Alívio imediato

“Hoje, trabalhando há anos no Brasil com prejuízo, só o arrozeiro”.
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O pacote de R$ 303 milhões que o governo federal lançou para dar suporte à política de comercialização e preços do arroz, por meio de AGFs e leilões de PEP para 1,38 milhão de toneladas de arroz, trouxe alívio imediato ao mercado. Há na sociedade, nos meios políticos e até na cadeia produtiva do arroz quem pense que está “tudo resolvido”, mas não está. Mal comparando, o pacote é o remédio para a febre de um paciente com uma infecção séria. As causas do mal não foram tratadas. 

O investimento é necessário, sim, mas e se esse dinheiro todo (e muitos bilhões já investidos nestes mecanismos) tivesse sido aplicado anteriormente para dar competitividade ao arroz nacional frente às importações do Mercosul e para ações de exportação? E se houvesse investimentos sérios em favor do consumo do arroz, um alimento altamente recomendado pelos especialistas da área de nutrição e saúde? E se o país tivesse investido em reduzir tributos sobre a produção?
A verdade é que a medida veio com atraso, é paliativa e empurrará por alguns meses o preço de R$ 22,00 para R$ 25,80 em algumas operações (as oficiais, pelo menos). Mas e depois? 

O Mercosul continuará tendo vantagens competitivas, a concentração produtiva será mantida, o escoamento da safra continuará burocrático e de alto custo dentro do mercado brasileiro?
As AGFs têm o custo de um dia voltarem ao mercado, incharem os estoques públicos e reduzirem a capacidade e o fluxo de estocagem. E ninguém garante a negociação integral de 1,020 milhão de toneladas de PEP. O momento é do governo federal, o Estado, a Câmara Setorial e a cadeia produtiva construírem e consolidarem políticas que atendam as reais necessidades do setor, que passam pela desoneração tributária da produção de alimentos e insumos, apoio eficiente às exportações do Brasil (ou compensação por volumes importados) e apoio ao escoamento da safra gaúcha e catarinense para as demais regiões em condições de competir com o Mercosul. 

Não basta produzir mais e melhor se fora da porteira é agregado um custo absurdo ao arroz que inviabiliza a sua rentabilidade. Ninguém trabalha para ter prejuízo. Hoje, no Brasil, talvez só o arrozeiro.

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