América Latina é contra subsídios dos Estados Unidos ao arroz
Produtores americanos colocam no mercado um produto bem abaixo do preço de custo .
O setor arrozeiro latino-americano reiterou nesta terça-feira, através da Carta de Maldonado, a grande preocupação com as distorções causadas pelos subsídios norte-americanos no mercado internacional do arroz. Em reunião realizada em Maldonado, no Uruguai, as entidades que compõem a Confederação Latino-Americana de Arroz (Celarroz), se mostraram preocupadas com a manutenção da produção subsidiada e não competitiva em termos mundiais. O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) representa o Brasil na entidade.
Os subsídios diminuíram com o aumento dos preços, porém os instrumentos de ajuda aos produtores norte-americanos se mantiveram intactos. A carta assinada por representantes da Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Equador, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Uruguai e Venezuela, declara que, frente a iminência do ingresso de arroz altamente subsidiado, os representantes devem solicitar aos governos de forma conjunta e individual a elevação da tarifa externa comum até o máximo consolidado perante a Organização Mundial do Comércio (OMC).
A Celarroz exige a importação de um certificado que comprove ausência de material geneticamente modificado, impedindo o ingresso em caso positivo. O grande objetivo, porém, é manter e fortalecer os trabalhos de avaliação das alternativas possíveis para apresentar uma reclamação conjunta ante a OMC contra os subsídios dos Estados Unidos.
Conforme o presidente da Celarroz e conselheiro do Irga, Pery Sperotto Coelho, os produtores americanos conseguem colocar no mercado um produto bem abaixo do preço de custo em decorrência da ajuda financeira do governo ao setor.
A coalizão das entidades em torno dos subsídios acontece no momento em que vários países contestam a ajuda norte-americana aos seus produtores afirma.
Nos últimos dez anos, os EUA subsidiaram as exportações com US$ 9,8 bilhões, uma média anual de US$ 982,9 milhões. Entre 1999 e 2002, o valor, em média, chegou a 1,3 bilhões a cada ano. O apoio doméstico fornecido superou inclusive o valor de mercado de toda a produção do arroz americano, ou seja, para cada US$ 1,00 vendido no mercado internacional, os produtores receberam do governo mais US$ 1,41, durante este período (1999-2002).
O presidente do Irga, Maurício Fischer e o diretor comercial, Rubens Silveira, participaram da reunião. A Carta será encaminhada as autoridades brasileiras.