Arroz brasileiro precisa reduzir concorrência no Mercosul

O presidente da Federarroz, Valter Pötter, apresentou três alternativas de caminhos a serem seguidos na busca da diminuição dos prejuízos dos produtores: a abertura comercial total do Mercosul, a criação de um fundo de compensação garantindo benefícios aos produtores agrícolas e a fixação de um preço mínimo.

Com as propostas de livre comércio com o Mercosul e da criação de um fundo de compensação para setores sensíveis à concorrência com os países vizinhos, lideranças do setor orizícola encerraram ontem a Audiência Pública na Comissão Mista do Mercosul e Assuntos Internacionais na Assembléia Legislativa, que debateu as desigulades sociais no âmbito do bloco.

O presidente da Federarroz, Valter Pötter, apresentou três alternativas de caminhos a serem seguidos na busca da diminuição dos prejuízos dos produtores: a abertura comercial total do Mercosul, a criação de um fundo de compensação garantindo benefícios aos produtores agrícolas e a fixação de um preço mínimo.

– Temos hoje um prejuízo acumulado no valor de R$ 2,2 bilhões – alertou Pötter.

Esse seria o montante que Valter Pötter sugere que
que seja barganhado para o fundo de compensação.
De acordo com o dirigente, é necessário que os produtores brasileiros tenham acesso aos meios de produção argentinos e uruguaios com custos mais competitivos, a exemplo do que fazem os dois países em relação ao Brasil.

– Os produtos dos vizinhos deveriam entrar livremente no País, da mesma forma como nossos produtos circulam lá fora. Queremos competir de igual para igual – declarou Pötter.

Tal demanda se deve ao fato de que os custos de produção argentinos serem 45% mais baixos do que os registrados no Brasil e no Uruguai, são 35% mais baixos.

– Eles compram óleo diesel mais barato, implementos e insumos mais baratos, além das nossas máquinas agrícolas, que chegam do outro lado da fronteira custando 30% menos – afirmou o presidente do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), Maurício Fischer.

Segundo ele, é necessário que o governo brasileiro estabeleça mecanismos de compensação no que diz respeito às taxas de juros e aos impostos.

– Os produtores platinos pagam juros mais baixos e contam com uma série de incentivos para exportação – acrescentou Fischer.

Em sua participação na audiência, Pötter fez uma apresentação do passado, presente e futuro do setor orizícola. Para dar uma noção do aumento da entrada do arroz produzido pelos vizinhos do Mercosul em território brasileiro, ele apontou uma série de números que indica um salto de importação de 200 mil toneladas por ano, antes da implantação do Mercosul, para uma média por safra de 1 milhão de toneladas.

– Além disso, enquanto eles mais do que dobravam a área, nós crescemos apenas 30% em produção .

Ele diz que, se nenhuma medida for tomada, o futuro para o setor será de acúmulo de prejuízos e o possível abandono da lavoura. As propostas apresentadas pelos arrozeiros serão encaminhadas para a reunião do Parlamento do Mercosul, prevista para acontecer na próxima semana, na capital uruguaia.

Conforme o deputado Rossano Gonçalves (PDT), presidente da Comissão, o próximo passo é procurar a Comissão de Agricultura para propor uma audiência conjunta em ministérios ligados ao tema.

– Queremos fazer um grande movimento de qualidade para tentarmos corrigir as desigualdades. Temos que buscar resolver internamente o problema com o Mercosul – disse.

O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), Elton Weber, lembrou as desigualdades sofridas também pelos produtores de cebola e de vinho.

No próximo dia 25 haverá um encontro em Montevidéo para tratar do assunto com as entidades do Mercosul.

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