Arroz brasileiro na vitrina internacional

 Arroz brasileiro na vitrina internacional

Lavoura cubana: brasileiros conheceram rotina tecnológica

País marca presença em eventos internacionais .

A crise mundial dos alimentos está abrindo os olhos do mercado externo para a produção de arroz nos países do Mercosul. Neste cenário o Brasil, ao lado do Uruguai e da Argentina, volta a ocupar posição de destaque – e de influência – no âmbito das discussões internacionais. Foi o que ocorreu no 4th Rice Trade Outlook, realizado nos dias 25 e 26 de junho em Lisboa. O evento organizado pelo International Business Communication (IBC) Brasil e pelo instituto Agra Informa, de Londres, para discutir a produção mundial de arroz, tinha como foco os mercados asiático, africano e europeu. Mas foi a América Latina que concentrou as maiores atenções. 

Pela primeira vez um brasileiro participou do evento como palestrante, ao lado de alguns dos principais analistas de mercado internacionais. 

O mestre em Agronegócios e analista de mercado do Irga, Tiago Sarmento Barata, apresentou um panorama sobre a produção na América Latina, destacando a potencialidade do Mercosul como um importante player no mercado mundial. “É importante que o Brasil se mostre mais, que haja um trabalho de exposição do arroz brasileiro no mercado internacional. Eles precisam reconhecer o produto porque a capacidade de ofertar volumes maiores o país tem de sobra”, avalia Barata.
De acordo com o analista, o Mercosul tornou-se foco da demanda mundial porque é a única região que colhe uma safra com excedentes. Segundo Barata, o que ainda falta, principalmente no caso do Brasil, é um trabalho de marketing e uma participação mais efetiva nos eventos internacionais ligados à alimentação. “O arroz brasileiro precisa ter mais visibilidade no mercado internacional e aumentar sua participação como vendedor porque qualidade nós temos”. 

O 4th Rice Trade Outlook contou ainda com a participação do analista sênior do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), Nathan Childs, e da analista sênior de mercado da FAO, Concepción Calpe. Durante o encontro, palestrantes de alguns dos principais players do mundo, como Tailândia, China, Vietnã e Indonésia, apresentaram um panorama do mercado de seus respectivos países, buscando traçar perspectivas para os próximos anos.

 

A hora e a vez do Mercosul

A participação de um palestrante brasileiro no 4th Rice Trade Outlook evidencia que o Brasil, assim como Uruguai e Argentina, está atraindo as atenções dos grandes players mundiais de arroz. Com a retração da oferta dos principais exportadores de arroz no mundo, o Mercosul começa a se destacar como importante alternativa para abastecer as demandas principalmente dos países europeus, africanos e do Oriente Médio.

Juntos, o Brasil, Uruguai e Argentina têm potencial de ampliar a sua participação no mercado internacional de arroz. Basta o mundo conhecer a qualidade do arroz produzido no Mercosul para se tornar mercado cativo do nosso produto.

Com a participação dos principais analistas de mercado de arroz do mundo, o grande tema de discussão foi a forte valorização dos preços do cereal no mercado internacional. Foi consenso entre os palestrantes que a alta dos preços foi conseqüência de uma série de fatores em conjunto, mas que o principal motivo foi um movimento especulativo por parte de alguns países exportadores. Cerca de 80% das vendas no mercado internacional de arroz estão na mão de apenas cinco países. Basta um deles retrair a oferta para os preços reagirem com forte alta. E foi isso o que aconteceu.

O mestre em Agronegócios e analista de mercado do Irga, Tiago Sarmento Barata, foi o único palestrante brasileiro no 4th Rice Trade Outlook, realizado em Lisboa.

 

Encontro internacional em Cuba

O Brasil também esteve presente no 4º Encuentro Internacional Del Arroz, realizado em Havana (Cuba) entre os dias 2 e 6 de junho. O simpósio teve como tema a qualidade do arroz no cenário industrial e comercial. Os painéis buscaram traçar uma visão geral sobre o setor no contexto mundial, com uma pro-gramação voltada a aspectos da lavoura como tecnologia e indústria, além de algumas questões na área do comércio. 

A delegação brasileira contou com 30 participantes, incluindo três palestrantes: o consultor do Irga e articulista de Planeta Arroz Gilberto Wageck Amato, o economista e pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão Carlos Magri e a pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) Úrsula Lanfer-Marquez. 

Amato apresentou o painel “Escenario del arroz parbolizado en Brasil”, onde destacou a importância do arroz parboilizado para a saúde e para a economia do país. “Os números da produção brasileira são bastante conhecidos, mas pouco ainda se sabe sobre essa classe de cereal”, observa. Atualmente, Cuba consome 660 mil toneladas de arroz e produz não mais do que 100 mil toneladas. O consumo é exclusivamente de arroz branco. 

Amato explica que o consumo de arroz parboilizado é muito pequeno e quase todo destinado à alimentação de doentes hospitalizados e crianças. Segundo ele, a parboilização ainda encontra resistência naquele país, inclusive de ordem cultural, pelo fato de a palavra ter origem no termo inglês “parboiled rice”. O encontro é tradicionalmente realizado em Cuba, que já programou sua quinta edição em 2010.

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