Aproveitamento
Na região de maior produtividade média de arroz no Rio Grande do Sul, os produtores de Dona Francisca não perdem tempo nem espaço. Com lavouras onde predomina a orizicultura familiar em área média entre 10 e 15 hectares, os produtores não perdem nada de solo na cultura do arroz. Na região, o mesmo produtor usa até três sistemas de cultivo em sua área (cultivo mínimo, convencional e pré-germinado) de acordo com o histórico, níveis de infestação e disponibilidade de água. Mas o que chama atenção nas últimas safras é o aproveitamento das taipas mais altas para o cultivo de milho, numa “safrinha” antecipada. O milho cultivado nas taipas serve para subsistência na condição de “milho verde” ou ração para os animais da propriedade, principalmente frangos, patos, porcos e a vaquinha leiteira.
Museu do Arroz
O Dia de Campo do Irga, dia 8 de março, revelou uma surpresa inesperada até para os dirigentes do instituto. Entusiasmada com a idéia, a governadora Yeda Crusius não só anunciou publicamente o apoio à construção do Museu do Arroz na Estação Experimental, em Cachoeirinha (RS), como convocou a Prefeitura do município a se somar ao esforço do Estado no sentido de consolidar a obra. A área onde está a Estação Experimental do Arroz e são desenvolvidas algumas das principais tecnologias para a lavoura gaúcha, é também o lugar onde foi plantada uma das primeiras lavouras de arroz irrigado no Brasil pelo major Alberto Bins. O projeto do Irga é recuperar as ruínas da casa do major Alberto Bins e instalar um memorial dedicado à pesquisa do arroz. Patrimônio, histórico e material, não falta. Pelo jeito, apoio também não.
Arroz com gene humano
As autoridades norte-americanas aprovaram o pedido da Ventria Bioscience para cultivar arroz modificado geneticamente para produzir proteínas humanas. O arroz contendo genes humanos envolvidos na produção do leite materno seria produzido no estado do Kansas.
A companhia diz que as plantas poderiam ser usadas na criação de remédios para diarréia e desidratação em crianças. Grupos opostos à idéia dizem que partes da planta poderiam cair na cadeia alimentar. De acordo com a proposta, que recebeu o apoio inicial do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, a empresa plantaria o arroz em cerca de 1.200 hectares de terra no Kansas. A Ventria Bioscience disse que tomaria precauções para assegurar que as sementes não se misturassem com outras plantações. Se conseguir a aprovação final, a Ventria Bioscience vai iniciar a plantação do arroz em maio, disse o presidente da companhia, Scott Deeter.
Semente indiana
A Índia planeja exportar sementes de arroz para o Brasil pela primeira vez, afirmou o Ministério da Agricultura indiano em um comunicado. Os dois países desenvolveram um protocolo na área sanitária para o comércio das sementes. As exportações começarão depois que o ministério brasileiro emitir uma notificação fitossanitária que esteja de acordo com o protocolo.
Sucessão na Federarroz
Está aberto o processo sucessório na presidência da Federarroz, cuja diretoria deverá ser renovada em 30 de junho de 2007. O agropecuarista Valter José Pötter, depois de três anos como presidente da entidade, não pretende concorrer à reeleição por conta de seus compromissos profissionais e novos investimentos na Estância Guatambu. O ex-presidente do Irga, Pery Sperotto Coelho, surge como um forte concorrente ao cargo.
Japonês para seca
O Ministério da Agricultura do Japão anunciou que desenvolverá um novo tipo de arroz resistente ao calor e à falta de água, em antecipação a períodos de escassez ocasionados pelo aquecimento global. A medida faz parte de um estudo que prevê quedas na produção de arroz e perdas de florestas se os níveis de dióxido de carbono na atmosfera duplicarem e aumentar o nível de mercúrio. Regiões no centro e no oeste do Japão perderão até 40% de seus cultivos de arroz devido ao aquecimento global, mas algumas das zonas setentrionais verão aumentar suas colheitas do grão, diz o estudo. Segundo a informação, no final deste século, as emissões de dióxido de carbono serão entre 1,3 e 3,3 vezes os níveis atuais, elevando as temperaturas atuais em até 6,4 graus.
Subsídios
I – O setor arrozeiro latino-americano, representado por entidades representantes de 12 países, divulgou na Carta de Maldonado, elaborada durante reunião no Uruguai, em março, a grande preocupação com as distorções causadas pelos subsídios norte-americanos no mercado internacional do arroz. As entidades que compõem a Confederação Latino-americana de Arroz (Celarroz) se mostraram preocupadas com a manutenção da produção subsidiada e não competitiva em termos mundiais. O Irga representou o Brasil. A carta assinada por representantes da Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Equador, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Uruguai e Venezuela propõe a exigência da elevação da tarifa externa comum até o máximo consolidado perante a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a emissão de um certificado que comprove a ausência de arroz OGM, depois dos casos de contaminação de produto norte-americano identificados na Europa.
II – Nos últimos 10 anos, os EUA subsidiaram as exportações com 9,8 bilhões de dólares, uma média anual de 982,9 milhões de dólares. Entre 1999 e 2002, o valor, em média, chegou a 1,3 bilhão a cada ano. O apoio doméstico fornecido superou inclusive o valor de mercado de toda a produção do arroz americano, ou seja, para cada um dólar vendido no mercado internacional, os produtores receberam do Governo mais 1,41 dólar durante esse período (1999-2002).
MST
Na assembléia geral da Federarroz, em abril, em Cachoeira do Sul, o diretor de mercados da entidade, Marco Aurélio Tavares, bem-humorado, fez um apelo para que os produtores optem por continuar fazendo parte do MST, o “movimento dos sem-Toyota”. Ao invés da aquisição de uma picape, sonho de consumo de todo arrozeiro, ele preconiza que os lavoureiros gaúchos, tendo recursos, devem investir na construção de silos na propriedade. Dessa forma, eliminarão gastos com serviços de secagem e estocagem dos grãos, possibilitando um real aumento na renda. Obviamente não foi uma crítica ao veículo ou à marca. Apenas um conselho para investir numa área importante da estrutura produtiva.
Dólares no arroz
Produzir arroz em área alagada no Cerrado e ter uma margem superior à dos arrozeiros gaúchos. O tão improvável negócio atraiu investidores norte-americanos que, em parceria com dois brasileiros, colocaram 32 milhões de dólares no projeto da Fazenda Dois Rios, em Lagoa da Confusão, no Tocantins. A fazenda foi adquirida há dois anos e começa a colheita da primeira safra de arroz em 7,6 mil hectares. O projeto atingirá 20 mil hectares em quatro anos. A vantagem da região, nas várzeas do Rio Tocantins, é a garantia de duas safras por ano. No verão, a fazenda planta arroz. No inverno, soja para a produção de sementes. Essas condições atraíram o interesse da Harvest Capital Group LCC, uma empresa norte-americana fundada por agricultores que desejavam investir na América do Sul, buscando terras mais baratas.
Termômetro do solo
Qual a temperatura certa para plantar arroz? A resposta para esta e outras questões climáticas que envolvem a orizicultura são respondidas pelo doutor em agrometeorologia e pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Silvio Steinmetz. Segundo ele, sempre que se fala em zoneamento agrícola é preciso seguir duas linhas. Uma é o macrozoneamento climático e outra é o zoneamento por época de semeadura. “São três fatores que devem ser observados quanto à temperatura: a temperatura do solo para o plantio deve ser igual ou maior de 20 graus em uma profundidade de cinco centímetros, a temperatura do ar ideal é de 15 graus na época de pré-floração e floração e a radiação solar deve ser aproveitada no período em que é mais intensa”, destacou Steinmetz. As informações detalhadas sobre zoneamento climático e época de semeadura estão disponíveis em publicações da Embrapa Clima Temperado. “O solo frio, inferior a 20 graus, resulta em demora na emergência e maior concorrência de plantas invasoras”, frisa.
Arroz e feijão contra o câncer oral…
Em um estudo publicado em fevereiro na revista Cadernos de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz, pesquisadores ilustram que a combinação do arroz com feijão pode reduzir o risco de câncer oral, o sétimo mais comum no Brasil. Os dois produtos oferecem um bom ajuste de proteína, fibra e açúcar, não têm colesterol e apresentam baixo teor de gorduras saturadas. Os pesquisadores atribuem o risco maior da doença não aos alimentos, mas à falta de variedade na dieta e a carência de determinados nutrientes, presentes no arroz e feijão.
…e o câncer intestinal
Outro estudo científico de biomédicos da Universidade de Leicester revelou, pela primeira vez, que o farelo de arroz poderia reduzir o risco de câncer intestinal. A investigação do departamento de estudos sobre o câncer e medicina molecular da universidade não está provada em seres humanos, porém a verificação em laboratórios tem produzido resultados promissores. O estudo foi publicado no British Journal of Cancer.
Bioenergia x arroz
I – O incentivo à produção de bioenergia na América Latina e Caribe está afetando diretamente a cultura do arroz, segundo dados do Fundo Latino-americano de Arroz Irrigado (Flar, na sigla em espanhol). Os 14 países integrantes do fundo mostram-se preocupados com a mudança da matriz produtiva, de alimentos para a bioenergia, e as conseqüências dessa transição para o mercado de arroz. As projeções iniciais indicam que houve redução de 15% na área plantada desses países e a perspectiva para o próximo ano é de uma queda ainda maior. O Equador já reduziu 20%, enquanto a Colômbia, 11%. Além da América Latina e Caribe, os Estados Unidos também reduziram a produção, em 10%, este ano, com projeção de mais 10% na próxima safra. Produtos como cana-de-açúcar, milho e palmeira africana são usados como alternativa energética, em um período de altas sucessivas do petróleo. A utilização desses cultivos para energia é uma tendência mundial.
II – Por conta dessa substituição das áreas de arroz por culturas bioenergéticas, bem como por efeitos de clima, o déficit de arroz na América Latina e no Caribe chegará a quase dois milhões de toneladas neste ano. A primeira conseqüência da queda na área plantada com o cereal é o aumento dos preços internos nos países centro-americanos. Outro efeito é o aumento das importações, calculado em 6,4%. A cotação da saca do produto na América Latina e Caribe varia entre oito e 17 dólares. No Brasil, está estabilizado na faixa de 10 dólares desde o início do ano.