Armazenar faz a diferença
Pós-colheita é um gargalo importante na produção de arroz.
Os orizicultores do sul do Brasil estão entre os mais tecnificados e eficientes do mundo e dominam cada vez mais o processo de produção. Enquanto o manejo da lavoura melhora de maneira evidente, a pós-colheita, no entanto, permanece como um gargalo para a qualidade do produto final e torna-se um fator de custo adicional se mal procedido. Muitas vezes, e isso vale para todo o Brasil, o produtor acaba repassando, com alto custo, esse serviço para a indústria ou cooperativa, perdendo o controle sobre o produto e pagando um alto custo pelo chamado “arroz em depósito”.
O vice-presidente de mercados, política agrícola e armazenagem da Federarroz, Marco Aurélio Marques Tavares, afirma que produzindo 57% do arroz nacional, e com alta qualidade, o Rio Grande do Sul tem na armazenagem em âmbito de produtor um dos maiores gargalos na comercialização do cereal. Concorre para o baixo volume de grãos armazenados na propriedade o direcionamento dos investimentos do produtor, que prioriza quase que exclusivamente a produção, em detrimento das atividades de pós-colheita, que são vitais para uma boa comercialização.
Segundo Tavares, essa situação de certa forma apresenta como justificativa o fato de grande parte da área cultivada com arroz no estado (60,3%) ser arrendada, enquanto a posse da terra representa apenas 39,7% do total da área plantada. Os dados são do Censo do Irga 2005. “Armazenar na propriedade, independentemente do porte, é uma prática que traz inúmeras vantagens”, afirma o dirigente da Federarroz. Cita como exemplos a redução dos custos de transporte, de frete; a comercialização do produto na entressafra, permitindo melhor remuneração; o aproveitamento dos resíduos da pré-limpeza e principalmente permite agregar qualidade ao produto, desde que ocorra uma gestão adequada e eficiente da secagem e armazenagem do grão. “As vantagens compensam o investimento”, explica. Uma solução para bancar esses investimentos seria buscar as linhas de crédito hoje disponibilizadas, através do Moderinfra, com taxas de 6,75% ao ano. Embora necessitasse de uma carência maior, abrem as portas para investimento na armazenagem na propriedade.
"A principal vantagem de armazenar na propriedade é que o produtor é efetivamente o dono do seu produto, influenciando diretamente a gestão da sua comercialização”.
Marco Aurélio Marques Tavares, vice-presidente de mercados, política agrícola e armazenagem da Federarroz