Análise: Mesmo com baixa liquidez, preços do arroz resistem na faixa dos R$ 99,00/100,00

 Análise: Mesmo com baixa liquidez, preços do arroz resistem na faixa dos R$ 99,00/100,00

(Por AgroDados/Planeta Arroz) A expectativa de uma grande safra de arroz, em que pese a certeza de melhores resultados que em 2023/24, aos poucos vai se dissipando para a temporada 2024/25. E isso, aliado à estratégia de comercialização ao longo da cadeia produtiva está ajudando a manter os preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul na faixa dos R$ 99,00 a R$ 100,00 por saca de 50 quilos, 58% de inteiros acima, à vista. A cautela da indústria, abastecida para atender às demandas dos meses iniciais, e do agricultor que não pretende comercializar o cereal abaixo do seu custo de produção, fazem com que o mercado tenha baixa liquidez.

Ao mesmo tempo, o mercado externo tem se mantido pouco ativo, embora muito consultado, para novos negócios de exportação. A internação de arroz da nova safra do Paraguai no mercado do Brasil Central já iniciou. Estima-se que o Paraguai esteja com algo entre 8% e 10% de sua área colhida até a última sexta-feira.

No Rio Grande do Sul, a faixa litorânea (Zona Sul, Planície Costeira Interna e Litoral Norte) mantêm as melhores cotações. As regiões Central e Campanha, têm as menores cotações. Ao longo da cadeia produtiva notou-se ligeira queda no preço do beneficiado, com a indústria pressionada de um lado pelos varejistas e, por outro, pelos fornecedores de matéria-prima, os agricultores.

Dois novos ingredientes foram oficialmente anunciados na composição de preços deste período de entressafra: a confirmação da ocorrência do fenômeno climático La Niña, que deve ser brando e rápido, segundo estimativas dos meteorologistas; e a consolidação de uma área plantada apenas 3,5% maior do que na temporada passada, quando a projeção inicial era de uma expansão acima dos 5%.
Segundo o Irga, a área total semeada no Rio Grande do Sul deve ficar em torno de 927,8 mil hectares, enquanto eram previstos cerca de 948,4 mil hectares. A falta de capacidade de recuperação da Região Central, atingida pelas cheias históricas, pesou bastante para que a meta não fosse alcançada.

O fator climático preocupa, embora muitos produtores tenham iniciado a temporada com barragens cheias. “Há três fatores que me parecem muito importantes de observar agora. No caso do clima, lavouras que são irrigadas a partir de pequenos arroios e cursos d´água, agora assoreados por causa das cheias, podem ter problemas como a interrupção da irrigação em momentos cruciais, enquanto que outros agricultores dimensionaram a água para a soja e o arroz sob uma condição de neutralidade, e agora poderão ter que optar por qual cultura ou área vão irrigar. O vento também, ajuda a ‘secar’ mais o solo e ele tem sido constante nesta temporada”, observa Cleiton Evandro, analista da AgroDados Inteligência em Mercados de Arroz.

Para ele, embora em temporadas de La Niña o Rio Grande do Sul e Santa Catarina costumem ter grandes produtividades, esta é uma safra em condições incomuns. “Em primeiro lugar porque o atraso no plantio alongou o período de colheita, em segundo lugar porque o clima parecia ter uma tendência e mudou bastante, e por fim pelas circunstâncias internacionais de mercado e do câmbio”, frisou. Para Cleiton Evandro, além dos fatores já elencados, preocupa o risco de repetirem-se temperaturas extremas em fases decisivas da produtividade do arroz, o que poderia gerar a quebra do grão e a redução da qualidade do cereal colhido. “Longe do que aconteceu nos EUA, que tiveram uma das piores safras em termos de qualidade de sua história. Mas, próximo de duas safras atrás, quando algumas regiões chegaram a ter perda média de dois pontos na qualidade do arroz”, enfatizou.

As próximas chuvas mais consistentes para as regiões arrozeiras são previstas apenas para a partir do próximo final de semana. E serão muito bem-vindas, em especial para os cultivos de sequeiro como soja e milho. “Quem programou irrigar arroz e banhar a soja semeada em sulco, pode ter que refazer os cálculos porque há uma velocidade e volume de evaporação muito grande segundo agentes de campo”, reconhece.

Para Cleiton Evandro, neste momento o mercado volta-se bastante para a expectativa das exportações. “Há clientes nossos que estão embarcando no Paraguai, não por decisão do cliente, mas da própria trading em razão da logística, preços e outros fatores de seu interesse. Mas, creio que teremos um bom movimento nesta temporada, capazes de equalizar ao menos em parte os preços internos”, destacou.

“Temos que observar que o cenário mudou e aquela queda mais forte prevista com a entrada de uma safra gigante já não é exatamente assim. A colheita será fracionada e já não há garantia de recordes de produtividade nas lavouras. É uma temporada desafiadora e com muitas peculiaridades, mas que se definirá nos próximos 30, 40 dias dependendo de diversos fatores: do clima ao câmbio”, finalizou o analista.

Nesta sexta-feira, 10, o Indicador CEPEA/IRGA-RS (58% grãos inteiros e pagamento à vista) fechou a R$ 99,93/saca de 50 kg hoje, estável (-0,08%) frente ao de quinta-feira (11). Depois de cair mais de 3% em dezembro, o indicador, que abriu o ano em queda, reverteu a tendência e vem operando em pequena alta. Partiu de R$ 99,14 em 2 de janeiro e alcançou R$ 100,00 ao longo da última semana, até fechar em R$ 99,93 na sexta-feira.

1 Comentário

  • Não sou profeta, muito menos São Pedro, mas tenho uma teoria… Quem plantou de 15/09 a 15/11 não vai ter falta de água… Já os que plantaram a partir de 15/11 terão sérias dificuldades porque a seca está torrando tudo com temperaturas ao redor dos 40C… Outro fator a ser levado em conta é a alta incidência de arroz vermelho e aguapé nas lavouras… Tanto no RS como em SC!

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter