– Em primeiro lugar, há um certo reconhecimento por parte dos produtores e daqueles que estão ligados ao arroz, da importância que a ACA teve de diagramar a política institucional do setor arrozeiro, de se relacionar internamente com o governo atores, com os diferentes organismos, e também influenciar a relação com o mundo exterior.
Estamos convencidos de que a associação é uma ferramenta que gerou conquistas para todo o setor e beneficiou o desenvolvimento da atividade. A maioria de nós somos produtores familiares e nos dedicamos a isso como nossa principal e única atividade. Encontramos na ACA o caminho para fazer nossas propostas, reivindicações e proposições.
Passados 75 anos, pode-se ver os resultados e quão boa e oportuna foi a ideia dos produtores fundadores da ACA no ano 47, que tiveram a capacidade de olhar para frente e visualizar a criação de uma entidade que hoje é a única e representa quase todos os produtores de arroz do país.
-Como você definiria a realidade atual do setor?
-O setor hoje está em uma situação estável, temos dois anos com resultados econômicos positivos. Vale lembrar que anteriormente tivemos seis anos de um contexto adverso, onde muitos produtores caíram no esquecimento, a área de plantio foi reduzida e várias indústrias de arroz tiveram que fechar suas usinas de beneficiamento. De qualquer forma, nos últimos tempos conseguimos recuperar parte da área que deixamos – estamos nesse processo –, reinvestir, melhorar nossas instalações e várias indústrias estão em processo de melhoria. Deste ponto de vista, entendemos que este é um bom momento para o setor.
-Qual a importância do item para a economia uruguaia?
-É um dos principais setores de exportação, geramos quase US$ 500 milhões de divisas por ano, e só fazemos isso em 1% da área nacional. Isso significa que teríamos capacidade de gerar externalidades muito positivas para muitas regiões mais distantes da capital do país, onde a cadeia do arroz é de grande importância em nível socioeconômico. Portanto, acredito que o Uruguai como um todo se beneficiou muito com tantos anos de atividade.
-Que perspectivas tem em termos de integração internacional?
-95% do que produzimos temos para exportar, pelo que a inserção internacional é um elemento chave para conseguirmos obter bons níveis de volume de colocação e também de elaboração de produtos. É por isso que talvez onde melhor capitalizarmos nossos negócios seja onde o Uruguai pode ter acordos comerciais ou naqueles destinos onde a carga tarifária não é alta. O mercado de arroz no mundo é muito competitivo, muito protegido, e isso tem produzido certas distorções na avaliação, mas o Uruguai conquistou reconhecimento, basicamente, pela seriedade com que é administrado e pela qualidade do produto que oferece.
-Quais são os principais desafios futuros para o setor arrozeiro?
-Os desafios são sempre antecipar um pouco os movimentos desse mercado mundial, justamente pela dependência de colocação e, nesse sentido, devemos insistir para que haja maior e melhor inserção internacional baseada em tratados entre países.
Ao mesmo tempo, não podemos negligenciar a competitividade interna. Nossas chances de gerar um negócio atrativo para o produtor, para a cadeia do arroz e para o país em geral tem a ver com a nossa competitividade, e às vezes o Uruguai fica um pouco para trás. Para isso, tudo relacionado a uma melhor infraestrutura, a saída para o exterior por portos mais eficientes e com tarifas mais condizentes com a realidade dos países que concorrem conosco, são desafios que a ACA vem trabalhando há muito tempo. . , porque entendemos que é aí que reside a essência das possibilidades competitivas do Uruguai, não apenas no setor arrozeiro, mas em todos os setores agroexportadores.