Área com arroz pode cair abaixo da média no Rio Grande do Sul

O assistente-técnico de arroz da Emater-RS, José Enoir Daniel, explica que seriam necessários volumes pluviométricos de no mínimo 600 milímetros, em 60 dias, para regularizar as condições nos reservatórios.

Os produtores de arroz do Rio Grande do Sul enfrentam um período de indefinição para o planejamento da safra 2012/2013. O início do cultivo do cereal, previsto para setembro e outubro, ainda depende da recuperação de barragens e açudes, atualmente com déficit hídrico avaliado em 65%, o equivalente à necessidade de abastecimento para 500 mil hectares. Este cenário, aliado às projeções climáticas pouco animadoras para os próximos três meses e aos preços elevados da soja no mercado externo – em razão da maior estiagem dos últimos 50 anos nos Estado Unidos – já determina expectativa de redução da média histórica de plantio no Estado, de cerca de 1 milhão para uma área inferior a 900 mil hectares.

Como mais de 35% da extensão total destinada à cultura no Estado depende do abastecimento artificial, o assistente-técnico de arroz da Emater-RS, José Enoir Daniel, explica que seriam necessários volumes pluviométricos de no mínimo 600 milímetros, em 60 dias, para regularizar as condições nos reservatórios. “Acompanhamos alguns agricultores e o momento é de precaução quanto ao comportamento climático. Ainda há tempo para alterar o quadro, mas os indicativos demonstram que, dificilmente, teremos uma área plantada maior do que 900 mil hectares no período 2012/2013”, adverte.

A perspectiva é compartilhada pelo presidente do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), Claudio Pereira. Segundo ele, a principal preocupação se refere à redução da oferta no mercado nacional, tendo em vista que 65% do produto consumido no País é de origem gaúcha. “No momento, estamos sob forte dependência de questões climáticas para reaver a capacidade hídrica, e as previsões não são muito favoráveis”, revela Pereira, que finaliza os dados de um amplo relatório, junto aos técnicos da entidade, sobre situação real da orizicultura no Estado.

Pereira antecipa que a estiagem e a falta de água nas lavouras não será o único vilão da safra 2012/2013. De acordo com ele, a substituição de culturas em razão do bom momento da soja no mercado externo, com preços estimados acima de R$ 80,00 a saca, devem ampliar o espaço destinado ao grão nas áreas propícias ao arroz, atualmente comercializado a R$ 32,00. “A migração deve ultrapassar, e muito, os registros feitos ano passado, quando plantamos 150 mil hectares de soja. Agora o total deve bater os 500 mil hectares. Em 2010, esta proporção foi de apenas 62 mil hectares para as áreas de arroz”, constata.

A Federarroz realizou um estudo, entre os dias 1 e 7 de agosto, para avaliar a disponibilidade hídrica no cultivo. O levantamento ouviu 32 municípios que representam cerca de 80% da área disponível no Rio Grande do Sul – o equivalente a 856 mil hectares – e constatou que o nível atual de abastecimento é suficiente para apenas 57% da demanda, ou 489 mil hectares. Com 366 mil hectares sob o efeito do déficit hídrico, o presidente da entidade, Renato Rocha, acredita que para reverter a situação, seria necessário um volume entre 800 e mil milímetros nos próximos dois meses nas principais regiões produtoras.

No entanto, segundo ele, as perspectivas meteorológicas para o retorno do El Niño dão conta do adiamento do fenômeno responsável pela elevação da incidência de chuvas em razão da falta de aquecimento nos oceanos. Os dados coletados na semana passada indicam área cultivada entre 800 e 900 mil hectares.

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