Armazenagem de grãos será debatida em encontro internacional

Somente no Brasil, os produtores vêm obtendo recordes de produção a cada safra, sem que haja investimentos na mesma proproção no pós-colheita.

O volume mundial de grãos vem aumentando significativamente e a estrutura de armazenagem não vem acompanhando esse crescimento. Somente no Brasil, os produtores vêm obtendo recordes de produção a cada safra, sem que haja investimentos na mesma proproção no pós-colheita. Com a globalização, as transações comerciais são feitas em tempo real e exigem uma logística cada vez mais entrosada.

Este é o cenário que vai orientar os debates na 9ª Conferência Internacional de Proteção de Produtos Armazenados, que acontece de 15 a 18 de outubro, em Campinas, SP. O evento já conta com a participação de representantes de 35 países.

Os principais entraves para o escoamento da safra, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), estão concentrados em três pontos: armazenagem – estradas – portos. O último levantamento sobre perdas na pós-colheita, realizado pelo governo federal há mais de dez anos, mostrava um prejuízo de 1,34 bilhão de dólares por ano. A atualização dos dados está sendo efetuada pela CONAB e deverá ser um dos destaques da Conferência.

Atualmente, a capacidade estática brasileira de armazenagem está em 114,4 milhões de toneladas, para guardar uma safra que ultrapassa os 120 milhões de toneladas. A distribuição dos armazéns no Brasil (CONAB, 2006) está 50% na zona urbana, 32% na zona rural (grandes estruturas, cooperativas e outros), 13% fazendas (de propriedades) e 5% portuária. Somente em relação à capacidade de armazenagem na propriedade, quando compara-se o Brasil (13%) a países como a Argentina (35%) e EUA (65%) é possível dimensionar o tamanho do problema na safra de grãos.

Na logística, o país conta com uma malha ferroviária construída há mais de 100 anos, controlada pela indústria de minérios. Nas rodovias, a situação é ainda mais difícil, com a falta de recursos para manutenção. Contudo, o Brasil oferece condições naturais para o transporte aquaviário que precisam ser melhor aproveitadas. A avaliação é do representante do Ministério dos Transportes, Edison Vianna. Ele argumenta que, apesar do aumento do tráfego em época de safra, não há colapso nos portos brasileiros.

– As perdas na soja desde a entrada do caminhão até a translocação na moega não ultrapassa 1% no maior porto brasileiro, que é o Porto de Santos – esclarece Vianna.

Para o assessor da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), Roberto Machado, a redução da disponibilidade de recursos é uma realidade. Segundo ele, na década de 80, foram investidos 20 bilhões de dólares na safra brasileira, que atingia 50 milhões de toneladas; hoje são investidos 6 bilhões de dólares, para subsidiar uma safra superior a 100 milhões de toneladas.

– A criação de títulos de mercadorias evita a circulação dos produtos, reduzindo perdas até chegar à comercialização. A negociação ficou limitada ao papel – explica Machado.

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