Argentina quer tarifa de exportação para produtos

A Argentina quer debater a introdução de uma tarifa de exportação para produtos agrícolas para todo o Mercosul.

Ontem, o secretário de Comércio da Argentina, Alfredo Chiaradia, deixou claro que Buenos Aires gostaria de ver a medida aplicada nos demais países do bloco. O Brasil foi sempre contrário à idéia. Com a alta nos preços das commodities, um número cada vez maior de países vem indicando que poderia introduzir a taxa.

Na Organização Mundial do Comércio (OMC), a prática não é considerada como ilegal. Mas altos funcionários estimam que ela não seria uma solução já que a alta nos preços deve ser algo de longo prazo e a tarifa, portanto, teria de se perpetuar para que desse resultado. A taxa às exportações tem como objetivo evitar que os produtores agrícolas optem por exportar toda sua safra, deixando o mercado interno desabastecido e encarecendo o preço dos alimentos no país. Segundo Chiaradia, a situação do mercado internacional é um estímulo às exportações, já que os preços pagos são bem mais altos do que um produtor poderia conseguir internamente.

– Se não houvesse a taxa, todaa produção seria exportada -, alertou.

Para Chiaradia, o Mercosul deveria pensar em uma avaliar a aplicação dessa medida.

– Há vantagens claras para todos se for aplicada -, garantiu.

Buenos Aires acenou que estaria disposto a tratar do assunto
na próxima cúpula do Mercosul, em meados de dezembro no Uruguai. O Itamaraty admite que o setor privado brasileiro não quer nem ouvir falar na proposta de taxar exportações.

– Vamos dar um tiro no pé se adotamos algo assim -, afirmou um funcionário do governo.

Hoje, o governo brasileiro ainda atacou os subsídios americanos em uma reunião na Organização Mundial do Comércio (OMC) destinada a avaliar as notificações feitas pela Casa Branca em relação aos recursos que distribui a seus produtores entre 2002 e 2005. Todos os países são obrigados a informar à OMC o valor de seus subsídios. Para o Brasil, os números mostram que os americanos deram mais recursos que estavam autorizados a distribuir. Além disso, as distorções geradas em determinados setores, como algodão, são significativas.

– Levantamentos muitas questões sobre os programas americanos. Como não houve uma resposta satisfatória, nos sentimos obrigados a levar o caso a um painel na OMC -, afirmou o governo em uma declaração.

O Brasil ainda criticou a demora dos americanos em apresentar seus
números, com mais de cinco anos de atraso.

– A notificação americana é um exemplo das fraquezas do sistema – disse a declaração brasileira,que aponta que enquanto uma nova lei agrícola está sendo negociada nos Estados Unidos para o período de 2007 a 2011, a Casa Branca ainda está enviando informações sobre 2002.

– Os Estados Unidos confirmam a necessidade urgente de uma ampla reforma no sistema de monitoramento -, completou o Brasil.

O País sugere a criação de um mecanismo que avalie, todos os anos, os volumes de recursos distribuídos aos fazendeiros.
Chiaradia, da Argentina, também criticou os países ricos, acusando-os de não estar querendo a conclusão de uma rodada da OMC.

Sua lógica é de que, com a alta nos preços de alimentos, esse seria o melhor momento para reformar as políticas dos países ricos e abrir mercados.

– Se você ouvir aqueles que resistem à abertura, o comentário não é esse, já que afirmam que não sabem até quando os preços estarão elevados -, afirmou

Pascal Lamy, diretor-geral da OMC. – Se há uma resistência até mesmo nesse momento, alguém está querendo que as coisas fiquem como estão -, alertou Chiaradia: – Há um excesso de demanda e não há carne, grãos ou lácteos em volumes suficientes -afirmou o argentino, apontando que essa seria a situação ideal para que europeus e americanos aceitassem abrir seus mercados e
evitar inflação interna. Lamy tem outra avaliação. Segundo ele, o tempodas negociações e o tempo dos preços de commodities não são os mesmos. – Os negociadores não tomam decisões baseado em algo que passe em seis meses, um ano ou nem mesmo cinco anos -, afirma.

China estuda imposto de importação para a soja: Com medo da escalada da inflação, o governo da China está estudando estender para todo o ano de 2008 uma redução na tarifa de importação
sobre a soja em grão (de 3% para 1%) que venceria ao fim de dezembro.

Além disso, o governo chinês pensa em reduzir também a tarifa de
importação de óleo de soja e isentar os dois produtos do imposto de valor agregado no país. As medidas vão beneficiar os exportadores de soja do Brasil e a Bolsa de Chicago já refletiu isso, com a soja atingindo as maiores cotações dos últimos 34 anos. As importações de soja e óleo de soja aumentaram 81% nos primeiros 10 meses do ano, numa tentativa do governo de reduzir os preços dos alimentos, seja os de consumo direto da população, seja as rações para animais.

A inflação na China voltou a crescer e atingiu o recorde histórico de
6,5% em outubro – o mesmo de agosto, a maior taxa nos últimos 11 anos – pressionada pelos aumentos nos preços dos alimentos, que subiram em média 17,6%. No acumulado do ano, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) medido pelo Escritório Nacional de Estatísticas, o IBGE chinês, a inflação na China acumula uma alta de 4,4% este ano, bem acima da meta de 3% fixada pelo governo.

Em setembro, quando o índice de inflação recuou para 6,2%, as
autoridades se apressaram a dizer que a situação estava sob controle e os preços tenderiam a recuar a partir de então, negando mais uma vez que a economia estivesse atravessando uma fase de superaquecimento. Mas desta vez, as evidências de um impacto inflacionário do crescimento chinês parecem mais irrefutáveis. Afinal, o Índice de Preços ao Produtor (IPP), que mede a inflação no atacado, cresceu 3,2% em outubro, o maior aumento dos últimos nove meses.

O primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, afirmou ontem que a
preocupação maior do governo agora é reduzir a inflação e estabilizar os preços dos alimentos.

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