Área menor Mas não muito
Brasil começa a decidir o plantio 2005
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Os produtores de arroz do Brasil estão definindo em agosto as dimensões da lavoura brasileira 2005/2006. A expectativa é para a redução na área plantada pelo baixo preço pago ao produtor, em média 30% abaixo do custo médio de produção, em todo o país.
O fato de muitos arrozeiros trabalharem no prejuízo em 2005, rolarem dívidas para 2006 e, em muitos casos, atrasarem o pagamento do custeio e mesmo de compromissos com fornecedores, é determinante para a redução de área e de produtividade para a safra 2005/2006. Sem rentabilidade, o uso de tecnologia e insumos deve ser menor.
O Centro-oeste vai puxar a tendência de redução de área, segundo especialistas. A suspensão das licenças para abertura de novas áreas no Mato Grosso e no Pará, principalmente, e as ações fiscalizadoras sobre o meio ambiente influenciarão na área de plantio. A perda das características do cultivar Cirad também influenciará na hora de decidir quanto plantar.
Em alguns estados que vinham experimentando um incremento significativo de área, principalmente no sudeste, no norte e nordeste brasileiros, a tendência é de uma ligeira queda para a próxima safra.
Como são produtores que estão entrando no setor arrozeiro, principalmente para a abertura de áreas de soja ou algodão, ou para recuperação de pastagens degradadas, não há interesse em manter a atividade com prejuízos. Só continuarão aqueles que estão no segundo ano de lavoura para abrir área.
Questão básica
A empresa Safras & Mercado divulgou em julho o resultado de sua primeira pesquisa de intenção de plantio de arroz para a safra 2005/2006, indicando uma redução de 10% sobre a safra passada. Segundo a empresa, a área deve cair de 3,736 milhões de hectares para 3,370 milhões de hectares. A Safras prevê uma redução de 19% no Mato Grosso, 13% no Rio Grande do Sul, 12% no Mato Grosso do Sul e 10% em São Paulo, Goiás e Distrito Federal. A empresa estima a redução de 12,8% na produção e 4,9% na produtividade.
No Sul a lavoura troca de mãos
No sul do Brasil, que concentra mais de 60% da produção de arroz, o panorama não deve se alterar significativamente para a próxima safra. Apesar da crise, Santa Catarina manterá seus 155 mil hectares de lavouras e o Rio Grande do Sul, maior produtor nacional, não terá uma redução significativa, segundo as primeiras informações colhidas por Planeta Arroz. Devem acentuar-se, no entanto, as transferências de lavouras.
Nos primeiros contatos sobre intenção de plantio, nota-se que os produtores de elite, com alta tecnologia e terras próprias, podem ampliar a área, pois operam com custo entre seis e oito dólares. Existem ainda os capitalizados, que aproveitarão os negócios de oportunidade assumindo as áreas dos endividados. Em alguns casos, em troca das dívidas.
Entre os arrozeiros com alto grau de endividamento e com resultados pífios na lavoura e na comercialização existem aqueles que costumam ampliar a área, mesmo com o uso reduzido de tecnologias recomendadas para diminuir custo. O objetivo é tirar o prejuízo na próxima lavoura, estratégia que geralmente leva à falência.
Por fim, ainda poderá interferir no Rio Grande do Sul a falta de água para irrigação em duas regiões importantes de produção: campanha e zona sul, onde os mananciais ainda estão com nível de água abaixo da média para esta época do ano.