Arroz de sequeiro de 7 mil anos, cultivado como erva daninha, pode atenuar crise alimentar

 Arroz de sequeiro de 7 mil anos, cultivado como erva daninha, pode atenuar crise alimentar

Arroz de montanha cultivado em um deserto na cidade de Karamay, região autônoma de Xinjiang Uygur, no noroeste da China

O chamado arroz de montanha tem sido plantado em áreas desérticas e despertou interesse de países em que a crise alimentar é séria.

Uma variedade de arroz de 7.000 anos, considerada até pouco tempo como erva daninha, descoberta na China, foi transformada em colheita comercial que pode ser plantada no deserto, e tem potencial para ajudar a resolver crises alimentares em regiões e países com clima seco.

O arroz sequeiro, também conhecido como arroz de terras altas ou de montanha, atraiu a atenção de alguns países africanos e asiáticos, mesmo durante o período experimental de plantio.

Alguns países estrangeiros, como Cazaquistão, África do Sul, Tanzânia e Zâmbia, enviaram pessoal para visitar os desenvolvedores da planta com o objetivo de introduzir tecnologias de plantio de arroz seco em seus países, disse Peng Guowei, o desenvolvedor da cultivar.

Como oitavo maior deserto da China, o deserto de Ulan Buh, na Região Autônoma da Mongólia Interior, no norte da China, está em uma área de mais de um milhão de hectares. Em junho, 347 hectares foram semeados com a variedade em ação experimental.

Diferente das variedades comuns que crescem em lâmina de água e solos encharcados, o sequeiro cresce em terra seca e produz arroz com muito menos água necessária.

O cultivo comercial atual é de uma variedade que existe na China há mais de 7.000 anos, que foi tratada como erva daninha até que Peng Guowei, professor de Agronomia, o encontrou entre outras ervas daninhas no platô de Loess, na província de Shaanxi, no noroeste da China, em 2011.

Depois de melhorar a variedade através da combinação de melhoramento molecular com reprodução híbrida, o arroz selvagem das terras elevadas melhorou muito em sabor e rendimento.

Em 2015, Peng iniciou um teste de plantio em um deserto na cidade de Karamay, na região autônoma de Xinjiang Uygur, no noroeste da China.

Diferentemente do arroz irrigado, a variedade de sequeiro pode ser plantado diretamente com uma plantadeira, sem necessitar o transplante de mudas, o que economiza tempo e trabalho.

As novas variedades são indistinguíveis do cultivo regular de arroz em campo úmido, enquanto consome apenas um quarto da água necessária. "Um mu de arroz seco consome 350 metros cúbicos de água, enquanto o arroz regular precisa de 1.200 metros cúbicos", disse o pesquisador. O mu é uma medida chinesa que corresponde a 0,066 hectare.

Potencial enorme

No laboratório de Karamay, Peng e sua equipe criaram sementes para diferentes regiões e climas.

"Ele pode ser plantado em todo o país, da província de Hainan, no sul da China, à província de Heilongjiang, no nordeste da China, e desempenhará um papel na revitalização rural e na erradicação da pobreza", disse Peng. "Comparado com as culturas tradicionais, como milho e soja, um mu de arroz trará aos agricultores mais de 1.200 yuans (US$ 172) em receita", acrescentou.

Além de seus grãos, o caule da planta também traz benefícios econômicos aos pastores e agricultores. "Os caules contêm nutrição igual aos caules de milho, e um mu é capaz de sustentar cinco ovelhas por quatro meses, o que é uma renda extra para os agricultores", apresentou Peng.

A nova variedade está sendo testada em 16 regiões provinciais da China que representam várias altitudes, formas de relevo e climas, entre elas, 1.000 hectares estão desertos na Mongólia Interior e 100 hectares em Xinjiang.

Ele disse que gostaria que o grão de sequeiro e sua tecnologia de plantio fossem espalhados para outros países que sofrem com a escassez de alimentos, uma vez que o projeto seja aprovado pelo governo, pois não apenas mitigará a escassez de alimentos nesses países, mas também economizará recursos hídricos.

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