Argentina poderá impor sanções a Petrobras e Repsol YPF
Produtores de arroz estão atrasando o plantio por falta de óleo diesel na Argentina.
O governo federal da Argentina poderá impor sanções sobre as empresas de energia, como a Repsol YPF SA e a Petrobras Energia Participações SA, por causa da falta de óleo diesel, que está atrasando o plantio de culturas como soja e milho em várias províncias do país, como em Entre Ríos.
O secretário de Comércio do governo, Guillermo Moreno, disse ontem à Radio Continental, da capital federal, que é responsabilidade apenas das empresas de energia fornecerem uma quantidade suficiente de diesel, para abastecer aos fazendeiros e ao mesmo tempo garantir o combustível para o transporte rodoviário.
O jornal Clarín, de Buenos Aires, divulgou ontem uma extensa reportagem sobre o problema da falta de diesel em Entre Ríos, onde os agricultores já atrasam o plantio de milho, arroz e soja.
Segundo o jornal, o diesel é vendido apenas em cotas e, às vezes, com preços maiores que os declarados nos postos de gasolina. A situação não é nova e já dura há várias semanas, diz a reportagem.
– Já existem produtores que adiaram o plantio de soja, milho e arroz porque temem a falta de diesel – afirmou ontem Raúl Dubs, gerente da cooperativa agrícola La Protectora, que congrega 300 sócios.
Cada produtor pode comprar mil litros de diesel. Segundo ele declarou ao jornal, o diesel fornecido pelas empresas supre as necessidades de só 10% dos 300 sócios.
– A Repsol YPF reduziu a remessa de diesel pela metade. A Petrobras cancelou tudo – diz a reportagem.
Além de semear a soja e milho, os agricultores estão próximos da colheita do trigo no nordeste argentino.
Segundo agricultores, é possível encontrar diesel no mercado negro, onde o litro chega a custa 3 pesos argentinos. O preço nominal de tabela, nos postos de combustível, é de 1,55 pesos argentinos.
O transporte escolar rural também foi prejudicado e ônibus que transportam os alunos das chácaras a escolas nas vilas e cidades estão parados por falta de diesel.
A população diz que os problemas de falta de diesel começaram há 16 meses, quando o governo federal instituiu as cotas para o consumo de diesel. Populares e agricultores também dizem que há uma queda-de-braço entre o presidente argentino Néstor Kirchner e as petrolíferas.