Arroz 40% mais caro

Preço do cereal assusta o mato-grossense. Mas, o pior ainda está por vir, pois há tendência de alta para os próximos meses.

Insubstituível na mesa do mato-grossense e prato principal na maioria das refeições, o arroz está a cada dia pesando mais no orçamento doméstico. Um rápido passeio pelas gôndolas dos supermercados de Cuiabá mostra que o produto teve um aumento de pelo menos 40% num curto espaço de 20 dias.

Embora o ministro da Agricultura, Reinold Stephanes tenha afirmado recentemente que os alimentos não vão subir de preço as donas-de-casa devem ficar atentas porque a tendência da relação oferta e demanda é trazer novas altas ao bolso dos consumidores em poucos meses.

Essa alta é observada mês a mês, porém incrementada nas últimas semanas e leva em consideração o valor de R$ 5,19, que foi o menor encontrado pelo Diário no varejo em abril e o compara com preços registrados ontem, onde o pacote de cinco quilos mais em conta passou a R$ 7,49.

Quem não abre mão do arroz nas refeições tem poucas opções de preços nos supermercados, já que a diferença é bem pequena de uma loja para outra.

O produto mais barato custa R$ 7,40 o pacote com cinco quilos, e o mais caro R$ 10,99 e, entre as marcas mais conhecidas como Tio Urbano, Tio João e Tio Ico os preços variam entre R$ 8,99 e R$ 10,49. Alimento indispensável pelas donas-de-casa, o arroz ainda está na lista de compras da maioria delas. É o caso de Neuraci Alves da Silva, moradora da área central da cidade.

– Somos cinco pessoas em casa, não dá pra reduzir a compra do arroz, ele não tem como ser substituído, então temos de optar por uma marca mais barata – diz.

A vendedora Marineuza Rodrigues da Silva, não abre mão da marca que sempre consumiu, mesmo com o preço mais alto.

– Ainda estou comprando a mesma quantidade e da mesma marca. Acaba pesando no orçamento, mas não temos como substituir o arroz – revela.

IMPACTO – A alta do arroz, de acordo com o gerente da rede de supermercados Atacadão, Wlamir dos Anjos, foi de 40% e decorre entre outras coisas da redução da área plantada em Mato Grosso. Com isso há necessidade de comprar o produto de outros estados, o que implica em pagamento de frete e imposto, valores que acabam por ser repassados no preço oferecido ao consumidor.

Wlamir destaca que não há riscos do produto vir a faltar nas prateleiras, mas avisa que novos aumentos devem ocorrer já que o que está hoje à disposição do consumidor faz parte de estoques remanescentes no país. Quando esses estoques acabarem, o produto a ser reposto terá seu preço majorado.

– Por enquanto, há uma parada nos preços, mas os aumentos não foram todos repassados, então teremos novas altas – afirma.

Para o superintendente regional da Conab, Ovídio Miranda, o aumento no preço do arroz não é uma questão ligada apenas à oferta. Segundo ele, a oferta e demanda do produto são enxutas atualmente, lembrando que o país tem um suprimento de 14 milhões de toneladas e consumo em 13 milhões de toneladas.

Mato Grosso terá na atual safra produção de 650 mil toneladas e o consumo é da ordem de 250 mil toneladas. “Há um excedente de 400 mil toneladas, mas embora ela seja suficiente para o consumidor ainda não atende à capacidade total da indústria”, diz Ovídio.

Outra questão destacada pelo superintendente da Conab diz respeito à redução da área plantada no Estado.

– Em 2005 a produção foi de dois milhões de toneladas, agora, na última safra foi de apenas 650 mil, a redução da área plantada foi bastante significativa – revela.

A inexistência do plantador profissional de arroz em Mato Grosso, como ocorre no Sul do país, é outro fator que reduz a produção, de acordo com Ovídio Miranda.

– Aqui não temos quem viva exclusivamente da plantação de arroz como no Sul. Quem planta arroz em Mato Grosso só o faz seguindo a tendência do cenário agro-econômico. É necessário se definir se vamos ou não produzir arroz e quanto será produzido – diz.

Quando o Estado produziu mais de dois milhões de toneladas de arroz, além de ocupar o segundo lugar na produção nacional do cereal, era possível encontrar nas gôndolas, arroz tipo 1 (5kg), abaixo de R$ 5,99.

ALTA – Ovídio Miranda também confirma a tendência de alta no preço do arroz. Segundo ele, técnicos da Conab apontam que o produto ainda sofrerá reajuste de preço. Depois, porém, tende a se estabilizar, em função do suprimento suficiente para 2008 e do excedente dos países asiáticos e dos EUA.

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