Agronegócio americano já vislumbra negócios com Cuba

Arroz está na pauta de negociação. Mercado cubano tem boa receptividade do produto brasileiro.

A decisão da Casa Branca de normalizar as relações diplomáticas com Cuba deverá abrir às empresas americanas uma nova frente de negócio. A ilha caribenha necessita de tudo – ou melhor, "de tudo o que nós fazemos nos Estados Unidos", segundo afirmou um executivo da Cartepillar -, incluindo alimentos e equipamentos agrícolas. Algumas empresas já mostram intenção de abrir representações comerciais no país.

A gigante Cargill, uma das maiores lobbistas para o fim do embargo, postou nas redes sociais sua satisfação com o desfecho das negociações, ao lado de fotos de executivos da companhia em visita recente à Cuba.

"Os dois países merecem a oportunidade de comercializar uns com os outros", disse David MacLennan, CEO da multinacional, membro da Coalizão Americana de Agricultura para Cuba (USACC, na sigla em inglês), que reúne 20 associações agrícolas de peso dos Estados Unidos.

Um porta-voz da ADM afirmou que a companhia buscaria oportunidades na ilha. "Se as regulamentações mudarem o comércio entre EUA e Cuba, nós estaremos prontos para nos adaptar para as novas oportunidades que surgirem".

O diretor de assuntos corporativos da Caterpillar, Bill Lane, sintetizou seu otimismo dizendo que "Cuba necessita de tudo o que fazemos nos Estados Unidos", afirmou à Dow Jones Newswires. Segundo ele, a companhia espera em breve uma representação em Cuba, de forma que comece a vender equipamentos agrícolas, de construção e mineração. "Ficamos tentando puxar uma nova política para Cuba por 15 anos".

Desde que os EUA impuseram o embargo, as companhias americanas perderam acesso a um mercado de 11,3 milhões de consumidores localizados a poucos milhares de quilômetros das regiões produtoras americanas. Em 2013, os EUA exportaram o equivalente a US$ 300 milhões em medicamentos e US$ 3 bilhões em alimentos – ambos permitidos dentro dos moldes do embargo. Os valores mostram o potencial de mercado que se abre agora para os exportadores americanos.

Os esforços possibilitarão a exportação de alguns produtos e relaxarão restrições financeiras. Mas o embargo comercial total entre os dois países necessita ainda da aprovação do Congresso Americano. Por ora, os EUA poderão embarcar para Cuba apenas equipamentos agrícolas, materiais de construção e produtos utilizados pelo pequeno comércio.

De qualquer forma, o acesso a um mercado segregado por mais de meio século parece promissor também para os produtores rurais. Com o anúncio de ontem, eles passarão a exportar sua safra sem as restrições que tornaram o comércio burocrático e custoso com a ilha. "Há uma oportunidade potencial de negócio. E quando isso acontece, os agricultores americanos geralmente respondem positivamente", disse o ministro da Agricultura, Tom Vilsack.

O segmento de arroz deve ser especialmente beneficiado. O consumo per capita do cereal é praticamente cinco vezes superior ao americano.

"As mudanças bancárias são também muito importantes porque reduzirão significativamente a burocracia e os custos associados a negócios com Cuba", disse Betsy Ward, presidente e CEO da Federação Americana de Arroz. Ward afirmou que há muito argumenta que "o embargo não era a Cuba, já que eles podem recorrer a outros produtores para supri-los, mas aos produtores americanos de arroz, cujo próprio governo os cortou de um de seus principais mercados".

Segundo Greg Yielding, diretor-executivo da Associação de Arrozeiros de Arkansa, Cuba foi no passado o maior mercado exportador de arroz dos EUA. "O país prefere as variedades de arroz longo cultivadas em Arkansa, Louisiana, Mississippi e no Texas", disse ele. "Mas Cuba passou a importar da China e da Venezuela".

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