Arroz concentrado

 Arroz concentrado

Barata: produção concentrada requer inteligência de escoamento

Com 60% da oferta nacional de arroz, o RS determina preços.

Enquanto muitos produtores ainda justificam a expectativa de preços melhores em razão de uma quebra de 15,5% (ou 1,2 milhão de toneladas) na safra gaúcha, segundo levantamento do Irga, a safra 2009/10 foi uma das quatro maiores já realizadas, com 6,8 milhões de toneladas. Essa relação ajuda a compor o cenário conjuntural de mercado, segundo o analista de arroz Tiago Sarmento Barata, da Agrotendências Consultoria. “Hoje, apesar de uma condição nacional deficitária para o abastecimento da demanda doméstica, o estado do Rio Grande do Sul é superavitário, em que pese a quebra elevada, e precisa escoar para outros estados e países a sua produção”, explica.

Quando se fala em abastecimento dos demais estados da União, há uma concorrência direta por preços com a oferta dos outros países do Mercosul. “É correto dizer que a produção gaúcha de arroz supre aproximadamente 60% da demanda brasileira do cereal”, assegura Barata. “O fato é que a lavoura gaúcha produz um volume suficiente para suprir tal parcela da demanda, mas não há garantia nenhuma de acesso a esse mercado”, acrescenta.

Ainda segundo o analista da Agrotendências, atualmente o abastecimento do Sudeste brasileiro, por exemplo, é feito prioritariamente pelo produto que chegar com preços mais competitivos ao Porto de Santos ou Rio de Janeiro. “Nesse ponto, o arroz gaúcho perde o mercado para o produto uruguaio, argentino e paraguaio”, revela.

Neste sentido, fica evidente que a recuperação da sustentabilidade econômica da cadeia produtiva de arroz do Rio Grande do Sul depende de um esforço em proporcionar o escoamento, a exportação, seja para outros estados ou outros países. “Qualquer forma de intervenção com objetivo distinto ao de facilitar o escoamento do produto do Rio Grande do Sul terá resultados limitados em curto prazo e as consequências em médio ou longo prazos poderão ser danosas ao mercado”, sentencia Tiago Sarmento Barata.

PRECISÃO
Ainda de acordo com o analista, se por um lado a retração da oferta por parte do produtor é vista como a melhor estratégia para conduzir os preços a patamares mais elevados, esta conduta, por outro lado, pode ser arriscada e exige uma coordenação com a máxima precisão. “A recuperação dos preços sem a realização de negócios não beneficia os produtores porque não há comercialização. Além disso, diante da escassez da oferta de matéria-prima, a indústria buscará alternativas de abastecimento, viabilizando o ingresso do cereal estrangeiro e justificando futuras ofertas de arroz público em leilões de venda”, comenta. Assim, ele considera importante que a restrição da oferta não seja total, que haja um abastecimento constante, por menor que seja, mas que mantenha a participação do cereal gaúcho no mercado.

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