Argentina: Transportadoras protestam e param transporte de grãos
(Por Miguel Vencius, ABC RURAL, Argentina) O atraso nas tarifas e a escassez de diesel levaram as transportadoras nesta quinta-feira a manter protestos em várias províncias do país, com epicentros em Buenos Aires, Santa Fé e Entre Ríos.
Em Tucumán houve uma reunião entre transportadores e os setores industrial, agrícola e citrícola, e foi acertada a renegociação da tarifa.
Representantes da Associação de Transporte de Cargas de Santa Fé (Auccar) ratificaram sua reivindicação para reverter a escassez de combustível na Argentina. Eles alertaram que a crise continua a aumentar e está começando a afetar produtos essenciais, como alimentos e bebidas.
Fechamentos de estradas
Houve manifestações com fechamento total na rodovia Buenos Aires-Rosário, na rodovia Rosário-Santa Fé, no acesso norte à cidade de San Lorenzo, no cruzamento da Rota Nacional 11 e da Rota Provincial 91 em Santa Fe, e na a interseção do RN11 e do RP10.
Nos portos de Gran Rosário, principal polo agroexportador do mundo, entraram apenas 686 caminhões quando a média desta época é de 3.500. Esta é a alta temporada de embarques, com a safra de soja e milho em fase final e em um ano de embarques recordes em valor.
De acordo com um relatório recente da Bolsa de Valores de Rosário, nos primeiros quatro meses do ano o setor de oleaginosas e grãos atingiu um recorde de US$ 12.053 milhões, US$ 1.368 milhões a mais que no ano passado e US$ 4.454 milhões a mais que a média dos últimos cinco anos.
Em Entre Ríos
Em Concórdia, Entre Ríos, houve uma assembleia de transportadores para reclamar da falta de diesel e do aumento dos custos para desenvolver a atividade. Resolveram o bloqueio da autoestrada 14 que, por enquanto, só vai ocorrer com a colocação de pneus incendiados na mão que vai de norte a sul da província.
Em outras partes do país, cresce o mal-estar das transportadoras com o fracasso das negociações que distanciam a possibilidade de solução do conflito.
As transportadoras auto-organizadas sustentam que a sua situação é “como a do país, com muita instabilidade e incerteza. E a isso devemos acrescentar que o Governo não nos ajuda.”
Em Buenos Aires
No distrito de San Nicolás, Buenos Aires, a venda de diesel está restrita a entre 100 e 150 litros por caminhão ao preço de US$ 170. Os caminhoneiros cobram uma taxa de US$ 120 por quilômetro, então as contas não fecham.
Asseguram que há muito que trabalham com prejuízo e que o Governo lhes promete coisas que depois não cumpre.
A Sociedade Rural, o Grupo Independência e a Associação Argentina de Produtores Agropecuários têm apoiado as reivindicações dos transportadores.
Em Santa Fé
Em Santa Fé, no cruzamento das vias 10 e 11, havia outro ponto de concentração. É um lugar chave, pois liga o acesso aos portos de exportação de Timbúes, San Lorenzo e San Martín, onde o impacto do protesto foi sentido com uma baixa entrada de caminhões.
Em Córdoba
Em Villa María, Córdoba, as estações de serviço carregam apenas 25 litros por caminhão, a um custo entre 4.000 e 4.500 pesos. Como exceção, para clientes regulares, algumas papelarias podem vender 100 litros, o que ainda não é suficiente.
Uma viagem de Villa María aos portos de Rosário tem um custo de 124.000 pesos, dos quais 40.000 correspondem ao custo do combustível, e depois devem ser deduzidos outros que recentemente registraram aumentos significativos.
Para já, a medida de força das autoconvocadas transportadoras é por tempo indeterminado e aprofundada ao longo do dia em várias regiões do país. O conflito não encontrou solução e o panorama pode ser complicado considerando que as negociações entre o setor e o Governo falharam.
A reivindicação central é por um fornecimento normal de gasóleo e com os mesmos preços da cidade de Buenos Aires, mas também há uma posição crescente para acordar uma atualização da tarifa em momentos de aumento de custos que impactam a rentabilidade e competitividade do transporte de cargas.
1 Comentário
Olhem bem essa noticia!!! Se a esquerda ganhar as eleições no Brasil teremos escassez, retenciones, hiperinflação, aumento de tributos, juros altos e miséria!