Aliado de peso

Epagri tem posição favorável ao arroz Liberty Link
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A polêmica em torno da liberação comercial do arroz geneticamente modificado Liberty Link, da Bayer, ganhou um novo capítulo com a recente manifestação da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) em favor do transgênico.
Na contramão da posição adotada por produtores, indústria, ambien-talistas e da própria Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Epagri sustenta sua opinião com base em aspectos técnicos. “A equipe técnica de pesquisa em arroz irrigado da Epagri é favorável por tratar-se de uma nova ferramenta para o manejo do arroz vermelho”, explica José Alberto Noldin, engenheiro agrô-nomo e pesquisador da Epagri.
Para o pesquisador, trata-se de um sistema eficiente, do ponto de vista agronômico. “Um ponto extrema-mente importante refere-se ao fato do sistema utilizar um herbicida (glufosinato de amônio), cujo uso é inédito em áreas de arroz e pertence a um mecanismo de ação diferente de todos os demais registrados para uso em arroz irrigado no Brasil”, destaca.
De acordo com Noldin, este sistema poderia se constituir em uma alternativa de manejo eficiente para ser utilizada em sistema de rotação, especialmente nas áreas com ocorrência de populações de arroz vermelho resistente ao herbicida Only, utilizado no sistema Clearfield. “Na nossa posição, se leva em consideração o aspecto técnico, sem detalhar aspectos relativos ao mercado e à aceitação, ou não, pelos consu-midores”, afirma.

ANÁLISE – A liberação da variedade geneticamente modificada desenvolvida pela multinacional foi tema da audiência pública promovida em março pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Na ocasião, a decisão contrária à aprovação do tema levou em conta justamente os aspectos relativos ao mercado e à aceitação dos consumidores, citados pelo pesquisador da Epagri: a maioria dos países consumidores de arroz, principalmente a Europa (destino de quase 20% das exportações gaúchas do cereal), faz pesadas restrições ao produto.

 

Ponto positivo

Na avaliação do gerente de Tecnologia Brasil da Unidade de Negócios BioScience, da Bayer CropScience, André Abreu, a audiência pública foi um momento importante para esclarecer as dúvidas remanescentes. “Na sequência, a CTNBio encaminhou à Bayer CropScience um conjunto adicional de questões técnicas, as quais foram esclarecidas dentro dos prazos estipulados pela comissão. Esperamos agora que nos próximos meses os especialistas da CTNBio possam fazer a revisão científica final e ainda no ano de 2009 chegar a uma decisão que habilite o uso comercial, mas enfatizamos que isto não significa o plantio imediato”, explica.
Abreu salienta que a posição da Bayer CropScience na obtenção dos registros comerciais para o arroz Liberty Link é apenas o primeiro passo. “A disponibilidade de sementes ficará para depois porque temos compromisso de somente iniciar o suprimento de sementes sob entendimento com a cadeia produtiva, além do que, a produção de sementes certificadas levaria também alguns anos. Entretanto, para prover o agricultor do direito de optar mais adiante por uma nova tecnologia e poder atendê-lo, se faz necessário um trabalho prévio para a obtenção dos registros, e este é o nosso compromisso”, observa.
A Bayer sustenta que a tecnologia é de qualidade e de enorme potencial de utilidade para a orizicultura brasileira. “Vamos disponibilizá-la nas condições em que se possa fazer um uso sustentável e em consenso com a cadeia produtiva”, garante André Abreu.

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