Arroz: a hora é agora

Autoria: Tarso Francisco Pires Teixeira*.

Ontem, Farsul, Federarroz e entidades representativas do setor orizícola realizaram uma das maiores mobilizações do segmento em toda sua história. Mais de seis mil produtores estiveram em Uruguaiana, a Sentinela da Fronteira, para protestar e planejar rumos diante de uma das mais agudas crises da história da produção de arroz no Rio Grande do Sul. Nunca, em tempo algum de nossa história recente, a lavoura arrozeira passou por um período com tão intenso endividamento, dificuldades de comercialização e concorrência desleal com os países do Mercosul.

Todos os produtores rurais já estão extenuados de saber os efeitos danosos desta crise na descapitalização dos produtores, obrigados a vender seu produto a um valor muito aquém do seu custo real de produção, o que além de contribuir pra arruinar os produtores, fere a política de preços determinada em lei pelo Estatuto da Terra. Tudo isso já seria extremamente difícil sem as facilidades com que é regalado o arroz da Argentina e do Uruguai, que ingressa no mercado local com uma carga tributária muito menor e exigências sanitárias bem menos rígidas que as do arroz nacional, que tem mais de 80% de sua origem no Rio Grande do Sul.

Fala-se que o Rio Grande do Sul vive, no âmbito político, um momento histórico, com pleno alinhamento ideológico entre os governos federal e estadual. Este detalhe, é bom que se diga, foi vendido à opinião pública como panaceia para todos os males e atrasos de que padecia a economia gaúcha. Entretanto, desde a visita do ministro Wagner Rossi à Expodireto, o tão anunciado “pacote de medidas” para o setor continua até agora sendo uma bela carta de intenções. Desde então, apenas um único leilão PEP foi realizado, nem de longe atingindo as expectativas geradas.

Nesta semana mesmo, os jornais estão cheios de reportagens sobre o contencioso diplomático com a Argentina, onde se discutem barreiras sobre o comércio de automóveis! Ora, a crise com o setor do arroz é muito mais antiga, mas não foi suficiente para despertar a ação de governo como se vê neste caso, em que o problema atinge diretamente a indústria. Seria um problema de preconceito, de visão distorcida mesmo, em relação ao peso do agronegócio para o País?

O próprio governador do Estado elegeu-se em primeiro turno com a promessa da retomada do desenvolvimento da Fronteira-Oeste e Metade Sul, criando inclusive uma pasta para a região, e também usou os microfones da abertura da colheita do arroz de 2011 em Camaquã para garantir empenho na resolução dos gargalos do arroz. Até o presente momento, sua estreita sintonia com o governo federal está mantida, ou seja: tanto um quanto outro permanecem em um constrangedor silêncio de iniciativas concretas.

Se estes governos querem, de fato, promover o desenvolvimento integrado da Metade Sul, a hora para os governos agirem é agora. Tomara que haja da parte dos inquilinos da Alvorada e do Piratini, sensibilidade para apreender o momento histórico vivido.

* Vice-presidente da Farsul

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