Aposta forte na soja

Parte da área substituirá o arroz cultivado em várzea. Lavoura deve chegar a 100 mil hectares em Cachoeira do Sul.

A procura dos produtores rurais por fertilizantes indica que a lavoura de soja chegará a 27 milhões de hectares na próxima safra no Brasil. O plantio da soja iniciará no final de setembro e, se confirmada a previsão, a lavoura terá dois milhões a mais de hectares se comparado à safra 2011/2012. Assim como previsto para o país, em Cachoeira do Sul a área com soja deverá crescer e chegar a 100 mil hectares. A estimativa é da Emater e representa 4,5 mil hectares a mais em relação à última safra, quando Cachoeira cultivou 95,5 mil hectares, a segunda maior lavoura do estado.

Se confirmada a previsão, a lavoura de soja terá uma área três vezes maior que a destinada para o arroz. A área destinada ao cereal ainda é incógnita, pois a falta de chuva deixa os arrozeiros preocupados. Caso a colheita seja cheia, em média 45 sacos por hectare, a produção cachoeirense de soja chegará a 270 mil toneladas. Na última safra, a lavoura foi castigada pela seca e a colheita foi de apenas 123,2 mil toneladas.

A previsão da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA) estima a colheita em 82 milhões de toneladas de soja no Brasil na próxima safra. Para a presidenta da CNA, senadora Kátia Abreu, hoje o cenário externo favorável em termos de preços e as medidas de apoio anunciadas pelo governo federal deverão estimular o plantio. No entanto, Kátia alerta que a confirmação desta previsão depende das condições climáticas durante o período de plantio, desenvolvimento e colheita das lavouras.

VALORIZAÇÃO – Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostram que o mercado da soja segue valorizado, consequência da baixa oferta do produto em razão da quebra de safra. De modo geral, têm sido realizadas negociações para entregas futuras, com expectativas de aumento na área de soja para a safra 2012/2013 e com otimismo quanto à produção e produtividade da oleaginosa. Nesta semana, a saca de 60 quilos foi negociada a R$ 80,00 em Passo Fundo. No mercado cachoeirense, o produto é vendido a R$ 70,00 a saca, aponta a Emater. Na mesma época do ano passado, a soja era cotada a cerca de R$ 42,00 a saca no mercado cachoeirense.

IMPORTANTE

A safra de soja brasileira neste ano foi estimada em 66,4 milhões de toneladas pela Conab, o que significa 11,8% ou 8,93 milhões de toneladas a menos que na colheita de 2011. As condições climáticas adversas caracterizadas por estiagens prolongadas causadas pelo fenômeno La Niña foram responsáveis pelo resultado negativo da safra. Na Região Sul, a produção de soja estimada em 18,56 milhões de toneladas é 35% inferior à safra anterior, tendo como a causa principal a forte estiagem verificada durante todo o ciclo da cultura. A maior redução foi observada no estado do Rio Grande do Sul, com quebra de 43,8% na produção, uma queda de 11,62 milhões para 6,53 milhões de toneladas.

UMA PERGUNTA

Por que a preferência pela soja?
A preferência pela soja é justificada pela maior liquidez, menor custo e maior facilidade na obtenção de créditos, além da rentabilidade, que sinaliza ganho líquido médio de R$ 25,00 por saca de 60 quilos na safra 2012/2013.

SOJA DE CACHOEIRA

Safra 2011/2012

LAVOURA
95,5 mil hectares

PRODUTIVIDADE
1.290 quilos por hectare

PRODUÇÃO
123,2 mil toneladas

Lucratividade garantida

O economista da Safras & Mercado, Flávio de França Júnior, salienta que a soja tem garantido lucratividade, numa relação muito positiva entre receita e custo de produção. “Esse movimento vem sendo basicamente sustentado pela gradativa elevação das médias de preços no mercado internacional diante do firme avanço da demanda e do aperto nos estoques mundiais”, avalia França Júnior. Ele prevê que os preços sofrerão ligeira queda nos próximos meses, mas deverão continuar atrativos na próxima safra.
Segundo França Júnior, a safra do maior produtor mundial, os Estados Unidos, é estimada em 83 milhões de toneladas, mas o clima dos meses de junho e julho foi muito quente e seco em boa parte da região produtora, afetando os rendimentos. Este cenário causou instabilidade no mercado, mas o número não é definitivo, já que essas perdas ainda podem ser revertidas se o clima normalizar.