Ajuste nos números da Conab não surpreende a Federarroz

Entidade já alertava para a safra menor do que o esperado e um quadro de oferta e demanda mais ajustado no Brasil. Posição se refere ao levantamento divulgado no início de junho.

Na última terça-feira, 10 de junho, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou o seu 9º Levantamento da Safra de Grãos 2013/14 alterando significativamente a previsão da safra de arroz e o quadro de oferta e demanda referente a 2013/14 e a projeção para 2014/15. A redução, quase à metade do estoque de passagem, que tem por base o dia 28 de fevereiro de 2014, não trouxe surpresas à Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz).

A entidade alertava há meses aos órgãos governamentais de que as disponibilidades e a própria safra nacional seriam menores do que divulgados oficialmente, pela intervenção do clima na produtividade das lavouras gaúchas, pelo superdimensionamento dos estoques e uma falha nos questionários da Pesquisa de Estoques Privados realizado pela Conab nas últimas temporadas. O levantamento atualizado reduziu o estoque de passagem de 2,032 milhões de toneladas de arroz para 1,232 milhão t.

Desde a retomada da pesquisa dos estoques privados, há três safras, a Federarroz se contrapôs ao formato dos levantamentos. Com a colheita iniciando cada vez mais cedo, e a falta de esclarecimentos de que os estoques informados no dia 28 de fevereiro de cada ano não deveriam contabilizar o arroz recém colhido, as pesquisas anteriores poderiam conter vícios na origem. Na presente safra, o procedimento foi corrigindo. Assim, apresentou um estoque privado de 496 mil toneladas. E o estoque inicial da presente safra foi reduzido a 1.082,1 mil toneladas.

A Conab também reduziu praticamente 400 mil toneladas na projeção de colheita da safra 2013/14 e, com isso, foi mais uma vez impactado o estoque de passagem ao final de 2014. Desde o final de 2013, a Federarroz vinha alertando para a dissonância das projeções de safras divulgadas pelos organismos oficiais gaúchos e nacionais e a realidade das lavouras. A entidade considera que o distanciamento dos técnicos dos governos, especialmente responsáveis pelos levantamentos de safra, com o setor produtivo, gera este tipo de equívoco que acaba custando caro. A cadeia produtiva e o mercado já atuavam sobre outra perspectiva desde o início do ano, enquanto o governo insistia em superestimar a safra e os estoques. Estes volumes indicados no estoque de passagem pela atualização do quadro de oferta e demanda reforçam a tendência de manutenção dos preços e a remuneração adequada ao produtor na temporada comercial 2014/15.

Ainda sobre os números, mas considerando o comércio exterior, cabe a ressalva que passados três meses do atual período comercial – de 1º de março de 2014 a 28 de fevereiro de 2015 – o Brasil definitivamente consolida-se como exportador líquido, já com um saldo superior a 150 mil toneladas. Esta situação, no mínimo, sugere que o referido quadro de oferta e demanda precisará de mais uma profunda revisão nos próximos meses.

Diante das notícias positivas na formação dos preços, a entidade ainda aproveita para reforçar a importância da oferta constante por parte do produtor, mas de forma organizada e escalonada, mantendo ao mesmo tempo o abastecimento e os preços no formato com que o mercado vem se apresentando no ano de 2014.

A queda de produtividade abaixo de 7 mil quilos por hectare em três regiões: Depressão Central e Planícies Costeiras Interna e Externa à Lagoa dos Patos, também exige para estes produtores melhor remuneração para cobrir os custos. Apesar dos preços médios superiores a R$ 35,00 em diversas regiões, a Federarroz considera que não há motivos para comemorar, pois as margens de comercialização são extremamente apertadas, especialmente onde caiu a produtividade.

PORTEIRA

A Federarroz alerta ainda que o produtor deverá precaver-se para ações de preparação da próxima safra. Uma delas é a previsão de ocorrência do fenômeno climático El Niño, cuja consequência é o maior volume de chuvas no Sul do Brasil para temporada 2014/15. E lembra que, também para o planejamento da próxima safra, o arrozeiro deve estar atento à importância da manutenção da área de plantio, assim assegurando a capacidade de garantir o abastecimento e a manutenção dos preços em níveis que garantam remuneração adequada, especialmente diante dos aumentos dos custos que vêm acontecendo em diversos insumos, como energia elétrica, fertilizantes, defensivos, combustíveis. A situação é tão relevante que a Federarroz planeja para a 11ª Abertura do Plantio, a ser realizada no dia 29 de agosto na Expointer, palestras com foco em custos de produção e situação econômica brasileira e mundial agrícola, na tentativa de prover aos produtores informações capazes de contribuir para um perfeito planejamento financeiro.

1 Comentário

  • Parabéns ao trabalho da FEDERARROZ… Alguém tem que mostrar para a indústria e o varejo que vender arroz a R$ 35 é tufo (prejuízo)… Ninguém está segurando ou escondendo arroz… Os produtores que ainda tem arroz sabem que precisam vender melhor os 50% (quem ainda tem) que sobraram da minguada safra para poder custear a próxima safra, pagar as dívidas e os custeios… Nos dois últimos anos deu pouco arroz… Recém que a ficha está caindo… Que estão acordando para a realidade… Não adiantou teimar… A verdade sempre aparece… Mas repito tem arroz para vários meses… Ainda não existe risco de desabastecimento… E está sendo ofertado bastante arroz de forma escalonado, pois os produtores estão pagando seus compromissos bancários que vão perdurar em sua maioria até outubro… Não há necessidade de leilões, muito menos importações descabidas… Agora acreditar que vão comprar arroz a menos de R$ 35 daqui para a frente é tolice… O varejo que se mexa e vá aumentando na prateleira… Acordem para a realidade também!!!

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