Analistas destacam riscos após fim de ciclo da Camil (CAML3)
(Por InfoMoney) A Camil (CAML3) registrou lucro líquido de R$ 120,2 milhões no terceiro trimestre fiscal de 2021, queda de 6,9% em relação ao mesmo período de 2020, divulgou a companhia na noite da última quinta-feira (13).
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) totalizou R$ 200,7 milhões entre setembro a novembro, redução de 15,3% na comparação anual. Já a margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) atingiu 8,8%, com queda de 3,1 pontos percentuais.
A receita líquida subiu 14%, para R$ 2,3 bilhões no trimestre, principalmente com o aumento 15,3% das vendas no Brasil.
Segundo a empresa, o resultado foi impulsionado pelos preços do açúcar, assim como o volume geral mais alto. O lucro bruto somou R$ 471,7 milhões no trimestre, alta de 0,6% na comparação ano a ano. A margem bruta foi de 20,8%, baixa de 2,8 pontos percentuais.
A dívida líquida da Camil encerrou 2021 em R$ 1,7 bilhão, com um índice de alavancagem (endividamento líquido sobre Ebitda) de 2,3 vezes.
Para o Itaú BBA, a Camil reportou volumes de arroz saudáveis, enquanto fusões e aquisições devem continuar sendo o principal catalisador para os ativos.
O Itaú BBA destaca que o Ebitda ajustado da Camil no período foi 2% acima das estimativas da casa, com margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) de 8,8% (versus 8,7%). Os volumes de arroz no Brasil aumentaram ano a ano, uma vez que a base de comparação do terceiro trimestre de 2020 foi negativamente afetada pelos altos estoques no varejo, enquanto os volumes internacionais continuaram sofrendo com a menor disponibilidade de matéria-prima no Uruguai.
Já o Bradesco BBI destacou que o Ebitda reportado pela Camil veio 28% acima das suas projeções.
Os analistas avaliam que, ainda que o dado leve em consideração os números das operações recém-adquiridas, Santa Amália e Equador, o banco acredita que até agora elas tenham contribuído apenas com uma fração relativamente pequena do Ebitda consolidado.
Dito isso, o Ebitda ficou acima das estimativas devido a uma receita mais forte do que o esperado, impulsionado por preços acima do esperado no mercado interno, como arroz e açúcar, bem como internacionalmente.
Tanto o BBI quanto o BBA possuem recomendação equivalente à neutra para os ativos, também com preço-alvo de R$ 11, o que configura um potencial de alta de 10% em relação ao fechamento desta sexta-feira, mas abaixo do fechamento anterior, de R$ 11,05.
Mesmo com os números acima, as ações registraram forte queda nesta sexta pós-balanço, com baixa de 9,59%, a R$ 9,99.
O Bradesco BBI destacou que, apesar dos resultados mais fortes do que esperavam, avaliaram que o impacto nas ações da Camil poderia ser limitado à luz da recente tendência de queda dos preços do arroz (o principal catalisador para a ação) que pode impedir os investidores de se tornarem mais otimista. Finalmente, veem a ação ser negociada a um múltiplo entre o valor da empresa e o Ebitda (EV/Ebitda) de 7,2 vezes, o que não parece particularmente atrativo dada a média histórica de 6,7 vezes, apoiando assim a recomendação neutra para os papéis.
O Bank of America também possui recomendação neutra para os ativos, com preço-alvo de R$ 13, agora com potencial de alta de 30%.
Segundo os analistas do banco, o terceiro trimestre fiscal da companhia marcou um fim de ciclo. Agora, apontam, a empresa “caminha para o futuro com um portfólio de produtos maior e mais diversificado, com foco no crescimento do negócio e na obtenção de sinergias”.
Eles esperam que, para 2022, a Camil capture sinergias com os ativos adquiridos em custos e receitas usando cross selling e desenvolvimento de produtos como café.
Contudo, embora existam oportunidades interessantes de crescimento, veem riscos crescentes de execução das novas operações, principalmente em um cenário de alta inflação e repasse desafiador de preços de insumos.
De acordo com o consenso Refinitiv, de 5 casas que cobrem o papel, apenas uma possui recomendação de compra, enquanto quatro possuem recomendação equivalente à neutra.
2 Comentários
Relatório pouco otimista para o cenário do arroz, riscos inerentes em função da monstruosa elevação do preço dos insumos em relação a estoques crescentes com baixa comercialização.
Varejo suprido e industria estocada….combinação boa para o consumidor.
Até o mercado de opções resvalando nas decisões e incertezase do momento. ….é aguardar e aguardar o desenrolar da presente situação.
A pandemia mostrou uma face inédita da comercialização de arroz….instabilizou o que já era instável !!
Salvos pelo produtor que depositou seu produto acreditando que ia ter preços ao redor de R$ 90,00 e acabou recebendo uma média de R$ 65,00 durante o ano! Mais uma vez o prejuizo foi absorvido pelo produtor… Lei da Oferta e da Procura ou Lei do Desespero??? Uruguay e Argentina estão com suas lavouras inundadas… Paraguay e Brasil torrando e amargando por ora quebras por abandono da ordem de 10%! E a indústria fazendo de conta que não vê nada, não sabem de nada! Os próximos 7 dias serão os mais decisivos da safra 2022! E o risco iminente de enchentes durante a colheita parece não assustá-los! Depois não venham com mimimi que o produtor está escondendo produto…