Arroz concentrado
CDO: 11 empresas processam 50,29% do arroz gaúcho
Um grupo formado por 11 empresas, com 18 unidades industriais, é responsável pelo beneficiamento de 50,29% do arroz gaúcho, segundo estatísticas divulgadas pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) referentes ao exercício de 2023. Processaram, juntas, 2.877.302 toneladas de arroz. As 21 maiores empresas chegam a 65% do processamento, enquanto a taxa é de 80% do beneficiamento, concentrado em 40 empresas, que somam 53 unidades de beneficiamento.
A pesquisa do Irga, baseada na taxa de Cooperação e Defesa da Orizicultura (CDO), registrou 137 empresas em atividade, que somaram 157 unidades fabris. No total, foram transformados 114.444.696 sacos de 50 quilos – ou 5.722.235 toneladas.
Portanto, outras 97 empresas, e 104 unidades industriais, representam apenas 20% da transformação do cereal em casca para branco, integral ou parboilizado, ou demais formatos de consumo, do arroz gaúcho. O ranking mantém a Camil isolada, e distante na liderança, com suas quatro unidades, com 15,48% do volume beneficiado – ou 886 mil toneladas, mas indica uma aproximação gradual da segunda colocada, a Josapar, com duas unidades, que somou 10,09% de participação e 557,4 mil toneladas descascadas e elaboradas em suas plantas. Em 2022, a Camil tinha 17,78% de participação e, em 2021, eram 19,08%. A Josapar, por sua vez, vinha com 7,90% e 7,62%, respectivamente.
Na terceira posição há mudança. A Pirahy Alimentos (3,79%) recuperou o posto que havia perdido em 2022 para a Arrozeira Pelotas, que agora ocupa a quarta colocação em volume de grãos processados, com 3,44%. Tradicional exportadora, a empresa pelotense, que passou também a operar com soja em 2023, parece ter se ressentido das oscilações de humor do mercado internacional do arroz beneficiado. Custos de frete e elevação dos preços do grão nacional afetaram diversas empresas dentre as líderes que costumam ter boa fatia de seus produtos direcionados ao comércio global.
Urbano e Cotrisel se mantiveram em 5ª e 6ª posição, mas a sétima posição foi tomada por uma das empresas que mais cresce em participação, segundo o ranking da CDO/Irga: o Engenho A.M, de Eldorado do Sul, que foi o 8º em 2022, 11º em 2021 e eram o 14º em 2018. A empresa transformou 2,97 milhões de sacas e já alcança 2,6% de participação nos processamentos da indústria gaúcha de arroz. Com isso, desbancou a Pilecco Nobre, agora 8ª maior do RS. A Dickow, de Agudo, avançou para nona posição, superando a Cooperja, de Santo Antônio da Patrulha, a primeira cooperativa no ranking, que agora é a 10ª. Para fechar os 50,29% de industrialização do arroz, soma-se a São João Alimentos, em 11º lugar.
Fique de olho
Oito empresas deixaram de operar em 2023, contra três de 2022. Portanto, em dois anos, são 11 as beneficiadoras de arroz que, ou foram incorporadas por outras firmas, ou encerraram as atividades. O levantamento do Irga também mostra que seis empresas transformaram menos de seis mil sacas, com margem inferior a 0,01% de participação no volume estadual.
Questão tributária
Para as entidades industriais do arroz do Rio Grande do Sul, a redução no número de empresas é um fenômeno que tem como uma das causas principais a pesada carga tributária, que retira a competitividade do produto e das empresas gaúchas. O ICMS cobrado do arroz gaúcho está entre os mais altos do país e, como representa até 4% do total arrecadado pelo Estado, tem sido muito difícil sensibilizar os governantes no sentido de equalizar a relação entre os valores arrecadados e a competitividade.
A situação, em 2024, poderia ter ficado pior. O governador Eduardo Leite chegou a retirar as isenções existentes sobre os produtos da cesta básica, entre eles, o arroz. Isso elevaria o ICMS incidente sobre as operações com o grão de 4% para 7% para alguns destinos e de 7% para 12% para outros destinos. Valeu apenas por um mês, uma vez que a tragédia climática de maio fez o governador voltar atrás na sua intenção.
“O imposto maior aqui abre caminho para as importações em condições com as quais não conseguimos competir, criadas pelo desequilíbrio nas relações fiscais entre as unidades federativas”, explicou Carlos Eduardo Nunes, presidente do Sindicato da Indústria do Arroz no Estado do Rio Grande do Sul (Sindarroz-RS). Há uma brecha na lei que permitiria ao RS reduzir para 1% o ICMS incidente sobre o arroz, com um “copia e cola” de legislação do Paraná, mas o governo gaúcho sequer responde aos pedidos das entidades setoriais.
Processamento aumentou
O volume de arroz beneficiado em 2023 aumentou 3,2% no Rio Grande do Sul, totalizando 177,1 mil toneladas a mais do que em 2022. Parte desse volume se deve ao processamento de estoques remanescentes de 2022 e 2021, durante a pandemia, quando as safras foram significativamente maiores no estado. Os dados da CDO demonstram que a indústria gaúcha, mesmo mais concentrada no número de empresas, mas maior em unidades, conseguiu reduzir a sua taxa de ociosidade, processando 79% do que produziu. Nos três anos registrados anteriormente, a média ficava abaixo de 70%.