda financeira dos EUA, já que produz cerca de 1 milhão de toneladas, sendo a grande maioria destinada a exportação. Para ele, se depender de seu país, a disputa acontece. Inclusive, países como o Suriname teriam interesse nesse processo, para poder vender arroz para localidades da América Latina, finaliza.

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