Área restrita
Redução de área e clima
devem fazer o Mercosul
repetir o tamanho da safra.
A falta de renda e de expectativa na atividade arrozeira alcança todos os quatro países que formam o Mercado Comum do Sul (Mercosul). Ainda que cada um tenha suas particularidades, o conjunto da lavoura de arroz dos quatro países nesta temporada está registrando uma redução de 18,8 mil hectares plantados, levando em conta a contração na Argentina (5 mil/ha), Brasil (11,2 mil/ha) e Uruguai (6,4 mil/ha) e o avanço de seis mil hectares no Paraguai, um dos menores nos últimos tempos. Ainda assim, em volume, a expectativa de janeiro é de que a produção deve aumentar apenas 0,7%, ou 103 mil toneladas em comparação à temporada 2018/19.
O quadro de safra do Mercosul indica que foram plantados, no total, 2.185.800 hectares, num recuo de 3,5% ou 18,8 mil hectares sobre a área colhida nos quatro países em 2018/19. A produção deve aumentar 103 mil toneladas, para 13.996.400 toneladas, um avanço de 0,7% sobre o ano passado. Porém, estes números são ainda referentes a janeiro, portanto, a estimativa não levou em conta a quebra provocada pela estiagem. Assim sendo, com a tendência de uma quebra maior se confirmar por causa do clima, a tendência é de que os números da colheita fiquem ainda mais próximos das 13,89 milhões de toneladas da temporada passada. E com a diferença de que o estoque de passagem do Mercosul será ainda menor.
“O clima foi determinante. Se já existe uma redução de área por falta de renda, alto custo de produção e endividamento no Brasil, Argentina e no Uruguai, que desmotiva o arrozeiro a plantar, ainda por cima tivemos atraso no plantio por causa das chuvas de outubro/novembro e uma seca em dezembro/janeiro que fatalmente vão interferir no resultado da colheita”, explicou Alfredo Lago, presidente da Associação dos Cultivadores de Arroz do Uruguai (ACA), à imprensa local. Segundo ele, menos mal que o país conseguiu se recuperar no semestre final do ano e igualar as exportações de 2018. A Argentina também conseguiu recuperar seus embarques e praticamente igualou os números da temporada anterior.
Além do atraso no plantio, as chuvas que atingiram em cheio o Sul do Brasil e o Uruguai atrapalharam os tratos culturais. O mesmo aconteceu com a estiagem que veio logo depois. Sem umidade no solo, ficou mais difícil plantar, irrigantes que usam arroios e pequenos cursos d´água ou pequenos açudes como fonte de água tiveram interrupções na irrigação e um controle menos eficaz das ervas daninhas, pragas e doenças. “Aumentou a competitividade das invasoras com as plantas comerciais, e isso nunca é bom”, afirma Rodrigo Schoenfeld, engenheiro agrônomo e consultor técnico no Mercosul.
Por causa do excesso de chuvas, em alguns casos houve ressemeadura, em outros as enxurradas levaram os defensivos e a adubação que precisaram ser repostos. “Isso aumentou o custo”, assegura. Já a seca impediu o plantio, o nascimento e/ou gerou falhas na emergência da soja em várzea, que tem sido uma das válvulas de escape do produtor para recuperar e limpar o solo de invasoras, quebrar ciclo de pragas e doenças, e também de renda. A estiagem pegou em cheio as regiões Centro, Sul e da Campanha, onde está boa parte das lavouras de soja em terras de arroz.
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